Duas organizações aproveitaram o Fiis (Festival de Inovação e Impacto Social) para anunciar lançamentos que pretendem impulsionar a cultura de doação no país.

Nada mais oportuno, considerando que o Brasil despencou 47 posições no recém-divulgado ranking mundial de solidariedade e ocupa agora a 122ª posição entre 146 países.

É último lugar na América do Sul, abaixo até da Venezuela, segundo pesquisa da Charities Aid Foundation, organização britânica representada na América Latina pelo Idis (Instituto de Desenvolvimento Investimento Social).

Para Paula Fabiani, diretora-presidente do Idis, a falta de confiança e de entendimento do papel das organizações sociais agravam o problema.

O Instituto Liberta, do filantropo Elie Horn, anunciou a criação do Movimento Bem Maior, plataforma digital para unir potenciais doadores a projetos inseridos em dez causas prioritárias, entre elas saúde, primeira infância, educação, deficiência e inclusão.

Horn é único brasileiro a integrar o The Giving Pledge, carta de intenção em que milionários se comprometem a usar parte de suas fortunas em filantropia.

"A nossa missão é dobrar o valor de doações em relação ao PIB em dez anos", afirma a administradora Carola Monteiro de Barros Matarazzo, que está à frente da Bem Maior. Além de apoiar ONGs com impacto comprovado, o movimento ajudará projetos menores das periferias do país.

O Idis, por sua vez, divulgou o lançamento da Campanha por uma Cultura de Doação. Os participantes do festival foram convidados a degustar em primeira mão o aplicativo "teste da causa", criado para incentivar o doador. As observações feitas por quem experimentou serão incorporadas antes do lançamento oficial, ainda neste mês.

"Novembro é o mês do Dia de Doar e, como acabamos de divulgar o ranking mundial de solidariedade, achamos que é uma boa data", disse Andrea Wolffenbüttel, diretora de comunicação do instituto.

Na busca por doações, a tecnologia tem sido uma aliada. "Ferramentas digitais possibilitam escala, são eficientes e seguras, além de facilitarem a gestão dos recursos", declarou Marcelo Jambeiro, diretor de parcerias, marketing e comunicação da Trackmob, startup que oferece soluções tecnológicas desenvolvidas exclusivamente para o Terceiro Setor.

O uso de cartões de crédito também tem se mostrado eficiente. "É um meio de pagamento seguro e eficiente, permite a recorrência e é acessível", afirmou David Ruiz, superintendente de Digital, Inovação e BigData em TI da Elo.

Ranking mundial de doação

122ª é a posição do Brasil; em 2016, o país ocupava a 75ª

14% dos brasileiros doaram dinheiro; em 2016, haviam sido 21%

13% fizeram trabalho voluntário; em 2016, haviam sido 20%

Fonte: Charities Aid Foundation