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Brasileiros plantam árvores em homenagem às vítimas da Covid-19

Lançamento do movimento global Healing Trees no país é marcado por ações de plantio em São Paulo e no Rio de Janeiro

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Nazaré Paulista (SP)

​Foi um momento de plantar vida e semear esperança em um espaço criado para vivenciar o luto coletivo em um 12 de março que marca o segundo aniversário do registro da primeira morte pelo coronavírus no Brasil.

Na manhã deste sábado (12), cem mudas de espécies nativas da Mata Atlântica passaram a integrar um memorial verde em homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil e no mundo.

O ato cheio de simbolismo foi o lançamento oficial do movimento Healing Trees (árvores que curam, em tradução livre) no país, reunindo cerca de 30 voluntários na unidade do Ipê – Instituto de Pesquisas Ecológicas em Nazaré Paulista, interior de SP (a 92 km da capital).

"Estamos aqui em uma área de preservação permanente próxima ao reservatório de Atibainha, que integra o Sistema Cantareira, responsável por 50% do abastecimento de água de São Paulo", explicou o engenheiro florestal João Francisco Coelho, sobre o terreno escolhido para abrigar as árvores em memória das 654 mil vidas brasileiras perdidas na pandemia.

Representantes do Catalyst 2030 Brasil, movimento global para aceleração dos ODSs, e empreendedores socioambientais das redes Folha e Ashoka foram convidados pela ambientalista Suzana Pádua, cofundadora do Ipê, a fazer um minuto de silêncio.

"Plantar árvores é sempre significativo e fazer em homenagem a quem morreu de Covid é ainda mais. É trazer vida e contribuir com o planeta", disse Suzana.

O simbolismo da ação estava em detalhes como o fato de chamar de berços as tradicionais covas, que iam sendo feitas por um colaborador do Ipê munido de uma moto broca para perfurar o solo.

Na sequência, os voluntários depositavam as mudas de Embaúba, Ingá, Aroeira, Tamboril, Pau Viola, Pitanga, entre outras espécies nativas.

No mesmo horário, por volta das 10h30 da manhã, 15 integrante da Rede Responsible Leaders da Fundação BMW, promoveram ação semelhante em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Reunido no Sinal do Vale, espaço voltado para a regeneração de ecossistemas, o grupo de líderes socialmente responsáveis também fincou na terra com as próprias mãos um segundo memorial da campanha Healing Trees.

"Foi lindo e emocionante fazer essa atividade de plantio também no Rio", resumiu Rodrigo Baggio, fundador da Recode e membro do Catalyst 2030. "O pai de uma das voluntárias do nosso grupo morreu de Covid há dois meses e ela se emocionou muito ao cumprir a promessa que havia feito de plantar uma árvore em sua memória."

Mesmo sentimento de Deborah Ferreira, representante da Ashoka, ao plantar um muda de Araçá Amarelo na Cantareira em tributo à Milena Cayres, coordenadora de Juventude e Engajamento da Ashoka Brasil, que entrou para as estatísticas aos 31 anos ao morrer em 27 de fevereiro.

Já Paula Fabiani, CEO do Idis e líder do Catalyst 2030 Brasil, foi incumbida de plantar uma árvore para homenagear o pai de Karolina Bergamo, coordenadora do movimento no Brasil. João Carlos Bergamo tinha 66 anos, ao falecer em 17 de abril do ano passado.

"O fato de o Brasil representar 10% das mortes pela Covid-19 no mundo tem significado muito importante para fazermos essa ação", afirma Paula.

A manhã de chuva fina era um bom sinal de que as mudas vão vingar, fazer sombra e semear mais água e ar puro na região.

"Fazer esse plantio hoje me reconectou com o futuro. Quero voltar daqui a três, quatro anos ao Ipê com a minha filha para ver as árvores que plantamos nesse ato de esperança", afirmou Rosenildo Ferreira, publisher do portal 1 Papo Reto e cofundador da Aceleradora Vale do Dendê.

A ação em Nazaré Paulista teve a participação por videoconferência de Verónica Grant, diretora-executiva do Healing Trees, liderado pela ONG de mesmo nome baseada na Costa Rica.

"Agradecemos a todos vocês que se uniram a esse movimento global. Plantar e cuidar de uma árvore é um ato simbólico pela vida e uma ação climática", disse ela, convidando todos os brasileiros a se juntar ao mutirão planejado para 4 e 5 de maio para alcançar a meta de 5 milhões de mudas plantadas em todo o mundo.

"Se a pandemia é um desequilíbrio ambiental como se provou, árvore significa regeneração como a maior fábrica de oxigênio", afirma Suzana. "Para chegar ao plantio de 650 mil árvores, uma para cada brasileiro que se foi, o ideal é que empresas encampem essa ideia para ganharmos escala."

Uma placa registrou a largada da campanha nacional do Healing Trees, que conta com o apoio de grupos de parentes de vítimas do movimento Em Luta.

"As árvores plantadas na Mata Atlântica no dia 12/03/2022 simbolizam vida e homenageiam aqueles que morreram de Covid no Brasil e no mundo. Que sejamos porta-vozes da regeneração do planeta, beneficiando clima, biodiversidade e humanidade. Somos natureza e precisamos cuidar uns dos outros e da Terra, nosso lar."

Para participar da iniciativa, basta acessar healingtrees.org, preencher o formulário, escolher as espécies e o local em que deseja plantar e fazer a homenagem.

"Recomendamos que criem um memorial, uma placa que fique para a comunidade e que possa ser visitada", explica Verónica.

Os memoriais verdes propostos pelo Healing Trees estão em linha com outros movimentos similares no Brasil, entre eles o programa Bosques da Memória, criado por uma rede de ONGs, que planeja plantar pelo menos 200 mil árvores em seis meses.

Os plantios podem ser feitos por empresas, instituições públicas, governos e outras entidades. E também por iniciativa pessoal. O site do Healing Trees registrava 487 mil árvores plantadas em todo o mundo até o momento.

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