Descrição de chapéu Corpo Copa do Mundo 2022

Privação de sono pode impactar desempenho de jogadores na Copa

O capitão da seleção, Thiago Silva, diz que jogo noturno atrapalha recuperação dos atletas; especialistas concordam

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Giovanna Balogh
São Paulo

A privação de sono foi apontada pelo jogador Thiago Silva, capitão da seleção brasileira, como um dos motivos que atrapalharam a equipe no jogo contra a Suíça, nesta segunda (28). A partida terminou em 1 a 0 e classificou o Brasil para as oitavas de final.

Segundo o zagueiro, a primeira partida da seleção na Copa, que aconteceu às 22h (horário local) na última quinta (24) contra a Sérvia, foi prejudicial à equipe de Tite pois a Suíça teve mais tempo entre um jogo e outro. "Eles tiveram um pouco mais de tempo de recuperação. Eles jogaram à tarde e nós, à noite (na primeira rodada). Perdemos uma noite de sono, sabemos o quanto isso influencia", afirmou o jogador em entrevista ao canal Sportv.

Jogador Thiago Silva com camisa da seleçao
O capitão da seleção, Thiago Silva, que argumentou que noite de sono perdida por brasileiros afetou o resultado contra a Suíça - Kai Pfaffenbach - 24.nov.2022/Reuters

A médica especializada em medicina do sono, Luciane Luna de Mello, do Instituto do Sono, em São Paulo, explica que o sono não é igual ao de um jogador que joga de tarde, como a Suíça na primeira rodada, e outro que joga à noite. "Para conseguir dormir, o atleta precisa de pelo menos duas horas para baixar a sua temperatura corporal. Como eles têm muito estímulo até após o jogo, isso pode levar até três ou quatro horas."

"Os atletas trabalham com performance e o sono tem tudo a ver com isso. Quem dorme melhor certamente terá um desempenho melhor em campo do que o adversário que não dormiu", diz a especialista.

Atletas precisam dormir mais

Álvaro Pentagna, coordenador de neurologia do Hospital Vila Nova Star e responsável pelo Ambulatório do Sono do Hospital das Clínicas, concorda que a privação de sono pode impactar no desempenho em campo. "Enquanto qualquer adulto deve ter entre sete e oito horas e meia de sono, alguns estudos mostram que um atleta deveria ter entre nove e dez", diz.

Não é só quantidade de horas que interessa, porém. É preciso dar uma atenção para a qualidade do sono. "Até terminar a partida, ir para o hotel, jantar, descansar, dormir e ter aquele sono reparador leva tempo. Eles vão dormir depois das 3h da madrugada e isso prejudica sim pois, mesmo que durmam até o meio-dia, o sono durante o dia não é da mesma qualidade como temos à noite. Além da claridade, tem o barulho, e o sono fica prejudicado", explica.

O médico ressalta que quem não dorme bem pode ter vários prejuízos ao longo do dia. "A pessoa fica mais irritada, mais mal-humorada, menos atenta e, é claro, mais cansada. Um jogador após uma partida precisa se alimentar e dormir bem. Ele precisa da recuperação óssea, muscular e cerebral para estar mais focado no próximo treino e no próximo jogo", afirma o neurologista.

Próxima partida

Nesta sexta-feira (2) a seleção volta a jogar às 16h (de Brasília; 22h horário local), o que novamente fará os jogadores terem menos tempo de sono. O Brasil vai enfrentar Camarões para tentar garantir a primeira colocação no Grupo G. Se terminarem em primeiro lugar, voltam a jogar na segunda (5) e, se ficarem em segundo, na terça-feira (6).

Mello afirma ainda que o que poderia ajudar é reduzir os estímulos desde o momento que eles saem do estádio rumo à concentração. "O ideal seria ir no ônibus em um ambiente mais escuro, com pouco barulho. Mas, sabemos que isso não acontece e que eles vão batucando, fazendo música e celebrando. Por isso, leva ainda mais tempo para eles dormirem."

Ao chegar, ela orienta que o melhor é os jogadores reduzirem as conversas, tomar um banho relaxante e deitar no quarto escuro, sem o uso de TV e, é claro, deixar o celular de lado. "Como eles são jovens, podem dormir em qualquer posição e vão ter um sono profundo tanto por conta da adrenalina como da endorfina", diz.

Pentagna diz que nem todos os atletas sentem o impacto de dormir menos da mesma forma. "Cada um reage de uma maneira, mas de uma forma ou de outra acaba impactando sim. O ideal seria um intervalo maior entre os jogos para que eles pudessem ter uma recuperação melhor", avalia.

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