Milton Ribeiro demite secretária de Educação Básica apoiada por olavistas

Ilona Becskeházy deixa o cargo, e a servidora de carreira Izabel Lima Pessoa assume a posição

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Brasília

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou nesta quarta-feira (5) a substituição no comando da secretaria de Educação Básica da pasta.

Ele demitiu Ilona Becskeházy, cujo nome chegou a ser apoiado por seguidores do escritor Olavo de Carvalho para assumir o ministério após a tumultuada saída de Abraham Weintraub.

Pelas redes sociais, Ribeiro anunciou para o cargo a servidora de carreira Izabel Lima Pessoa, que atuava na equipe da secretaria.

Ilona Becskeházy ficou menos de quatro meses no posto. Doutora em educação pela USP, ela foi uma das poucas especialistas da área que apoiaram a gestão educacional do governo Bolsonaro.

Seus elogios ganharam ressonância entre olavistas, e ela chegou ao MEC na gestão Weintraub após o pedido de demissão de Jânio Macedo, titular anterior.

Antes disso, Ilona já estava envolvida com a nova política federal de alfabetização.

A chegada dela não alterou o cenário de paralisia no MEC, sobretudo na reação aos efeitos da pandemia de coronavírus nas redes públicas de ensino.

Ilona argumentava a interlocutores e pelas redes sociais que encontrou uma subpasta fragilizada na sua capacidade técnica. Procurada pela reportagem, ela não respondeu.

Embora o apoio de olavistas desse respaldo a Ilona, o novo ministro preferiu manter, do chamado núcleo ideológico, apenas o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, aluno de Olavo.

Nadalim é o único secretário do MEC que permanece na pasta desde a gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodriguez.

Um assessor olavista do MEC, Sérgio Sant'Ana, já havia sido demitido na última semana. Seu nome também fora alçado como opção para o comando da pasta por olavistas.

O MEC ficou marcado por disputas entre alas ideológica --com influência de olavistas--, militares e técnicos. Militantes desse núcleo fizeram campanha para derrubar Vélez, apoiaram Weintraub e tentaram emplacar seu substituto.

A troca na secretaria já era esperada nesta semana por integrantes da pasta por causa do pouco diálogo de Ilona com setores educacionais, como as secretarias de Educação. Ribeiro, que a considerava radical, segundo relatos feitos à Folha, procura levar calmaria à pasta após as turbulências com Weintraub.

A própria Ilona afirmou nos últimos dias em suas redes sociais que havia movimentos contra sua permanência. Seguidores de Olavo criticaram o ministro nas redes sociais por causa da mudança.

Por sua vez, o Consed, que representa secretários estaduais de Educação, comemorou a escolha.

"Izabel Pessoa conhece a realidade das redes, tem experiência em áreas prioritárias da Educação, como a formação de professores, e um bom diálogo com estados e municípios", diz nota do órgão.

Pessoa é servidora desde 1990 da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC, onde atuou na área de educação básica.

Desde o ano passado, ocupava a diretoria de Políticas de Regulação dentro da secretaria que agora vai comandar. Ela era a responsável por parcerias com as redes de ensino, arranjo considerado essencial para a atuação do MEC e fragilizado desde o ano passado.

A nova secretária também tem experiência em formação de professores. Ela é graduada em letras pela Uniceub, mestre em desenvolvimento sustentável e doutora em política social pela UnB (Universidade de Brasília).

A nomeação ainda não foi oficializada. Ela será a quinta pessoa a ocupar a secretaria de Educação Básica no governo Bolsonaro, setor apontado como prioridade da gestão.

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