Pressão política aumenta, e governabilidade guia processo de escolha para MEC

Capacidade de liderar a política educacional está em segundo plano; reitor do ITA é cotado

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Brasília

Preocupações com a governabilidade e estabilidade do governo Jair Bolsonaro têm guiado as discussões sobre a escolha do próximo ministro da Educação. A capacidade de liderar a política educacional do país está em segundo plano.

Com a saída de Carlos Alberto Decotelli, o governo federal articula a nomeação de seu 4º ministro da Educação. O desgaste com as falsidades do currículo de Decotelli, precedido pelas turbulências com Abraham Weintraub, dobraram as cautelas do governo com o tema.

Continuam ativas disputas entre alas militar e ideológica do governo para emplacar o ministro. Mas os nomes dos cotados têm sido escrutinados internamente mas também com parlamentares e com Judiciário, mais especificamente com o STF (Supremo Tribunal Federal).

Aumentou ainda a pressão política, exercida por parlamentares, por um nome de credibilidade, que encerre a crise constante na pasta iniciada desde o início do governo com o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez.

A nomeação do novo ministro era esperada para ocorrer com rapidez. Mas, de acordo com interlocutores envolvidos no processo, o momento tem sido de composição de apoios e a definição deve ocorrer até sexta-feira (3).

Assim que Decotelli confirmou seu pedido de demissão, na terça-feira (30), o atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Anderson Ribeiro Correia, surgiu como o nome mais forte entre os cotados para assumir. E ainda continua.

Correia tem o apoio tanto de integrantes da cúpula militar como do núcleo ideológico. A bancada do PSL já disse ao presidente que o apoia, assim como líderes do centrão.

A única condição estabelecida é que ele mantenha o comando do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) com o centrão, como já ocorre atualmente.

O próprio Anderson já indicou a manutenção do assessor especial do MEC Sérgio Sant'Ana, ligado ao Abraham Weintraub. O nome de Sant'Ana era defendido por seguidores do escritor Olavo de Carvalho, de quem ele é admirador.

Segundo assessores palacianos, o presidente pretende sondar a opinião tanto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto do presidente do STF, Dias Toffoli, antes de anunciar o nome. Uma forma de evitar alguém que crie uma nova crise política.

O núcleo militar ainda considera o nome do professor Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) nos primeiros meses do governo Bolsonaro. O fato de Rodrigues ser cearense, o que seria um aceno ao Nordeste, tem sido usado por quem defende Rodrigues.

Forte cotado antes do anúncio de Decotelli, o nome do secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, voltou a circular. Ele fez chegar ao Planalto que ainda estaria à disposição, mesmo preterido na semana passada, e já realizou contatos com o governo nesta semana.

Também estariam no páreo o professor Gilberto Garcia, ex-presidente do CNE (Conselho Nacional de ​Educação), e o atual presidente da Capes, Benedito Aguiar.​

Novos candidatos à vaga de ministro

Gilberto Garcia
foi presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), reitor da Universidade Católica de Brasília e da Universidade São Francisco (SP)

Marcus Vinicius Rodrigues
ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)

Antonio Freitas
conselheiro do Conselho Nacional da Educação e pró-reitor na FGV

Ilona Becskeházy
secretária de Educação Básica do MEC

Renato Feder
secretário de educação do Paraná

Sérgio Sant’Ana
foi assessor especial de Weintraub no MEC

Benedito Aguiar
presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

Anderson Ribeiro Correia

foi presidente da Capes e é o atual reitor do ITA

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