Lipoaspiração é considerada procedimento estético seguro, mas tem riscos

Cerca de 2 milhões de pessoas fizeram a cirurgia no Brasil em 2023, e técnica é a intervenção cirúrgica estética mais procurada

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ribeirão Preto

A morte da influenciadora e dançarina Luana Andrade, 29, na terça-feira (7), após uma lipoaspiração, reacendeu discussões sobre os riscos da remoção cirúrgica de gordura corporal.

Segundo especialistas, trata-se de uma intervenção de baixo risco, mas demanda um paciente com boa saúde, exames pré-operatórios completos, além de profissionais e ambiente hospitalar preparados para lidar com complicações. Os limites também são importantes, com extração de volumes máximos de 5% a 7% da gordura corporal.

Médico realizando procedimento de lipoaspiração
Médico realizando procedimento de lipoaspiração - Unsplash

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estima que 2 milhões de pessoas tenham feito o procedimento em 2023 e o procedimento é a intervenção cirúrgica estética mais procurada no país.

No caso da assistente de palco do programa Domingo Legal, do SBT, a causa da morte declarada pelo Hospital São Luiz, onde o procedimento foi realizado com uma equipe de anestesia externa, foi embolia pulmonar maciça.

Dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) apontam que as cirurgias plásticas estiveram entre as principais queixas feitas junto à entidade, ocupando, em 2022, o 9º lugar no ranking de temáticas abordadas pelas sindicâncias para apuração de denúncias. O top 10 inclui também itens como "imperícia, negligência e imprudência" (3º) e condições de funcionamento / hospital (4º).

Para o Cremesp, o quadro expõe a necessidade de escolher bem os profissionais responsáveis. Em nota, ressaltou que "todo e qualquer procedimento estético está sujeito a complicações, independentemente do seu nível de complexidade" e que é "dever do médico informar o paciente sobre todos os benefícios e riscos decorrentes de determinado procedimento".

Para Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP e do Hospital Albert Einstein, o caso da dançarina é representativo de intercorrências que podem estar associadas a forma como procedimento é feito.

"A lipoaspiração, como qualquer outro tipo de cirurgia plástica estética, é considerada uma cirurgia de baixo risco porque o paciente, quando vai fazer, é normalmente jovem, com pouca doença e está fazendo o procedimento de forma eletiva, não é uma urgência." Nesse cenário, diz o médico, se o pré-operatório for feito com atenção, com exames bem-feitos e avaliações anestésica e cardiológica adequadas, o risco é mínimo.

"A gente vê que todo ano tem de uma a duas mortes por lipoaspiração na mídia. O que acontece é que pelo volume altíssimo deste procedimento no Brasil, vai cair na estatística de complicação", afirma. Os principais problemas que podem surgir estão ligados a inflamações no corpo.

Ele diz que a lipo conta com um risco que não existe em outras cirurgias, que é a perfuração. "Pode perfurar o órgão, faz uma reação inflamatória maior e tem uma maior incidência de trombose venosa profunda, que é aquele coágulo que dá na perna e pode cair na grande circulação e ir para o pulmão, fazendo tromboembolia pulmonar."

Alguns dos cuidados durante a cirurgia incluem uso de meia elástica, uso de máquina compressora intermitente de membro inferior —um aparelho massageador que simula caminhadas—, cuidados com posicionamento dos membros inferiores, manter os pacientes aquecidos e uso de coagulantes no pós operatório.

Ricardo Cavalcanti, chefe da Divisão de Cirurgia Plástica e Reparadora da UNIRIO, afirma que a lipoaspiração é para gordura localizada e não deve ser sugerida como cirurgia para emagrecimento. Ele diz que a lipo é contraindicada em casos de obesidade. "Muitos pacientes escondem a condição de saúde, e o local onde vão fazer", afirma.

O cirurgião reitera a necessidade de um ambiente adequado para a operação e afirma que não deve ser feito em consultórios.

Diovane Ruaro, presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Plástica (CBCP), afirma que deve haver um anestesiologista monitorando o paciente durante todo o procedimento para minimizar os riscos de complicações, que podem incluir alergias a medicamentos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.