Paim, Neca Setúbal e Alexandre Schneider integrarão grupo de transição para educação; veja lista

Representantes de diferentes vertentes foram escolhidos; próximo chefe do MEC no governo Lula (PT) ainda é indefinido

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Brasília

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) anunciou nesta segunda-feira (14) os nomes de integrantes da equipe na área de educação no Gabinete de Transição. O nome de quem assume o MEC (Ministério da Educação) no próximo governo Lula (PT) ainda está indefinido.

Nesta quinta-feira (17), uma nova portaria foi publicada com uma lista que inclui 22 nomes. O que ampliou o grupo, que no início da semana somava 14 pessoas.

A equipe inclui representantes de movimentos sociais, sindicatos, fundações ligadas à educação e ex-gestores. Há integrantes envolvidos na educação básica e no ensino superior.

O ex-ministro da Educação Henrique Paim, que vai coordenar a área na transição
O ex-ministro da Educação Henrique Paim, que vai coordenar a área na transição - Alan Marques - 19.dez.14/Folhapress

Farão parte da equipe de transição da educação as seguintes pessoas:

  • Alexandre Schneider, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, colunista da Folha
  • Binho Marques, ex-governador do Acre e ex-secretário do MEC
  • César Callegari, ex-secretário de Educação do município de São Paulo e ex-secretário de educação básica do MEC
  • Cida Bento, conselheira do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), doutora em psicologia pela USP, é colunista da Folha
  • Cláudia Costin, já foi ministra, secretária de educação e diretora de educação do Banco Mundial; é colunista da Folha
  • Claudio Alex da Rocha, presidente do Conif (órgão que integra os institutos federais de educação) e reitor do Instituto Federal do Pará
  • Daniel Cara, professor da USP, integra a Campanha Nacional pelo Direito à Educação
  • Fátima Cleide, ex-senadora pelo PT
  • Getúlio Marques Ferreira, secretário de Educação do Rio Grande do Norte
  • Heleno Araújo, presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)
  • Henrique Paim, ex-ministro da Educação
  • Karin Adriane Hugo Luca, professora, atua na liderança do PT na Assembleia Legislativa de SP
  • Luiz Cláudio Costa, ex-secretário-executivo do MEC, ministro interino e ex-presidente do Inep
  • Macaé Evaristo, ex-secretária de educação de belo Horizonte e ex-secretária do MEC
  • Maria Alice Setúbal (Neca Setúbal), presidente do conselho consultivo da Fundação Tide Setúbal
  • Mônica Sapucaia Machado, advogada, doutora em direito, foi assessora legislativa na Assembleia de São Paulo
  • Paulo Gabriel, ex-reitor da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Bahia) e presidente do conselho estadual de educação da Bahia
  • Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação
  • Ricardo Fonseca, presidente da Andifes (órgão que agrega os reitores das universidades federais)
  • Rosa Neide, ex-secretária de Educação de Mato Grosso e deputada federal
  • Teresa Leitão, ex-deputada e senadora eleita pelo PT
  • Veveu Arruda, ex-prefeito de Sobral (CE).

A equipe de educação será coordenada pelo ex-ministro Henrique Paim, atualmente na FGV, único do time que já havia sido anunciado. O grupo vai começar a se reunir em Brasília a partir de quarta-feira (16), no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do Gabinete de Transição.

O nome do futuro ministro da Educação ainda não foi definido. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva expôs a interlocutores que gostaria de ter Fernando Haddad (PT) de volta à pasta, ao que o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo resiste.

Um dos nomes que corre nos bastidores é o da governadora do Ceará, Izolda Cela, que foi secretária de Educação do estado. Também correm por fora o ex-secretário de Educação do município e do estado de São Paulo Gabriel Chalita e Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco e ex-secretário do MEC.

A equipe de transição da educação contempla integrantes de diferentes vertentes do debate educacional, o que inclui pessoas próximas aos governos do PT e outras que nunca atuaram em governos comandados pelo partido. O setor público também não foi ignorado, com a inclusão de reitores.

Alexandre Schneider é um dos nomes com larga experiência de gestão educacional sem nunca ter assumido cargos em governos petistas. Ele liderou a pasta da educação nas gestões de Gilberto Kassab (PSD) e de João Doria (PSDB) e foi candidato a vice-prefeito de São Paulo em 2012 na chapa de José Serra (PSDB), derrotada por Haddad.

Ele presidiu, até agosto, o Instituto Singularidades, organização de formação de professores ligada a Ana Maria Diniz, filha do empresário Abílio Diniz. Ana Maria é casada com Luiz Felipe d'Avila, que foi candidato a presidente pelo Partido Novo.

Na nova lista publicada nesta quinta, foi incluída a educadora Cláudia Costin, que também é colunista da Folha. Costin foi ministra do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), diretoria global de educação do Banco Mundial, mas nunca atuou em governos petistas.

Além de Henrique Paim, ocuparam cargos importantes no MEC nas gestões petistas Binho Marques e Macaé Evaristo. Marques respondeu pela secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino e Evaristo, pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Ambas as subpastas foram extintas no início do governo Bolsonaro.

Outros nomes incluídos na segunda versão da lista têm histórico em governos petistas. Luiz Cláudio Costa foi presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), secretário-executivo do MEC e ministro interino --foi ele quem fez a transição para a equipe de Michel Temer (MDB).

Já César Callegari foi secretário de educação básica do MEC e respondeu pela pasta de educação na prefeitura de São Paulo, na gestão de Haddad.

A presença de representantes dos reitores de institutos e universidades federais expõe preocupação da transição. O sistema federal de ensino foi alvo de ataques durante o atual governo e as instituições sofrem com queda de recursos desde 2015, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), e ampliadas no atual governo.

As organizações da sociedade civil também integram o grupo. Há tanto a presença de Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú e envolvida com educação, quanto o de Daniel Cara, professor da USP e integrante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A entidade tem forte atuação nas pautas de direitos à educação, inclusive internacionalmente, e possui organizações como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) em seu comitê diretivo.

Cara substituiu a coordenadora da Campanha, Andressa Pellanda, anunciada no início da semana. Seu nome não constou na publicação inicial o Diário Oficial, o que causou desconforto na entidade.

Alvo de ataques no atual governo, sobretudo na gestão do ex-ministro Abraham Weintraub, Priscila Cruz é outro nome que integra o grupo da sociedade civil.

A equipe inclui ainda o mundo político, como a deputada petista Rosa Neide (que não foi reeleita), a senadora eleita Teresa Leitão e o ex-prefeito de Sobral Veveu Arruda. A cidade cearense é um exemplo de sucesso educacional.

Na semana passada, Haddad convocou uma reunião para discutir os rumos da educação do próximo governo, e a forte presença de representantes de fundações empresarias envolvidas com educação causou mal-estar entre especialistas do campo da educação popular.

Para o professor Fernando Cássio, da UFABC (Universidade Federal do ABC), a composição final da lista do Gabinete de Transição é positiva, com maior equilíbrio entre campos de atuação e também do ponto de vista regional.

"Agora tem uma lista com forças políticas mais equilibradas para representar melhor quem elegeu Lula e Alckmin, e que também carregam demandas e agendas", diz ele, ressaltando o bom sinal da presença de representantes dos reitores e de políticos.

"A agenda para o próximo governo não é só reforma do ensino médio, mas é merenda escolar, creche, sistema nacional de educação, repactuação federativa, política de alfabetização, e agora têm vários campos ali e com representatividade regional um pouco melhor", completa.

O setor sindical dos professores não foi deixado de lado, com a presença de Heleno Araújo no gabinete. A ausência da categoria docente na reunião inicial convocada por Haddad foi motivo de críticas.

A emergência para recuperar os prejuízos causados pela Covid e a retomada do papel de coordenador do MEC são alguns dos principais desafios do governo Lula. O governo eleito tem o desafio de atuar já neste ano para tentar recompor o orçamento da pasta, esvaziado pelo atual governo.

Outros nomes da equipe de transição anunciados nesta segunda (14)

Esporte

  • Ana Moser, ex-atleta do Vôlei, primeira medalhista olímpica do Brasil
  • Edinho Silva, prefeito de Araraquara
  • Isabel Salgado, ex-atleta do Vôlei, pioneira no vôlei de praia
  • José Luís Ferraresi, foi gestor de Esporte em São Bernardo do Campo (SP)
  • Marta Sobral, ex-atleta do basquete, medalha de prata no Panamericano
  • Mizael Conrado, advogado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e bicampeão paralímpico de futebol de 5
  • Nádia Campeão, ex-vice-prefeita de São Paulo
  • Raí Souza Vieira de Oliveira, tetracampeão Mundial (1994) e Brasileiro de futebol
  • Verônica Silva Hipólito, atleta paralímpica, prata nos Jogos Rio 2016

Infraestrutura

  • Alexandre Silveira, senador por Minas Gerais
  • Gabriel Galípolo, economista, ex-presidente Banco Fator, pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri)
  • Maurício Muniz, ex-ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República
  • Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento e ex-presidente da Caixa Econômica Federal
  • Paulo Pimenta, deputado federal (RS)
  • Vinícios Marques, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
  • Fernanda Batista, secretária de Infraestrutura (PE)
  • Marcos Cavalcanti, secretário de Infraestrutura (BA)


Juventude

  • Bruna Chaves, presidente da UNE ((União Nacional dos Estudantes)
  • Gabriel Medeiros de Miranda, subsecretário de Juventude do Rio Grande do Norte, ex-diretor de Universidades Públicas da UNE
  • Jilberlandio Miranda Santana, presidente da União da Juventude Socialista do Espírito Santo
  • Kelly dos Santos Araújo, secretária-geral da Juventude do PT
  • Marcus Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude
  • Nádia Beatriz Martins Garcia Pereira, secretária Nacional de Juventude do PT
  • Nilson Florentino Júnior, secretário Nacional Adjunto da Juventude do PT
  • Tiago Augusto Morbach, presidente Nacional da União da Juventude Socialista (UJS)
  • Sabrina Santos, membro da União dos Moradores de Heliópolis (UNAS)

Cidades

  • Ermínia Maricato, arquiteta e urbanista
  • Evanise Lopes Rodrigues, mestra em Urbanismo e ex-chefe de Gabinete da Secretaria de Programas Urbanos do Ministério das Cidades
  • Maria Fernanda Ramos Coelho, ex-presidente da Caixa e membro do Consórcio Nordeste
  • Inês Magalhães, ex-ministra das Cidades
  • Geraldo Magela, ex-secretário de Habitação do DF
  • Guilherme Boulos, deputado Federal eleito por São Paulo
  • José De Filippi Jr, prefeito de Diadema (SP)
  • Márcio França, ex-governador de São Paulo
  • Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói (RJ)
  • João Campos, prefeito do Recife (PE)
  • Nabil Bonduki, urbanista e professor da FAU-USP, colunista da Folha

Cultura

  • Antônio Marinho, músico e Poeta de Pernambuco
  • Áurea Carolina, deputada federal
  • Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura
  • Lucélia Santos, atriz e ex-candidata a deputada federal pelo PSB-RJ
  • Márcio Tavares, Secretário Nacional de Cultura do PT
  • Margareth Menezes, cantora

Direitos Humanos/Subgrupo de Infância

  • Ariel de Castro Alves, advogado, membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
  • Maria Luiza Moura Oliveira psicóloga, ex-presidente do Conanda (Goiás)
  • Welington Pereira da Silva, teólogo, pastor metodista, ex-conselheiro do Conanda (Brasília)
  • Isabela Henriques, advogada, presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB-SP
Erramos: o texto foi alterado

Marcus Barão é presidente do Conselho Nacional da Juventude, não membro da Juventude do MDB e ex-vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude como inicialmente divulgado pela equipe de transição de governo. O texto foi corrigido. 

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