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Covas decide empurrar para novembro decisão sobre volta às aulas presenciais em SP

Prefeito deve anunciar nesta quinta (17) retomada apenas das atividades extracurriculares em outubro

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São Paulo

O prefeito Bruno Covas (PSDB) deve adiar a decisão sobre a volta às aulas presenciais na capital para novembro. Nesta quinta (17), ele pretende anunciar que as escolas poderão fazer de forma opcional atividades extracurriculares a partir de outubro, como antecipou a coluna de Monica Bergamo na terça (15), mas sem definir a retomada das aulas regulares.

Covas, que tenta a reeleição, sofre pressão de grupos opostos sobre a reabertura das escolas na cidade. De um lado, sindicatos de professores pedem que as aulas presenciais só sejam retomadas em 2021. De outro, donos de escolas querem a autorização para voltar a funcionar.

Sem acompanhar o cronograma de reabertura definido pelo governo João Doria (PSDB), que já liberou parte das atividades escolares no estado desde 8 de setembro e prevê a volta às aulas regulares em outubro, Covas segue adiando a decisão.

Nesta quinta, o prefeito deve apenas abrir mão, por ora, do anúncio de que não haverá aulas em 2020 —o adiamento do retorno para 2021 vem sendo pedido pelos sindicatos de professores. Seguiria sem definição a data em que elas serão autorizadas na capital. A avaliação atual é que, se houver liberação ainda neste ano, será apenas em novembro, para parte dos estudantes —e mesmo isso não está definido.

Tradicionalmente o último mês completo do calendário letivo, novembro tem dois feriados e eleições municipais, quando Covas concorre à reeleição.

Se concretizado, este plano de retorno terá como foco os alunos do 3º ano do ensino médio, que precisam ser preparados para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), marcado para janeiro. Assim, esses estudantes poderiam ter atividades presenciais em dezembro e até mesmo no primeiro mês de 2021.

O retorno com estudantes mais velhos também é considerado mais seguro, já que eles devem cumprir de forma mais rigorosa os protocolos de segurança, como uso de máscara e distanciamento social. Para essa etapa, seria ainda mais fácil redividir as turmas, já que eles têm aulas com mais de um professor.

Por fim, o plano é mais factível para o município, que tem pouco mais de 1.000 alunos no ano final do ensino médio. Já as escolas estaduais têm mais de 108 mil estudantes nessa última série.

O alongamento da incerteza, entretanto, causa problemas.

“A opção foi pela indefinição para não desagradar ninguém, nem os que querem a volta nem os que defendem o retorno só no próximo ano”, diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo), que representa os docentes das redes pública e privada.

"Ao adiar, ele causa incerteza entre os professores e famílias, prejudica o planejamento pedagógico para o encerramento das atividades deste ano."

Para esta quinta também está prevista a apresentação do resultado do novo inquérito sorológico feito com alunos da cidade de São Paulo. O último estudo do tipo indicou estimativa de que mais de 123 mil estudantes (18,3%) tenham anticorpos para a doença —comparando ao inquérito anterior, houve aumento da prevalência, que antes era de 16,1%.

Foi com o resultado desse inquérito que Covas decidiu não autorizar a reabertura das escolas para atividades extracurriculares em setembro, como planejava o governo Doria. A decisão do prefeito impediu a retomada também nos colégios da rede estadual.

Covas tem sido procurado não apenas pelo sindicato de professores das redes municipal e particular, mas também das escolas estaduais. A Apeoesp, maior sindicato de docentes do país, pressiona a gestão municipal para que não libere a reabertura.

Das mais de 5.000 escolas estaduais paulistas, 20% (1.177) ficam na capital e dependem da liberação de Covas, e não apenas do governador, para reabrirem.

O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) também tem pressionado o prefeito para autorizar a reabertura e diz que pode recorrer mais uma vez à Justiça para forçar a volta das atividades presenciais.

“Ele está cedendo à pressão dos sindicatos de professores e provocando um estrago na educação das crianças. A escola privada já está preparada para a reabertura desde julho, não é válido esse argumento de que, se abrirmos antes, vai se ampliar a desigualdade educacional na cidade. A desigualdade já está posta”, diz Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp.

Na semana passada, a Prefeitura de São Paulo anunciou a compra de kits com equipamentos de segurança a ser entregues aos estudantes e educadores. O anúncio era para o início do processo de aquisição dos materiais.

A nota falava da compra de 760 mil kits, o que é insuficiente para atender os mais de 1 milhão de estudantes na rede municipal. Segundo a prefeitura, a compra foi planejada para a entrada parcial dos alunos, e a previsão da chegada desses materiais às escolas não foi informada.

Essa data, porém, é crucial: o protocolo de segurança da rede municipal determina que a volta às aulas só pode ocorrer quando as escolas estiverem com esses materiais disponíveis para o uso dos alunos e professores.​

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