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Escolas privadas de São Paulo retomam atividades com propostas que vão de grafite a aula de química

Com vaivém da prefeitura, modelos variam, e algumas preferem não retornar

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São Paulo

Após quase sete meses fechadas, escolas particulares da cidade de São Paulo reabrem a partir desta quarta-feira (7) com atividades e cronogramas dos mais variados. Há as que receberão os alunos todos os dias da semana e outras que programaram apenas um evento para outubro.

Com as aulas regulares ainda proibidas, e apenas cursos extracurriculares, reforço e acolhimento liberados, os colégios oferecerão desde grafite em muro, ioga e encontros com psicólogos até recuperação de química e física.

Alunos da Escola do Bairro, na Vila Mariana, em programa de visita à escola para o preparo da reabertura - Divulgação

Há uma tendência de que, no início, a oferta de atividades e a adesão de estudantes sejam menores, diante de incertezas que ainda pairam nos gestores escolares e da insegurança da maioria dos pais.

Mas a abertura deve ganhar força ao longo do mês, como ocorreu nas cidades do interior que autorizaram cursos extracurriculares presenciais a partir de setembro, na opinião de Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo.

“Essa forma gradual é a melhor, mas é importante reabrir. Escola que insistir em permanecer fechada vai perecer, porque as famílias estão esgotadas com o ensino remoto”, afirma ele.

No colégio Equipe, em Higienópolis (região central), a abertura será comemorada com um grafite no muro da escola feito pelos alunos do 3º ano do ensino médio.

O evento será no dia 13, e ainda não foram definidas as atividades posteriores, que serão concentradas em acolhimento e interação dos estudantes. A Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha), no Itaim Bibi (zona sul), também optou por deixar a reabertura para o dia 13, e cada turma terá somente dois encontros no mês de outubro, de duas horas.

Já o Dante Alighieri, nos Jardins (região central), reabre no dia 7 e tem um programa mais amplo para outubro, com uma série de atividades físicas ao ar livre, entre elas ioga, além aulas eletivas, artes, música, teatro, laboratório maker (mão na massa), encontros de acolhimento, inclusive com psicólogos, e revisão do conteúdo.

A presença dos alunos varia, dependendo das atividades em que se inscreverem e do ano que cursam. O início de cada turma será escalonado nas próximas semanas, e há as que poderão frequentar a escola todo dia, com uma permanência mais reduzida, de duas horas, e outras que irão uma vez por semana para permanecer 4h30.

No Santi, no Paraíso (zona sul), estudantes do infantil ao ensino médio por ora terão cursos extracurriculares apenas uma vez na semana e por duas horas.

“Avaliamos que seria mais adequado organizar dessa maneira para respeitar o limite máximo de alunos, o protocolo de segurança e também para oferecer um ambiente acolhedor às crianças”, afirma Camila de Mauro, coordenadora de atividades extracurriculares.

Ainda que se confirme a autorização para o retorno das aulas regulares em novembro, o Santi não deve alterar significativamente o modelo remoto que adotou. “A liberação das atividades presenciais é importante para que a gente possa atender os alunos em situações pontuais. Mas neste ano será difícil ter aulas presenciais.”

O Santa Maria, no Jardim Taquaral (zona sul), estabeleceu que os estudantes só poderão realizar as atividades extracurriculares duas vezes na semana e por no máximo 1h30. As famílias receberão um cardápio com as opções. O colégio já optou por manter as aulas regulares de forma remota até o final do ano letivo.

É também o caso do Bandeirantes, no Paraíso, que manteve no ensino a distância a mesma carga horária do presencial e por isso encerra as aulas já na segunda semana de novembro, quando começam as provas finais.

A partir da próxima quarta, no entanto, haverá recuperação presencial diariamente para os alunos do 3º do médio, três vezes por semana para os do 1º e do 2º, e duas vezes para os que cursam do 6º ao 9º ano do fundamental. Os estudantes que se interessarem terão até 3h20 diárias de aulas de reforço de português, matemática, inglês, física e química.

Sobre a decisão de não retomar as aulas regulares, ainda que haja autorização da prefeitura para novembro, tanto o Santa Maria quanto o Band argumentam que, pelo tempo que resta até o encerramento do ano, não compensaria alterar o sistema.

“A liberação para novembro é incerta, e não faria sentido mudar a rotina de todos em razão de duas semanas de aula”, afirma a diretora pedagógica do Band, Mayra Lora.

“Os alunos estão há mais de seis meses nessa rotina. Ainda que não seja a ideal, eles se adaptaram. A volta exigiria uma nova organização das famílias. Não faremos isso faltando dois meses para o fim do ano”, diz a diretora do Santa Maria, Diane Cundiff.

Em um vídeo às famílias, Cundiff falou do vaivém das decisões governamentais. “Quase toda semana há uma novidade sobre o retorno. Os governantes já disseram que seriam em agosto, depois setembro, outubro e, agora, falam em novembro.”

Os seguidos adiamentos desorganizaram os cronogramas elaborados nos últimos meses pelos colégios e confundiram pais e educadores.

Há escolas limitando a presença de alunos para duas vezes por semana e duas horas diárias porque acham que essa regra, colocada pela prefeitura para a rede municipal, vale para as privadas —a única limitação para as particulares é a de que a presença seja de no máximo 20% dos alunos.

Outro desafio é manter a operação remota nas aulas regulares e a presencial em extracurriculares, o que pede investimento em um momento em que o setor enfrenta queda de receita. Por fim, há a insegurança de pais e professores.

Mas há também pressão pela reabertura. A Avenues, no Morumbi (zona sul), sabe que haverá descontentamento de parte dos pais, que pagam mais de R$ 10 mil de mensalidade, por ter optado por oferecer atividades apenas para alunos de 2 a 4 anos.

“Sei que algumas famílias ficarão desapontadas com a decisão de não oferecer atividades para todos por enquanto, mas acreditamos que seja o melhor para preservar a saúde e o bem-estar de nossos estudantes e colaboradores”, disse o diretor da escola, Andy Willians, em comunicado às famílias.

A direção da Avenues considera ainda a possibilidade de estender as ações extracurriculares para as crianças de cinco anos ao final de outubro.

No outro extremo do mercado de educação, a Luminova, escola que o grupo SEB abriu para atender a classe CD, com mensalidade em torno de R$ 600, a reabertura será no dia 19, para infantil e fundamental 1 (1º ao 5º ano), para acolhimento socioemocional e atividades de recreação, como brincadeiras de rimas e confecção de jogos.

A fim de equacionar as diferentes opiniões das famílias, a pedagoga Gisela Wajskop, proprietária e diretora da Escola do Bairro, na Vila Mariana (zona sul), formou, logo que houve o fechamento, em março, uma comissão com a presença de pais. Um dos projetos recentes foi o de visitas da famílias à escola para prepará-las para a retomada.

A frequência dos alunos será ampliada gradualmente, de uma vez por semana por duas horas até quatro vezes semanais e por três horas. Entre as atividades estão capoeira, brincadeiras no jardim e até investigações pelo bairro.

Dentre as escolas estaduais, 100 das 1.086 da capital irão abrir no dia 7, e outras planejam retomar ao longo do mês, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação.

Elas vão oferecer recuperação, acolhimento e atividades do Projeto de Vida, com a presença de alunos liberada para todos os dias da semana, até cinco horas diárias.

No caso das municipais, o número das que reabrem será contabilizado nesta segunda (5) pela secretaria de educação da capital.

Os estudantes poderão frequentar as escolas no máximo duas vezes por semana, por duas horas em cada dia, para acolhimento, cursos de idioma, recuperação, atividades esportivas, oficinais de música, culinária, contos literários, teatro de fantoches e outras opções extracurriculares.

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