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Daniela Machado

Quando o jornalismo encontra a sala de aula

Método jornalístico mostra a crianças e jovens um caminho para pesquisar, filtrar e avaliar informações

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Daniela Machado

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta

Como ensinamos e como aprendemos no século 21? O acesso a um volume gigantesco de informações, muitas vezes ao alcance de um clique, tem sacudido o universo da educação. O conhecimento não está mais confinado em livros e enciclopédias ou mesmo na figura do professor, mas espalhado por uma enorme rede que comporta os mais diversos tipos de conteúdo —dos mais aos menos confiáveis.

Saber navegar por esse ambiente, buscando e filtrando informações de qualidade, é uma competência essencial para a construção de conhecimento. E é exatamente nesse contexto que o jornalismo aproxima-se da sala de aula: a trilha percorrida por jornalistas é muito parecida com a que estudantes podem ter em sua jornada de aprendizagem.

Adolescente olha para câmera enquanto segura um exemplar impresso da Folha de S.Paulo
Estudante Tito Jansen, 11, lê jornal na Biblioteca do Colégio Mackenzie, em São Paulo (SP) - Bruno Poletti-10.abr.2013/Folhapress

Basta olharmos para algumas das propostas pedagógicas que ganharam espaço nos últimos tempos, como a aprendizagem baseada em projetos e em investigação. Nesses casos, ao contrário da aula mais tradicional (em que conceitos e ideias são transmitidos aos alunos), eles próprios traçam um caminho até chegar às conclusões necessárias, geralmente a partir de observação, de uma pergunta ou de um problema para resolver.

Engana-se quem acha que o papel dos professores seja menor nesse contexto. São justamente eles que guiam, amparam e mediam o processo pelo qual os alunos aprendem com mais autonomia —não só os temas curriculares mas habilidades para a vida toda, como as que envolvem pensamento crítico e letramento da informação.

E como o jornalismo entra nessa história? O caminho da informação, desde a ideia de uma pauta até a publicação da reportagem, é muito similar à trilha que os estudantes podem percorrer na construção de conhecimento.

No jornalismo, observar a realidade e fazer perguntas são ações que funcionam como gatilho para a investigação de um determinado assunto que, no futuro, pode virar uma reportagem. No jargão jornalístico, este é o processo de apuração.

No contexto escolar, observar atentamente fatos, pessoas e situações com que nos deparamos todo dia e levantar perguntas são atividades que estimulam a curiosidade e despertam o interesse pela pesquisa.

Definido o assunto a ser pesquisado ou a pergunta a ser respondida, o próximo passo é efetivamente investigar. E, mais uma vez, o caminho de jornalistas e estudantes se cruzam: ambos precisam consultar documentos e pessoas, pesquisar e filtrar informações confiáveis e de qualidade enquanto traçam hipóteses e buscam confirmá-las.

O conteúdo encontrado, então, precisa ser organizado. As informações mais relevantes são definidas e hierarquizadas, para serem apresentadas ao público em geral (ou à comunidade escolar) de forma clara e objetiva.

O método jornalístico, desde a ideia de pauta ou da pergunta que se quer responder até a publicação das informações, é um excelente caminho para planejar e organizar uma pesquisa também na escola. No embalo, crianças e jovens acabam aprendendo —e valorizando— o papel do jornalismo como um dos pilares de sustentação da democracia.

Nesta semana, em que é celebrado mundialmente o Dia da Liberdade de Imprensa (3 de maio), fica o convite para que educadores e jornalistas deem as mãos em prol de uma sociedade bem informada e capaz de tomar as melhores decisões.

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