Pesquisadores criam índice para medir desigualdade

Dados indicam fortes disparidades de aprendizagem nas diferentes cidades do país

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São Paulo

O indicador de raça usado na pesquisa da Fundação Tide Setubal se baseia em autodeclarações feitas pelos alunos nos questionários da Prova Brasil, exame de aprendizagem aplicado pelo governo federal.

Além de Ernica, o estudo foi conduzido pela estatística Erica Castilho Rodrigues, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

A metodologia usada se baseia no IDeA, índice que retrata as desigualdades de aprendizagem nos munícipios brasileiros, idealizado pelo economista Francisco Soares (Universidade Federal de Minas Gerais) e desenvolvido em conjunto com Ernica, Erica e Victor Maia Senna Delgado, também da Ufop.

O IDeA partiu da construção de uma referência de desempenho educacional ideal com base nos resultados de um grupo de países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) no Pisa, teste internacional de aprendizagem. 

O segundo passo dos pesquisadores foi calcular o quanto os estudantes brasileiros precisariam avançar nesse exame para atingir o nível da nação desenvolvida típica que sintetizaram. 

Essa distância se converteu em uma segunda referência, que seria o patamar ideal de desempenho dos alunos brasileiros na Prova Brasil. 

A partir dessa metodologia, nasceu o IDeA, que expressa a aprendizagem de alunos do 5º e do 9º anos, testados pelo exame nacional, também levando em conta as desigualdades entre diferentes grupos.
Dados divulgados junto com o índice, em meados deste ano, já indicavam fortes disparidades de aprendizagem nas diferentes cidades do país.

O estudo feito agora se aprofunda nessas questões, a partir de estatísticas da rede pública de São Paulo. Os dados da Prova Brasil usados pelos pesquisadores cobrem o período entre 2007 e 2015.

Além do retrato geral do desempenho dos estudantes na cidade, o trabalho investigou como os padrões de desigualdade variam em diferentes distritos. A conclusão é de que a capital paulistana pode ser dividida em quatro grupos.

Apenas um deles possui a combinação ideal de aprendizagem alta e desigualdade baixa, mas ele concentra apenas 12% das matrículas dos primeiros anos do ensino fundamental da rede pública. 
Segundo Ernica, os outros três grupos apresentam resultados indesejáveis. 

A divisão que concentra 76% dos alunos do início do ciclo básico na rede pública têm nível baixo de aprendizagem e —por aglutinar uma grande fatia da população pobre da cidade— também de desigualdade.

Embora a pesquisa retrate um contexto desfavorável para muitas crianças, especialistas ressaltam a importância de enfatizar que essa situação é reversível: “Há países como Finlândia, Rússia e Estados Unidos que conseguiram reduzir muito suas desigualdades educacionais”, diz Fabiana de Felício.

Segundo pesquisadores, mostrar as disparidades é o primeiro passo necessário para alertar para a importância de que novos caminhos, como mais investimentos na primeira infância de crianças vulneráveis e reformulação de práticas escolares, sejam tomados.

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