Descrição de chapéu Educação a distância

Cursos virtuais ensinam a metodologia 'design thinking'

Técnica oriunda de empresas inovadoras ajuda a resolver problemas em várias áreas criativas

Anna Rangel
São Paulo

Antes de chegar ao mercado, um produto ou serviço é testado à exaustão, com o crivo de consumidores potenciais. Falhas são detectadas antes, para reduzir custos futuros de produção.

Essa é a base do design thinking, forma de resolução de problemas criada nas startups de tecnologia. O método virou tema de cursos a distância para profissionais que vão de marketing a direito, de engenharia a recursos humanos.

Durante o processo de design thinking, se o retorno do usuário for negativo, a equipe refaz o item e deixa o consumidor avaliá-lo quantas vezes forem necessárias.

Essa etapa de ajustes é a mais difícil de ensinar aos alunos, diz Aline Cruz, professora de criatividade da pós-graduação a distância em design thinking da Unicesumar.

“Para a maioria, erro significa regressão. Mas, aqui, o aluno terá que se expor e achar respostas em assuntos que não domina”, afirma.

O processo de criação começa muito antes desse retorno, quando a equipe se divide para observar o cotidiano de um pequeno número de consumidores em casa ou no trabalho, método emprestado da antropologia.

O levantamento entra no lugar da pesquisa de mercado tradicional —que oferece dados mais gerais do perfil de uma grande massa.

Mas olhar para as pessoas como números faz com que os gestores não vejam mudanças culturais e de valores, essas, sim, propulsoras de novas ideias, diz Mario Rosa, sócio da Echos, escola especializada em design thinking. “Preciso descobrir o que incomoda o usuário no dia a dia e resolver, em vez de pensar só na solução para vender mais”, diz.

Depois do curso na ESPM, Roberta Crisppi, 46, aprendeu a questionar os problemas levados pelos clientes à sua empresa de pesquisa.

Ao submeter a demanda do cliente à observação pregada pelo design thinking, a coisa muda. “Quando vemos como o consumidor vive, às vezes descobrimos que a questão nem era aquela proposta no início”, diz Roberta.

Para o consultor de recursos humanos Cesar Sanchez, 44, o método, que aprendeu no curso da Echos, ajuda a criar uma cultura de mais colaboração e inovação nas empresas que atende. “A abordagem exige atenção às ideias dos outros. Abrir espaço para colaboração e eventuais erros é útil nas áreas de desenvolvimento de produtos”, afirma.

No Brasil, o primeiro setor a adotar o método foi o financeiro, lembra Luis Alt, fundador da consultoria Livework Studio, que implanta o design thinking em grandes organizações. Hoje, a maioria das financeiras tem áreas de inovação que usam a abordagem.

O design thinking agora cresce nos setores de tecnologia da informação, telecomunicações, farmacêutico, seguros e RH.

As escolas incentivam os alunos a usar o modelo nas empresas onde atuam, explica Marcelo Pimenta, coordenador da extensão em design thinking da ESPM. “É um conceito que se aprende fazendo, não adianta ficar só na videoaula expositiva.” 

Unicesumar – pós-graduação em Negócios em Design Thinking e Criatividade nas Organizações
goo.gl/eMTo5P

ESPM – extensão em Design Thinking 
goo.gl/Y28Q6v

Echos (Escola Design Thinking)
goo.gl/pj5pku

 

O que é design thinking
A metodologia ajuda a acelerar a criação de um produto ou serviço e foi inspirada nos modelos das startups

1ª etapa: entendimento
- Discute-se qual problema o novo produto vai solucionar
- A equipe levanta dados e verifica o que já foi feito para resolver a mesma questão
- Palavras-chave em uma lousa ajudam na livre associação de ideias

2ª etapa: observação
- O grupo faz entrevistas com consumidores e cruza dados com as informações já coletadas na primeira fase
- Falar com potenciais clientes é fundamental para entender suas necessidades e superar o serviço da concorrência

3ª etapa: empatia 
- A equipe cria um cliente fictício, base para pensar o novo produto. Não adianta só colocar idade ou instrução —é preciso saber suas preocupações e frustrações
- Essa fase dá errado se o cliente não for observado em detalhes

4ª etapa: ideação 
- Integrantes da equipe compartilham suas ideias, uma por vez, sem medo de a proposta soar absurda 
- Todos devem ouvir sem criticar e usar as propostas dos colegas em suas sugestões; o líder zela para que a reunião não vire um bate-papo

5ª etapa: prototipagem 
- O grupo cria um protótipo com storyboards (roteiro com desenhos em sequência), maquetes, vídeos stopmotion e encenações 
- O item deve chegar o mais perto possível do que que será vendido para que o cliente possa avaliá-lo direito

6ª etapa: interação 
- O protótipo é apresentado aos possíveis clientes para que eles o testem e deem opiniões. Com base nessas avaliações, o grupo anota o que deu certo e errado, dúvidas e novas ideias
- O feedback é usado para refazer o protótipo

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