Descrição de chapéu Todas desigualdade de gênero

Projeto que prevê abordagem de feitos de mulheres no currículo escolar vai para sanção de Lula

Texto aprovado pelo Senado altera LDB; objetivo é incluir conteúdos fundamentados nas experiências e perspectivas femininas

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Luciano Nascimento
São Luís | Agência Brasil

Os currículos escolares passarão a destacar contribuições de mulheres nas áreas científica, social, artística, cultural, econômica e política. É o que determina o projeto de Lei 557/2020, que inclui obrigatoriamente abordagens femininas nos currículos escolares e também cria a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História. O texto, aprovado na terça-feira (10) no Senado, segue agora para sanção do presidente Lula (PT).

O projeto altera trechos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) para modificar conteúdos curriculares do ensino fundamental e médio nas escolas públicas e privadas. Em um de seus trechos, o texto diz que "a inclusão de abordagens fundamentadas nas experiências e perspectivas femininas tem por objetivo resgatar as contribuições, as vivências e as conquistas femininas nas áreas científica, social, artística, cultural, econômica e política".

Um grupo de nove jovens sentadas em círculo no chão, em um ambiente com iluminação suave. Elas estão em uma sala com paredes escuras e um fundo neutro. Algumas jovens usam camisetas escuras, enquanto outras vestem camisetas claras. Todas parecem envolvidas em uma conversa ou atividade em grupo.
Reunião de alunas do coletivo feminista Eu Não Sou Uma Gracinha, da Escola Nossa Senhora das Graças, em São Paulo - Jardiel Carvalho - 5.set.2024/Folhapress

Entre as justificativas para a aprovação do projeto está a baixa representação de mulheres no mundo científico em razão do preconceito e do desencorajamento quanto aos lugares que podem ocupar.

A relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) defendeu a aprovação do projeto lembrando que, quando mencionadas em livros, mulheres são frequentemente enquadradas em papéis de gênero "tradicionais", preestabelecidos pelo patriarcado. A senadora destacou ainda que há uma marginalização, sub-representação, e, em alguns lugares, a exclusão das mulheres dos livros de história

"Estereótipos influenciam a tomada de decisões de meninas já a partir dos 6 anos de idade, desencorajando-as de interesses em determinadas matérias, o que, por consequência, reflete na baixa representatividade feminina em diversas áreas e carreiras de grande reconhecimento", explicou.

A senadora destacou ainda que muitas descobertas e conquistas em diversas áreas atribuídas a homens tiveram, na verdade, a participação de mulheres cujos nomes foram propositadamente ignorados ao longo da história e durante a transmissão do conhecimento.

"[O projeto] contribui para que essa transmissão de conhecimento finalmente compreenda, de modo igualitário, a perspectiva feminina, o que, além de contribuir para a desconstrução de um sistema educacional influenciado pelos estereótipos de gênero, também promoverá um futuro de maior igualdade e maior presença das mulheres em campos nos quais a atual sub-representação é flagrante, como na política, física, filosofia, matemática e tantos outros", afirmou.

Em relação à Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História, o projeto determina realização de campanha anual, na segunda semana de março, nas escolas de educação básica do país.

"Havendo a devida representação, as decisões nesses campos não mais serão tomadas em favorecimento de apenas um gênero, mas haverá maior riqueza de perspectivas, inclusive para a formulação e a implementação de políticas públicas que beneficiem os diversos grupos formadores da sociedade brasileira", disse a relatora.

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