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Escolas de elite decidem nesta quarta se férias de julho serão antecipadas

Grupo havia sido contrário à antecipação, mas prolongamento pode fazer com que reveja posição

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São Paulo

A Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), que reúne colégios paulistanos de elite como Bandeirantes, Oswald de Andrade, Pentágono, Lourenço Castanho e Escola da Vila, terá uma reunião na noite desta quarta-feira (15) para decidir se os orienta a antecipar as férias escolares de julho para o segundo mês de quarentena.

No início do isolamento imposto pelo coronavírus, a entidade havia sido contrária à antecipação, mas o prolongamento pode fazer com que reveja essa posição. As escolas têm sofrido pressão das famílias, em especial no Ensino Infantil e no Fundamental 1 (do 1º ao 5º ano), em que o ensino à distância se mostra mais complexo, diante da falta de autonomia das crianças no processo de aprendizagem e da consequente necessidade de suporte dos pais, já sobrecarregados com o home office e os cuidados cotidianos com as casas.

Já no Fundamental 2 (6º ao 9º ano) e médio, a experiência é menos problemática, ainda que existam dificuldades de todas as ordens, a depender do perfil do aluno, da situação da família e de cada professor, disciplina e escola, além de uma percepção generalizada de que os resultados são inferiores aos das aulas presenciais.

Aluna do Colégio Porto Seguro, em São Paulo, faz aula à distância
Aluna do Colégio Porto Seguro, em São Paulo, faz aula à distância - Divulgação

A posição da Abepar deverá servir como orientação às escolas, que têm autonomia para optar pela solução que lhes pareça mais conveniente. Apesar disso, a decisão deve dar força aos gestores escolares em meio à pressão dos pais, alguns dos quais têm questionado inclusive o pagamento de mensalidades neste período.

Outra entidade, esta representante de colégios menores, o Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) desde o início da quarentena defende a antecipação das férias de julho. O presidente, Benjamin Ribeiro da Silva, afirma que 80% das escolas particulares são de menor porte, de 200 a 500 alunos, e não estavam preparadas para o ensino à distância. Por isso, as férias seriam um tempo para esse preparo.

Quem optou pelo primeiro mês da quarentena como férias terá de voltar no segundo com o ensino à distância. “Esperamos que as aulas possam ser reabertas em junho, e aí teríamos o mês de julho com aulas presenciais, o que é muito melhor. Mas é bom lembrar que, nesta pandemia, o que pensamos hoje pode não valer para amanhã, por isso é preciso estar sempre analisando as melhores soluções.”

Sobre a dificuldade do ensino à distância para os menores, ele afirma que tem orientado as escolas a tentar enviar materiais para a casa dos alunos. “E, mesmo durante as férias, nossa orientação é que haja conteúdo para todos os níveis. Isso é válido sempre e especialmente neste período de isolamento social”, diz.

Silva acredita ser possível dar soluções diferentes para cada nível escolar, antecipando as férias para os menores, que têm mais dificuldade com o EAD, e mantendo as aulas para os maiores. “Isso seria melhor considerando um isolamento mais prolongando.”

Além das questões administrativas e pedagógicas, as escolas ainda têm de equacionar o peso emocional que tanto as férias quanto a manutenção das aulas têm em meio ao isolamento. Há uma corrente que defende que se mantenham as aulas em razão do vínculo do aluno com professores e amigos e da importância de se manter uma rotina nesta situação.

Na rede pública, as férias se encerram no dia 21 de abril, quando deverá ter início o ensino à distância, naturalmente com desafios ainda maiores do que nas particulares, considerando o acesso mais precários das famílias a computadores e rede de internet.

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