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Brasil teve 36 ataques a escolas em 22 anos; pós-pandemia concentra quase 60%

Desde de fevereiro de 2022, quando as escolas reabriram, aconteceram 21 ataques cometidos por alunos e ex-alunos

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São Paulo

O ataque à Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, em que um aluno de 16 anos matou uma estudante e feriu outras duas, é o 36º desse tipo no Brasil desde o primeiro caso registrado —que ocorreu em 2001 em Macaúbas (BA).

A jovem Giovanna Bezerra, morta a tiros no ataque desta segunda-feira (23) aos 17 anos, é a 35ª vítima fatal desse tipo de ataque em escolas brasileiras (sem contar cinco suicídios de agressores). Foram mortos 12 meninos, 17 meninas, quatro professoras, uma coordenadora e uma inspetora. Já foram feridas 102 pessoas.

Policial na porta da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, após ataque a tiros na manhã desta segunda (23)
Policial na porta da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, após ataque a tiros na manhã desta segunda (23) - Danilo Verpa/Folhapress

Os dados fazem parte de um relatório assinado por Telma Vinha e outros pesquisadores da Unicamp e da Unesp que fazem parte do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral). O grupo se dedica a estudos sobre a convivência no ambiente escolar e vem pesquisando os ataques a escolas brasileiras. O estudo completo será divulgado em novembro pela D3e (Dados para um Debate Democrático na Educação), associação sem fins lucrativos que reúne cientistas da área da educação.

Desses 36 ataques, quase 60% aconteceram no pós-pandemia. Desde fevereiro de 2022, quando as escolas brasileiras reabriram após um fechamento que durou quase dois anos em algumas regiões, aconteceram 21 ataques com 11 mortes. Isso representa 58,3% de toda a história dessa violência no país. Em 2022 foram 10. Em 2023 já aconteceram 11.

No total, esses 36 casos tiveram 38 autores, aponta o levantamento. Destes, sete tinham 13 anos no momento do ataque, a idade mais comum. Há ainda dois casos de agressores com 12 anos e um em que ele tinha 10.

Para os pesquisadores, esse acirramento recente da violência envolvendo jovens está ligado aos problemas de saúde mental agravados pelo isolamento social e pelo uso excessivo de tecnologia, entre outros fatores. Um outro dado reforça essa análise: em 23 casos, ou seja, mais de 60%, havia indícios de que os agressores haviam passado por uma radicalização online (sem contar o de Sapopemba, ainda não analisado sob esse aspecto).

A pesquisa se concentra em ataques cometidos por alunos e ex-alunos e não contabiliza aqueles realizados por alguém estranho à comunidade escolar. Também não entram na conta casos nos quais os ataques foram frustrados antes de acontecer, nem aqueles não foram planejados, que acontecem em um momento de briga.

A maioria dos 39 agressores que participaram desses ataques é de alunos das escolas. Foram 22 estudantes, e isso torna ainda mais complexa uma solução policial para esse tipo de violência. Além disso, 17 são ex-alunos e sete deles haviam abandonado a escola.

A maioria das escolas que sofreram ataques são públicas. Foram atacadas 17 escolas estaduais, 13 municipais e 7 particulares, uma estatística que acompanha a proporção dessas escolas na realidade brasileira.

O relatório também destaca que a maioria das escolas que passaram por essa violência não é das regiões mais vulneráveis socioeconomicamente. Mais de 80% são de locais de nível socioeconômico médio, médio-alto e alto.

Do total de casos, em 17 houve uso de armas de fogo, enquanto em 15 houve uso de facas. Das mortes, 35 foram por causadas por armas de fogo e duas por facas. Sete dos agressores possuíam armas em casa, seis haviam comprado de terceiros e três eram de origem desconhecida.

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