Taxa de evasão em cursos on-line chega a 50% e desafia instituições
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Patrícia Golini, 30, analista de comunicação |
Em 2015, a analista de comunicação Patrícia Golini, 30, matriculou-se num curso on-line de gestão de comunicação e marketing na USP. Sua experiência com educação a distância já somava duas tentativas frustradas.
"Tinha começado curso de inglês e de especialização, mas não levei adiante", diz.
Depois de três meses, ela deixou de acompanhar as aulas pelo computador e no fim do primeiro semestre tinha acumulado matérias.
"A solução foi trancar a matrícula, guardar dinheiro e fazer uma pós-graduação presencial." Hoje, ela está a poucos meses de concluir sua especialização.
A experiência de Golini ilustra um dos grandes desafios da educação virtual. Segundo o último censo realizado pela Associação Brasileira de Ensino a Distância, em 2015, a maior fatia das instituições que oferecem cursos regulamentados totalmente on-line apresentam taxas de evasão de até 50%. Nos cursos semipresenciais e presenciais, esse número é de 25%.
Os principais motivos para a desistência dos alunos são falta de tempo, questões financeiras e dificuldade de adaptação à modalidade.
"O Brasil tem problemas de evasão em todos os níveis de ensino e ainda engatinha quando o assunto é EaD", diz Renato Bulcão, conselheiro da Abed e professor da Unip (Universidade Paulista). Segundo ele, países como Canadá e Austrália, referências no assunto, utilizam essa metodologia há mais de 50 anos.
No Brasil, a EaD foi regulamentada pelo Ministério da Educação no fim de 2005.
Carlos Bernardo, professor do curso de Turismo e Hotelaria das faculdades Anhembi Morumbi e Senac, diz acreditar que o estudante brasileiro está se adaptando ao sistema. "Sinto que o interesse de boa parte dos alunos em sala de aula é maior do que o daquele que está atrás do computador. On-line, a adesão a atividades extracurriculares também é menor."
SUPORTE
Para Pedro Regazzo, diretor de EaD do Ibmec, a diferença no perfil do aluno de graduação e de pós-graduação influencia nos índices de evasão. "O jovem que entra na faculdade acabou de sair do ensino médio, está mais acostumado à sala de aula e precisa de mais suporte."
Nas especializações e MBAs, o aluno tem mais facilidade de levar o curso até o fim. "Ele já está no mercado e precisa dessa formação para alavancar a carreira."
No Hospital Israelita Albert Einstein, que oferece cursos de especialização para médicos, enfermeiros e técnicos, a evasão gira em torno de 13%.
"Nossa principal estratégia para diminuir o afastamento do aluno está na metodologia, que tem conteúdo interativo e depende de uma integração entre estudantes e professores", afirma Sandra Oyafuso Kina, gerente de ensino a distância e tecnologia educacional da instituição.
A dificuldade de atrair o estudante para as atividades virtuais não existe apenas em cursos de graduação ou pós. A rede de ensino de inglês Cultura Inglesa utiliza o ambiente virtual como complemento das aulas. A ferramenta só passou a ter uma adesão maior quando começou a ser oferecida em tablets e smartphones.
"Após essa migração, 70% dos alunos começaram a acessar o conteúdo de forma online", diz o gerente acadêmico Vinícius Nobre.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade