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Estudante denuncia estupro em moradia da USP, e reitoria apenas muda suspeito de prédio

Yasmin Mendonça relata constrangimento e medo de frequentar as aulas; OUTRO LADO: universidade diz ter adotado escuta e acolhimento

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São Paulo

Uma aluna da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) denunciou ter sofrido um estupro no Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), onde vive, em agosto. O autor seria um vizinho. Em resposta, a reitoria apenas remanejou o suspeito para outro bloco.

Yasmin Mendonça, 20, registrou boletim de ocorrência no 93º DP (Jaguaré). Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso é investigado.

Questionada sobre o tema, a USP disse que "adotou as ações de escuta e acolhimento da vítima e respeita a vontade da estudante para que outras medidas possam ser adotadas".

À Folha, a jovem diz ter sido constrangida ao relatar o caso à assistência social da universidade, ter medo de frequentar as aulas e estar sendo perseguida pelo homem que a atacou, também matriculado na FFLCH.

A imagem mostra um corredor com paredes pintadas de laranja. No fundo, há dois sofás em um tom neutro. Roupas estão penduradas em um varal improvisado ao longo da parede, e a luz entra através de janelas com vidro. O chão é composto por azulejos, alguns dos quais estão danificados.
Corredor no bloco F do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) - Danilo Verpa - 30.ago.2023/Folhapress

Segundo ela, era noite de 19 de agosto quando foi convidada por seu vizinho para tomar café na cozinha dele. Enquanto conversavam normalmente, diz, ele tentou beijá-la. Yasmin afirma se afastado, enquanto dizia querer apenas a amizade do suspeito.

Ainda assim, ele teria acariciado suas pernas e ombros, abaixado a alça de sua blusa, aberto o sutiã dela. Também teria colocado a boca em seus seios.

Yasmin conta ter corrido rumo ao seu apartamento, trocado de roupa e saído para respirar. Ela diz ter se deparado com o agressor novamente e o confrontado, expondo não ter gostado do que havia ocorrido. Ao tentar voltar para seu dormitório, o suspeito a agarrou e esfregou seu pênis nela, relata.

Nos dias seguintes ao caso, levou a história à sua assistente social na Prip (Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento). A agente respondeu que entraria em contato com a assistente responsável pelo outro morador do Crusp e que ambas falariam com ele.

"A assistente social dele questionou o motivo de eu não ter reagido e disse que o menino não tinha noção do que estava fazendo. Me senti humilhada", diz. O denunciado foi então movido de bloco pela gestão da universidade.

Yasmin afirma tê-lo encontrado no mesmo corredor em que vive por diversas vezes desde o ocorrido e escutado deboches por parte dele.

Temerosa, a jovem se trancou nas últimas semanas, parando de frequentar as aulas. No mesmo período, ela tem buscado apoio de advogados, de coletivos feministas da USP e do Ministério Público de São Paulo.

"Estou cansada, exausta, com medo", desabafa Yasmin. "Preciso ter alguém ao meu lado sempre, estou fugindo, tive que mudar toda a minha rotina após o estupro, e o cara circula livremente por aí."

Outro caso de violência contra a mulher foi registrado na Cidade Universitária em agosto. Uma aluna denunciou uma tentativa de estupro no dia 21. Segundo o boletim de ocorrência, registrado no 91º DP (Ceagesp), a jovem de 23 anos foi agarrada na Praça do Relógio às 19h45 por um homem portando simulacro de pistola. Ela gritou, e o suspeito fugiu.

A polícia encontrou a arma falsa a poucos metros dali e a encaminhou para perícia. O agressor ainda não foi encontrado.

O caso incentivou uma série de protestos sobre a segurança na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste paulistana. Os estudantes reclamam da falta de guardas rondando os espaços e, principalmente, da iluminação precária.

A prefeitura do campus diz estar trocando as lâmpadas, mas haver necessidade de reforma em todo sistema. Enquanto isso não é feito, a solução aplicada será a poda de árvores.

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