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Alunos da Belas Artes protestam contra texto pró-Bolsonaro de reitor

Manifestação desta sexta (7) foi pacifica; postagem do dirigente foi apagada após repercussão

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São Paulo

Na tarde desta sexta-feira (7), alunos do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, fizeram uma manifestação contra uma postagem do reitor da instituição, Paulo Cardim, a favor da reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

O posicionamento político de Cardim foi feito no blog Direto da Reitoria, mantido no site oficial da instituição.

Segundo contagem do Belas Artes, cerca de 100 estudantes estiveram presentes no ato, que foi pacífico.

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Fachada do Centro Universitário Belas Artes, na Vila Mariana, em São Paulo. - @belasartes no Instagram

Horas antes do protesto, o reitor enviou um email para professores e alunos no qual afirma escrever há mais de dez anos artigos sobre educação, política e outros temas globais. "Esses textos, em diversas mídias, refletem tão somente meu ponto de vista sobre esses assuntos, obtidos na minha experiência construída nos 50 anos de vida dedicada à educação"

"Com isso, é importante esclarecer que o conteúdo dos artigos pessoais não retrata os valores do Centro Universitário Belas Artes, e nem poderia, pois na diversidade de pensamento, não há retórica definitiva que tenha condição de engessar uma comunidade", completa Cardim. Após a repercussão, ele apagou o texto pró-Bolsonaro.

Na postagem, que gerou mal-estar entre alunos e também professores, o reitor afirma que, se eleito, o presidente terá a oportunidade de renovar seus compromissos com "o Estado democrático e de Direito, a liberdade de expressão, o desenvolvimento nacional sustentável, uma educação básica pública de qualidade, os valores da pátria e da família".

Segundo Cardim, o presidente terá mais espaço na mídia para detalhar as suas realizações nos quatro anos de seu governo. Ele cita como exemplos as obras de infraestrutura, a exemplo da transposição do rio São Francisco, e a criação do Auxílio Brasil.

Para o reitor, os auxílios emergenciais foram uma forma de o presidente minimizar os efeitos do que ele considera o "irresponsável 'fique em casa, a economia a gente vê depois' durante a pandemia".

Cardim ainda se refere ao vírus causador da Covid-19 como "vírus chinês". O termo é criticado por especialistas, que apontam que, além de impreciso, promove estigmatização.

Entre outros pontos, o reitor defende que Bolsonaro auxiliou no redirecionamento das relações internacionais, "a fim de atender aos interesses do Brasil e não de Cuba, Venezuela, Bolívia e outros países da África e das Américas Central e do Sul".

Ele diz ainda que o presidente auxiliou na "eliminação das 'panelinhas' na área da cultura, ou seja, famosos que viviam nas tetas do erário federal".

Após o post, publicado na segunda-feira (3), os alunos do curso de artes visuais lançaram um formulário online a fim de fazer um levantamento dos alunos que repudiam o posicionamento do Cardim. .

Este não foi o primeiro post em que Cardim elogia Bolsonaro. Depois do texto de segunda-feira, alunos descobriram outras publicações dele no site da faculdade em que elogia o presidente e diz que graças às decisões de Jair Bolsonaro o Brasil está superando a crise provocada "pelo vírus chinês".

Um professor da faculdade, que prefere não ser identificado, disse à reportagem que publicações semelhantes já eram encaminhados por email aos docentes nos últimos meses.

A reportagem procurou a instituição e indagou se é comum o blog da universidade se manifestar politicamente e se a reitoria estava ciente do repúdio dos alunos ao texto. A instituição disse apenas que o Blog Direto da Reitoria tem mais de dez anos e, semanalmente, posta artigos referentes a educação, política e assuntos gerais que impactam a sociedade.

A nota diz ainda que o centro universitário "é uma instituição que preza pela liberdade de opinião de todos —estudantes, acadêmicos, colaboradores, famílias—, sendo uma comunidade criativa e heterogênea, reconhecendo que cada ser humano tem um código genético único e valoroso, o que faz dela um exemplo de respeito ao próximo e convivência democrática desde 1925".

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