Gestão Tarcísio vai avaliar diretores de escolas, e nota ruim pode levar à perda de cargo

Desempenho será medido com base na frequência de alunos, participação em avaliações e uso de plataformas digitais; objetivo é aprimorar supervisão da rede, diz governo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai avaliar o desempenho dos diretores das escolas estaduais de São Paulo. Profissionais que não alcançarem um patamar considerado satisfatório poderão ser penalizados com a perda do cargo e até mesmo remoção para outra unidade.

Uma resolução com as regras sobre a avaliação foi publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (22) e passará a valer já neste ano letivo. Segundo o texto, a política atende aos "princípios da meritocracia e da busca contínua pela excelência no campo educacional".

A avaliação dos diretores será feita com base em quatro indicadores: frequência dos estudantes da unidade, participação nas avaliações bimestrais, uso de plataformas digitais e índice de vulnerabilidade da escola.

Sala de aula vista de trás, com alunos sentados em carteiras e fazendo exercícios enquanto, na frente, professora de pé lê
Estudantes na Escola Estadual Dom Agnelo Cardeal Rossi, na região do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, na volta às aulas do segundo semestre de 2021 - Rivaldo Gomes - 2.ago.2021/Folhapress

Desde que assumiu a Educação em São Paulo, o empresário Renato Feder vem defendido, como forma de alcançar bons resultados, o acompanhamento por métricas do trabalho dos professores e diretores. Por isso, seu primeiro ano à frente da secretaria foi marcado pela adoção de uma série de ferramentas digitais para monitorar as atividades em sala de aula.

Agora, a frequência do uso dessas ferramentas digitais também será um dos critérios para a avaliação dos diretores.

Especialistas e professores têm argumentado que a imposição de plataformas desconsidera a realidade das escolas paulistas, já que a maioria não possui acesso a internet de qualidade nem dispõe de computadores em número suficiente para os alunos.

Segundo o Censo Escolar 2022, 96,9% das escolas estaduais paulistas têm internet, sendo que 81,5% delas oferecem conectividade para uso dos alunos.

Ainda que a cobertura seja alta, dados do Mapa da Conectividade na Educação mostram que só 4,4% das unidades de ensino dispõem de internet com velocidade considerada boa ou ótima. Em 66,2%, a velocidade é ruim ou péssima. No restante, não houve monitoramento.

A Secretaria da Educação afirma que a norma é "mais um passo no sentido de aprimorar e qualificar a gestão das escolas estaduais paulistas". A resolução, publicada nesta segunda, define que a avaliação será feita bimestralmente pelas diretorias de ensino, que vão fazer uma análise quantitativa dos quatro indicadores. A partir dessa análise, será estabelecida uma nota de 0 a 10 para cada diretor —uma pontuação inferior a 5 é considerada insatisfatória.

De acordo com a pasta, o critério com mais peso no cálculo será a frequência escolar, acompanhada pelo projeto Aluno Presente, seguido do número de estudantes participantes na Prova Paulista e o do acesso às plataformas de ensino.

Segundo a resolução, os profissionais que tiverem nota insatisfatória estarão sujeitos a remoção para outra unidade escolar ou para a sede da diretoria de ensino, poderão ser designados a voltar para o cargo de origem (professor) ou serem submetidos a um curso de capacitação.

A resolução diz que as penalidades só poderão ser aplicadas após o diretor apresentar às instâncias superiores "esclarecimentos, justificativas e discussão de possíveis medidas de aprimoramento".

O texto define ainda que a remoção dos diretores pode ocorrer "a qualquer tempo após a avaliação bimestral", cabendo ao dirigente regional de ensino garantir que eles sejam removidos para outra unidade ou para a sede da diretoria de ensino

Quando foi secretário de Educação do Paraná, Feder implementou uma política de avaliação semelhante à que estabeleceu agora para a rede estadual de São Paulo. Menos de um ano depois, diretores de algumas escolas foram removidos do cargo em que estavam, o que gerou protestos de alunos e professores.

Em nota, a Secretaria da Educação afirma que, a partir de agora, as diretorias de ensino terão "critérios mais definidos para avaliar o desempenho de seus diretores," com base em índices de acompanhamento atualizados permanentemente pela pasta.

A pasta afirma ainda que incentiva o uso de plataformas educacionais como aliada no processo de aprendizagem e que esse recurso é entendido como "complemento e apoio à atuação dos professores em sala de aula".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.