Secretária de Educação Básica pede demissão do MEC

Tania Leme de Almeida não foi consultada sobre suspensão de avaliação da alfabetização

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Sala de educação infantil em colégio de São Paulo
Sala de educação infantil em colégio de São Paulo - Adriano Vizoni - 13.nov.18/Folhapress
Brasília

A secretária de Educação Básica, Tania Leme de Almeida, pediu demissão do MEC (Ministério da Educação) após não ter sido consultada sobre a decisão de suspender a avaliação de alfabetização. A saída de Tania, porém, ainda não foi oficializada pelo ministro.

Esta é a quarta baixa no alto escalão da pasta. A publicação da portaria com mudanças no sistema de avaliação, no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (25), foi a gota d'água para o desligamento.

Tania já havia pedido desligamento da pasta na semana passada mas foi convencida pelo ministro Ricardo Vélez Rodríguez a ficar mais tempo.

A repercussão negativa da medida também atingiu Marcus Vinicius Rodrigues, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pelas avaliações. A permanência de Rodrigues só depende agora da Casa Civil, para onde o pedido de desligamento por parte do ministro Ricardo Vélez Rodriguez deve ser encaminhado.

Folha apurou que a relação entre Rodrigues e ministro degringolou. Rodrigues está nas discussões sobre a área da educação do governo desde antes da transição, por indicação dos militares, mas nunca havia sido recebido por Vélez para discutir as ações do órgão. O MEC confirmou na noite de segunda-feira o pedido de demissão da secretária de Educação Básica. Mas, também questionado sobre o presidente do Inep, não respondeu.

A secretária também vinha sendo atacada, dentro e fora do MEC, pela ala ligada ao escritor Olavo de Carvalho. Ela chegou ao MEC por indicação do ex-secretário executivo da pasta, Luiz Antonio Tozi. Tozi acabou demitido por Vélez após pressão de olavistas chegar ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Alunos do escritor foram atingidos por um processo de mudanças de cargos na pasta e passaram a atacar o ministro e exigir demissões.

A suspensão da prova de alfabetização não havia sido discutida internamente no MEC. Além disso, Tozi e Tania eram quem mantinham conversas com representantes das secretarias de Educação dos estados e municípios. 

Foi o próprio secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, quem pediu ao Inep (Instituto Nacional de Estudos Educacionais) a suspensão da a avaliação. Ele próprio é ex-aluno de Olavo de Carvalho e indicado ao cargo por ele. Nadalim também é o autor da minuta de alfabetização. 

Além de Tania e Tozi, o ministro também demitiu um de seus assessores mais próximos, Ricardo Roquetti, também por pressão dos olavistas. A própria permanência de Vélez está ameaçada.

Em texto publicado nas redes sociais, ​Tania confirmou que não teve conhecimento das mudanças no Saeb e que deixa a pasta. "Não deveria haver política pública sem métrica e sem avaliação. A interrupção intempestiva de uma série história poderia vir a ter consequências indesejáveis sobre a análise de evidências e o balizamento de ações em todo território nacional", escreveu.

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