Descrição de chapéu queimadas

Fumaça de incêndios afeta escolas, força uso de máscaras na amazônia e ameaça resto do Brasil

Com pouca previsão de chuva, situação não deve mudar, segundo especialista do Cemaden

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São Paulo

O recorde de incêndios na amazônia brasileira em agosto já era anunciado em dados parciais para o mês e agora se confirmou. Com o pior registro desde 2005, os 38.266 focos registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que a rotina de fogo e fumaça deve continuar.

Ainda, o corredor de poluição que circula do Norte e de parte do Centro-Oeste rumo a Sul e Sudeste deve continuar a afetar parte do país da mesma forma, já que deve chover abaixo da média no país entre setembro e novembro.

Nos próximos dias, uma frente fria pode ajudar a reduzir brevemente o calor, mas vai piorar a situação em regiões do Sul e do Sudeste —incluindo São Paulo— antes da sua chegada.

A imagem mostra uma vista aérea de um rio largo com águas de cor marrom-claro. Ao fundo, há uma ponte que se estende sobre o rio, conectando as duas margens. A paisagem é envolta em uma névoa, o que reduz a visibilidade. À direita, é possível ver áreas urbanas e vegetação ao longo da margem do rio.
Fumaça de incêndios sobre a região da ponte Rondon-Roosevelt, o rio Madeira, em Porto Velho (RO) - Evaristo Sá - 21.ago.2024/AFP

Entre os estados do bioma amazônia, segundo o BDQueimadas, do Inpe, a liderança de focos fica com o Pará, com 13.803 registros, seguido por Amazonas, com 10.328 —recorde da série histórica— e Mato Grosso (7.046).

No Amazonas, o município com mais focos de incêndio capturados pelo Inpe é Apuí, no sul do estado, cujos números quase quadruplicaram na comparação com agosto de 2023. A cidade tomou o primeiro lugar de Lábrea, que também viu os números mais que dobrarem —1.959 focos em agosto deste ano contra 867 em 2023).

Os dois municípios estão localizados no sul amazonense, numa região por onde a fumaça dos incêndios passa antes de seguir para o Sul do país, com contribuições de incêndios nos vizinhos Acre e Rondônia, Pará e Mato Grosso e também de países como Bolívia, Paraguai e Argentina.

Por causa da fumaça, o governo do Acre suspendeu a prática de atividades físicas nas escolas até que a qualidade do ar volte à normalidade e recomendou o uso de máscaras. Uma das estações no site Selva, da Universidade do Estado do Amazonas e da Fundação Universitas de Estudos Amazônicos, indicava, por volta das 18h de terça (3), 269,3 microgramas por metro cúbico (µg/m3) de material particulado no ar (PM2,5) em Rio Branco.

Na escala do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a qualidade do ar é péssima, o pior nível, a partir de 125 µg/m3.

Em situação parecida estava a capital de Rondônia, Porto Velho, com uma das estações medindo 215,4 µg/m3 de PM2,5, também no início da noite de terça. A cidade viu os focos de incêndio em agosto, 3 em cada 10 no estado, quase dobrarem na comparação com os registros de 2023.

A imagem mostra uma vista de satélite do Brasil, destacando as diferentes regiões do país. Os estados estão rotulados em amarelo, incluindo Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outros. A imagem apresenta áreas de vegetação, nuvens e uma parte do Oceano Atlântico ao leste.
Coluna de fumaça gerada por incêndios florestais viaja da amazônia a partes do Sul e do Sudeste do Brasil - Reprodução - 3.set.2024/RAMMB/Cira/Noaa

Esse cenário não tende a melhorar neste mês, segundo Marcelo Seluchi, coordenador geral de operações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), já que a chuva prevista para o período de setembro a novembro deve alcançar um volume abaixo da média.

Assim, os dias de fumaça devem continuar em grande parte do país, saindo da amazônia, sendo desviados pela Cordilheira dos Andes e chegando ao Sul e ao Sudeste. "A situação continua a mesma, mas a fumaça vai mais para o Sul ou mais para o Sudeste de acordo com a posição das frentes frias."

Entre esta quarta e a quinta-feira (5), uma frente vai passar pelo Sul e ajudará a "limpar" o ar, mas a alteração na circulação dos ventos antes de sua chegada ao Sudeste deve piorar a qualidade do ar em áreas do Sudeste como São Paulo, que também enfrenta queimadas próprias.

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