Como praticar o sentimento de gratidão para melhorar a satisfação com a vida

Contar nossas bênçãos também pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, além de aumentar a autoestima

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Christina Caron
The News York Times

Quando eu era criança, na Califórnia, vivendo longe de nossos familiares mais distantes, meu irmão e eu sempre encerrávamos a época das festas de fim de ano mandando cartas de agradecimento aos parentes.

Aos oito anos, as cartas já eram muito mais que apenas um agradecimento obrigatório por uma boneca ou uma roupa nova recebida: eram uma oportunidade de compartilhar partes de minha vida com os tios, tias e avós que eu raramente via pessoalmente.

Ilustração de caderno para anotar gratidão
Cultivar a gratidão pode aumentar a autoestima e melhorar a satisfação com a vida - Lucy Jones/The New York Times

Hoje em dia escrever cartas parece algo antiquado, mas quando examinei a ciência por trás da gratidão em artigo que li no mês passado, descobri que expressar um agradecimento não precisa levar muito tempo. Mesmo uma mensagem de texto curtinha pode reforçar nossos laços sociais.

Cultivar uma atitude de gratidão e reservar alguns minutos por dia para contar nossas bênçãos também pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, aumentar a autoestima e melhorar a satisfação que sentimos com a vida.

Nas palavras de um especialista, a gratidão tem resultados positivos que se perpetuam.

Nesse espírito, pedimos a leitores para nos dizerem como praticam a gratidão. Recebemos quase 800 respostas. Veja algumas das estratégias.

Demonstre

Jeanne Rogow, 63, vive em Traverse City, Michigan, e conta: "Meu marido e eu nos revesamos diariamente para contar um ao outro três coisas pelas quais nos sentimos gratos. Se deixamos um dia passar em branco, digo a mim mesma antes de adormecer."

Mitchell Shapiro, 69, de Forte Lee, Nova Jersey, diz que agradece a sua mulher cada vez que ela cozinha uma refeição. "Ela não gosta de cozinhar", conta ele. "Eu lavo a louça. Com gratidão."

E William McDonnell, 75, também de Nova Jersey, escreve bilhetinhos de agradecimento a todo o mundo que é prestativo e simpático. Pode ser um representante de atendimento ao consumidor numa loja ou um parente que passou tempo com ele. "As pessoas gostam realmente quando são reconhecidas por algo positivo que fizeram", diz.

Combine a gratidão com movimento

Vários leitores disseram que exercício físico e ações de gratidão são uma combinação muito boa.

Deborah Rathbun, 66, de Sharon, Connecticut, sai para caminhar várias vezes por semana, sempre prestando atenção à beleza que a cerca. "O azul do céu, as árvores verdejantes, como a bandeira está flutuando na brisa, um chuvisco que fará tanto bem aos jardins".

Em seguida ela reflete sobre as 24 h anteriores e "as coisinhas pequenas que deram certo ou com as quais estou satisfeita". Pode ser uma troca de palavras e sorrisos com um balconista ou uma mensagem de texto que ela finalmente enviou a uma amiga.

Quando ela volta para casa depois da caminhada, conta, sente-se tranquila, com a mente desanuviada.

Registre o que você quer dizer

Mais de cem leitores disseram que usam diários ou aplicativos como Day One, Gratitude Plus e Flavors of Gratefulness para registrar as coisas boas que acontecem em suas vidas.

"A melhor coisa que minha terapeuta me ensinou foi gravar minha ‘vitória’ todos os dias", diz Elizabeth Chan, 35, residente em San Antonio. "Isso tem me ajudado a desenvolver meus músculos do otimismo, que estavam atrofiados havia décadas."

Dê vazão ao seu lado artístico

"Eu pinto pequenas aquarelas e escrevo uma nota no verso", conta Owen Harvey, 49, de Kingston, Nova York. E então os manda pelo correio a um amigo ou parente.

Harvey diz que esse hábito nasceu durante os momentos de maior isolamento devido à pandemia.

"As redes sociais não tinham a intimidade de conexão que me fazia falta", afirma ele. "Parecia algo impessoal demais."

Inclua a gratidão em sua rotina noturna

"Toda noite, depois de desligar a luz e me acomodar para dormir, penso em cada pessoa com quem estive ao longo do dia, desejando-lhes consolo e agradecendo pela presença delas no meu dia", conta Carol Mangowan, 70, de Salisbury, Connecticut.

A lista é tão longa que ela geralmente adormece antes de terminar.

"Além de cair em um sono profundo, o benefício desse hábito é me proporcionar uma sensação profunda de conexão com a condição humana e com meu lugar no mundo", conta.

Agradeça como parte de um grupo

Louise Miller, 52, de Boston, diz que escreve sua lista de gratidão em um diário e a envia para um grupo de amigas que também compartilham suas próprias listas. "Elas quase sempre incluem alguma coisa que me inspira a sentir mais gratidão", conta ela. "É uma coisa contagiante!"

Zach Ford, 33, morador do Brooklyn, em Nova York, afirma que desde suas primeiras semanas de sobriedade, seis anos atrás, ele segue uma prática de gratidão quase diária. Toda manhã ele compartilha sua lista de gratidão em um email enviado a algumas outras pessoas.

"Nos primeiros dias de sobriedade, não me pareceu que eu tivesse muita coisa a comemorar", conta ele. "Mas a prática de gratidão me ajudou a rever isso. Em vez de enfocar o negativo, ou as coisas que não estavam indo bem, comecei a destacar as coisas positivas. Isso não quer dizer que eu não sinta mais tristeza ou dor, mas me deu a capacidade de enxergar o bom e o ruim simultaneamente e reduziu tremendamente os momentos de desesperança."

Tradução de Clara Allain

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