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Marcus Nakagawa

Dia do professor com impacto socioambiental

Toda vez que me perguntavam o que meu pai e minha mãe faziam, falava com orgulho que eram professores

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Marcus Nakagawa

Professor e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental, autor premiado com o Jabuti 2019, palestrante e idealizador da Abraps e do Dias Mais Sustentáveis.

Toda vez que me perguntavam o que meu pai e minha mãe faziam, falava com orgulho que eram professores.

Meu pai é professor de faculdade, aposentado e, atualmente, voluntário da Unesp de Botucatu. Teve todos os títulos que um acadêmico pode ter, chegando a ser professor emérito. Minha mãe é pedagoga aposentada que ensinou na escola pública, particular e até lecionou em japonês. Quando perguntavam o que eu queria ser, falava que seria tudo, menos professor.

Passei por grandes empresas, fui empreendedor, montei empresa, ONG, associação... Enfim, cá estou. Sou professor com muito orgulho. Tenho até um apelido carinhoso: professor Naka. Dizem que o mundo dá voltas. Agradeço a todas as voltas que ele tem dado.

Neste dia tão especial e com tantas discussões polarizadas é sempre importante lembrar que devemos trabalhar e ter um foco em comum como humanidade.

"Feliz dia dos professores com muito impacto socioambiental", deseja o professor, coordenador e palestrante Marcus Nakagawa neste 15 de outubro
"Feliz dia dos professores com muito impacto socioambiental", deseja o professor, coordenador e palestrante Marcus Nakagawa neste 15 de outubro - Ricardo Stockler

Talvez esta falta de um objetivo comum e um propósito seja um dos motivos para que existam tantas pessoas doentes e sem direcionamento. Esta ansiedade que o mundo digital nos traz e as "vidas perfeitas" nas redes sociais funcionam como uma das diversas variáveis.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior índice de ansiedade —9,3% da população convivem com o transtorno.

Sabe-se da relação psíquica, psicológica e química desta epidemia. E temos convivido com alunos e alunas, amigos, filhos e filhas de amigos e familiares em nosso cotidiano. Mas podemos trabalhar esta energia para buscar transformações e mudanças na nossa realidade e quem sabe no nosso planeta. Talvez na sua casa, no seu bairro e, quem sabe, no país e em outros.

A ativista de 16 anos da Suécia, Greta Thunberg, despertou esta energia e está gerando discussões maravilhosas em todo o mundo. Mobilizando pessoas a favor ou contra, "causando" notícias falsas e fotos montadas, discursando na ONU, trabalhando sempre contra as mudanças climáticas.

A jovem sueca gera pauta na internet e na mídia tradicional. Aos 11 anos, ela sofreu uma forte depressão e parou de ir para escola, queixando-se de uma tristeza profunda. Segundo diversas reportagens, o estado emocional da jovem teve muito a ver com a crise climática e ecológica. E ela prometeu a si mesma que iria fazer algo de bom com a sua vida. Em setembro, a adolescente dirigiu-se ao plenário da cúpula do clima na ONU e trouxe fortes acusações a líderes políticos em seu discurso.

Ao lado da Greta, neste dia inesquecível, estava a brasileira Paloma Costa, 27, socioambientalista, cicloativista, educadora do clima e mobilizadora da juventude, como ela mesma se intitula. É estudante de direito, assessora do Instituto Socioambiental (ISA) e uma das coordenadoras do Engajamundo.

Temas para que alunos e alunas, como a Greta e a Paloma, busquem como propósito é o que não falta. Temos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que em 2015 foram definidos com 169 metas.

Estes são os nossos sonhos comuns de humanidade e nossa relação com o meio ambiente. Muitos países, estados e cidades estão trabalhando com estes temas, além de empresas e ONGs. Temos que inserir fortemente nas escolas e universidades.

Uma pesquisa de 2017 do IBOPE, em parceria com a ONU Brasil, com 2.002 entrevistados em 143 municípios, mostrou que 49% deles não conheciam os ODS e 38% já ouviram falar do tema, mas não conhecem o assunto. Ou seja, ainda falta bastante para que possamos disseminar este projeto comum de habitantes que estão dentro desta ecosfera.

Organizações como a Abraps —Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável– vão discutir, entre os dias 15 e 16 de outubro, sobre as várias temáticas com profissionais de várias áreas e segmentos, trabalhando sempre com educação.

O tema é colaboração e ressalta o ODS número 17 de parcerias no evento ODS Talks –5o. Encontro Nacional dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável.

Outra organização que vem trabalhando com os professores das universidades e faculdades é o ICE – Instituto de Cidadania Empresarial, que possui o Programa Academia financiado pelo BID Lab.

Seu objetivo é engajar professores e fortalecer a atuação das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras nas temáticas de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, com ênfase nas três dimensões básicas do ensino: pesquisa, docência e extensão.

Além de gerar e disseminar conhecimento possui um prêmio que incentiva os docentes a pesquisar e desenvolver trabalhos com alunos e alunas na temática, o Prêmio ICE - Finanças sociais e Negócios de Impacto. As inscrições estão abertas, e podem participar os alunos de graduação e pós-graduação, juntamente com seus orientadores.

O Instituto Akatu de Consumo Consciente, com o Instituto 5 Elementos, a Reconectta e a Virada Sustentável, também possui o "Prêmio Desafio 2030 - Escolas transformando nosso mundo", que visa conhecer iniciativas de instituições do Ensino Básico em prol da sustentabilidade e ligadas aos ODS.

Estamos vendo que existe um movimento e que precisamos cada dia mais de professores e professoras que trabalhem transversalmente e/ou diretamente com o tema do Desenvolvimento Sustentável para que possamos gerar mais impactos socioambientais.

Tenho a oportunidade de conviver e trabalhar com estes temas com universitários e estudantes do ensino médio e a resposta e soluções para os problemas socioambientais são maravilhosos. Precisamos estimular e questionar cada dia mais esta geração para que juntos possamos desenvolver um pensamento crítico aos modelos existentes e desenvolver novas soluções que levam em consideração a cada tomada de decisão não só os fatores financeiros, mas também as questões sociais e ambientais.

Feliz dia dos professores com muito impacto socioambiental.

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