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Fernando Rocha

Fitness, sim, mas nem sempre

O segredo é equilibrar a atividade física com o torresmo e a cerveja de garrafa

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Fernando Rocha

Jornalista e escritor, foi apresentador do programa Bem Estar da TV Globo. É autor dos livros "Como Ser Leve Em Um Mundo Pesado" e "Na Medida do Possível (Ou Quase)"

Chego aqui com muito orgulho, "pisando nesse chão devagarinho."

Sou paulistano de Minas Gerais e jornalista desde o século passado. Gosto muito de cerveja de garrafa, comida e conversa de boteco com torresmo no sábado a tarde. É necessário explicar que não se trata de long neck – e que chopp não é cerveja.

Durante quase uma década apresentei um programa diário, ao vivo e em rede nacional, sobre saúde e qualidade de vida. Aprendi a falar com habilidade sobre proteínas e carboidratos, triglicérides e colesterol. Me familiarizei com silabas sinistras como TGO e TGP além de outras perturbadoras como TDA E TDAH. Ao mesmo tempo, tive o privilegio de conviver diariamente com os melhores médicos do Brasil das mais variadas especialidades.

Fernando Rocha corre em parque em Chicago, nos EUA
Fernando Rocha corre em parque em Chicago, nos EUA - Júlia Bandeira

Se a vida saudável fosse um idioma eu posso dizer que tive muito contato com esse alfabeto fantástico, e pratiquei na rotina de todo dia as premissas que aprendi nessa jornada. Mas, mesmo assim, nunca abandonei meu duelo com os ponteiros da balança. A luta de mais da metade da população brasileira contra gramas e miligramas também sempre foi minha luta.

Corri a São Silvestre cinco vezes e em todas elas cheguei em primeiro lugar na minha categoria (isso porque na minha categoria só tinha eu). Também enfrentei uma ultra maratona internacional da Suíça até a França aos pês do Montblanc e cheguei quase inteiro depois de dez horas de prova. Mesmo assim, na conta inflacionada das calorias, vivo sempre no cheque especial.

Sigo equilibrando os pratos entre o movimento necessário dos 10 ou 15 mil passos por dia e o filé a parmegiana que sempre me chama. Já entendi faz muito tempo que depois dos 35, dos 40 e dos 50, o exercício de musculação é ginastica para o corpo inteiro, incluindo o cérebro.

A academia não é exatamente o lugar que mais gosto de frequentar, mas enfrento os aparelhos da mesma forma que encaro uma segunda-feira depois de um feriado prolongado. Tenho certeza que milhões de terráqueos sofrem com esse mesmo dilema.

Depois de tanto esforço, sempre acabo negociando comigo mesmo algumas calorias de recompensa que variam de um simples quindim a um sofisticado sanduíche de mortadela.

A lista é imensa. Dentro de mim, a terceira guerra mundial já começou. Não tem lógica mas tem sentimento. A luta é contra a gente mesmo, do lado de dentro.

Nessa ciência das verdades transitórias que é a medicina, existem mais perguntas do que respostas. Quantas dietas existem no mundo? Quantas ainda vão surgir? Todas elas acessíveis com a ponta dos dedos na internet.

Quantas dicas, truques, frases e produtos para espantar a preguiça e sair do sedentarismo?

Mesmo navegando nesse universo de informações disponíveis a obesidade deve atingir 30% da nossa população adulta em 2030.

O que é possível fazer hoje para sair da estatística amanha? Como ser mais forte que nossas melhoras desculpas é o enigma/pergunta de um milhão de dólares quando o assunto é auto cuidado, qualidade de vida e longevidade. E se a pergunta custa tão caro, imagine o preço da resposta?

A chave só gira do lado de dentro e as grandes mudanças começam com pequenos passos. Decifrar os rótulos, planejar a geladeira ou aprender a tomar café sem açúcar nem adoçante, por exemplo, pode ser um ponto de partida.

Existem milhares de outros e em todos eles é preciso gostar do processo. É mais importante que o próprio resultado. O importante é começar.

A vida é todo dia e isso vale para qualquer idade – e para qualquer peso.

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