Descrição de chapéu polícia federal

Após morte de reitor investigado, UFSC elege novo nome para o cargo 

Interinamente no cargo, Ubaldo Balthazar deve ter o nome submetido a conselho

Campos da Universidade Federal de Santa Catarina; instituição é alvo de operação da Polícia Federal
Campos da Universidade Federal de Santa Catarina; instituição é alvo de operação da Polícia Federal - Divulgação
Luara Loth
Florianópolis

Em segundo turno, realizado nesta quarta-feira (11), o professor Ubaldo Cesar Balthazar, 65, foi eleito o novo reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), com 54% dos votos, vencendo Irineu Manoel de Souza, diretor do Centro Socioeconômico. Balthazar já estava ocupando o cargo interinamente. 

O reitor anterior, Luiz Carlos Cancellier, se matou em outubro de 2017, após ser afastado da função. O MEC então emitiu um comunicado que estabelecia prazos para a convocação de uma consulta pública à comunidade universitária.

Cancellier havia sido preso temporariamente em setembro na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, na qual era investigado por tentar obstruir investigações internas e deixar de tomar medidas para coibir deficiências na fiscalização da aplicação dos recursos no programa de educação à distância. 

O ofício de avocação, no qual Cancellier tentava levar para a reitoria o procedimento de investigação iniciado pela Corregedoria-Geral da UFSC, foi a única prova documental usada pela delegada responsável pela operação, Erika Marena, para justificar o pedido de prisão e afastamento de do ex-reitor.

O nome de Balthazar para novo reitor ainda deve ser submetido ao conselho universitário, que encaminha uma lista tríplice com os três indicados para aprovação do MEC. A vice-reitora, Alacoque Lorenzini Erdmann, continuará no cargo até 2020. 

O reitor eleito afirmou que tomará ações dentro e fora da universidade em relação às investigações sobre as denúncias de irregularidades na educação à distância. Ele disse que acionou a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para intervir no processo judicial. “A OAB entrará como amicus curiae (amigo da corte, em latim), que é um procedimento onde um terceiro pode entrar no processo para acompanhá-lo”.

Internamente, Balthazar entende que uma possível solução para apurar o que de fato aconteceu é o resultado das investigações de uma comissão aprovada pelo conselho universitário ainda em 2017. 

“Em duas semanas, provavelmente, a comissão entregará seu relatório. Eventualmente, nós vamos abrir sindicância para apurar as situações não esclarecidas até hoje em relação à atuação de nossos servidores e professores. Se houver ilegalidades ou ilícitos cometidos, nós vamos apurar evidentemente”, afirmou.

Balthazar mantém o entendimento de que houve abuso de poder na prisão temporária de Luiz Carlos Cancellier em setembro de 2017. “Era um reitor que não era réu em processo algum”, diz.

Luiz Carlos Cancellier durante a sua posse como reitor
Luiz Carlos Cancellier durante a sua posse como reitor - Isabelle Araújo - 06.out.2017/ MEC

UBALDO BALTHAZAR

Nascido em Siderópolis (SC), Ubaldo Cesar Balthazar, 65, ingressou como docente no curso de direito em 1978.

Atualmente, é reitor temporário da UFSC. Foi nomeado para o cargo pelo conselho universitário, em novembro de 2017, por ser o decano, o membro mais velho.

Com o mesmo lema da campanha do ex-reitor, “a UFSC pode mais”, Balthazar foi o candidato apoiado pelos pró-reitores que participaram da gestão de Cancellier, do qual foi vice na direção do Centro de Ciências Jurídicas  (CCJ) entre 2012 e 2016. 

Balthazar chegou a dizer que não participaria do pleito, mas, após uma carta de apoio à sua candidatura, decidiu concorrer à eleição.

No segundo turno, ele venceu entre os professores e estudantes, perdendo para o segundo colocado na categoria dos técnico-administrativos em educação. Balthazar é filiado ao PT e integrante da Maçonaria.
 

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