Você já deve ter encontrado bolinhas vermelhas em regiões de atrito do corpo, como pernas e glúteos. Apesar de parecida, ela não tem nada a ver com a acne. A foliculite é uma irritação na estrutura da pele onde crescem os pelos, os chamados folículos pilosos. O próprio nome significa uma inflamação no complexo pilossebáceo (folículos pilosos e glândulas sebáceas).
"Esse quadro gera a foliculite, uma doença muito comum caracterizada por pequenas bolinhas vermelhas com o centro contendo pus, sempre na região onde está o pelo", diz Elisa Coelho, dermatologista e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
"Em relação às causas, a foliculite pode ser secundária a agentes infecciosos (como bactérias e fungos) ou ser induzida por irritantes ou até medicamentos", explica.
A principal causa da foliculite é a infecção por Staphylococcus aureus, uma bactéria que pode colonizar a pele. Quando há uma quebra na barreira protetora da pele, o microrganismo pode entrar através da abertura do pelo, resultando em infecção.
Além disso, a pseudofoliculite, uma condição não infecciosa, pode ocorrer em áreas depiladas com lâmina, como barba, virilha e pernas. Nesse caso, os pelos raspados não conseguem atravessar as camadas superficiais da pele, causando inflamação local que imita os sintomas da foliculite.
A depilação pode facilitar o surgimento da foliculite, já que o processo de remoção dos pelos pode irritar os folículos pilosos. Os métodos mais agressivos, como a depilação com cera, aumentam o risco de pelos encravados e inflamação.
"Nas pernas e glúteos, as principais causas incluem atrito constante, irritação por roupas apertadas e suor excessivo. Áreas propensas à foliculite muitas vezes têm pelos mais grossos e curvos, favorecendo o encravamento", pontua o dermatologista Gustavo Martins, também membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Por mais que cada indivíduo tenha uma pele diferente, existem fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver foliculite. Condições dermatológicas, imunossupressão e diabetes podem ser agravantes, explica Martins. "Evitar a depilação excessiva, especialmente com métodos agressivos, reduz o risco."
Entretanto, a dermatologista Elisa Coelho explica que a predisposição à formação de foliculites varia entre as pessoas, sendo que algumas apresentam uma maior propensão. É importante também saber diferenciar a foliculite da acne, sendo duas condições com lesões semelhantes.
"A acne é causada por inflamação nas glândulas sebáceas. O aparecimento de cravos é uma dica para pensarmos em um quadro mais sugestivo de acne e não de foliculite. As regiões mais comuns da acne são face, costas, ombro e região do colo, porém pode ocorrer em outras regiões também. Um dermatologista poderá ajudar a fazer a diferenciação entre as duas", recomenda Coelho.
O diagnóstico preciso da foliculite é o primeiro passo para tratar e evitar esse problema no futuro. Essa condição pode imitar várias outras doenças, pensando em características das lesões, distribuição, localização e histórico do paciente. Um especialista consegue determinar do que trata sem necessidade de exames adicionais, a menos que haja suspeita de formas atípicas, como origem fúngica.
Como evitar foliculite
A higiene pessoal é o primeiro passo. A limpeza e hidratação da pele precisam ser feitas com produtos específicos para cada região do corpo. "Os produtos muito oleosos, quando utilizados no rosto, podem causar uma oclusão do folículo, propiciando o aparecimento de foliculites, pseudofoliculites e miliária (uma outra condição em que ocorre a dificuldade da saída de secreção de glândulas anexas ao pelo)", explica Coelho.
Uma outra dica é não esquecer de hidratar o resto do corpo, especialmente se a sua pele tem propensão ao ressecamento. "O hidratante ajuda a restaurar a barreira cutânea e isto mantém a proteção natural da pele", completa a especialista.
Também não há contraindicações para a depilação com lâmina de barbear, exceto se você tiver alergia aos metais. Mas lembre-se de usar lâminas individualmente, evitando o compartilhamento, limitar o uso a no máximo três vezes por semana para prevenir contaminação e foliculite infecciosa e realizar a depilação no sentido do pelo, nunca contra o crescimento.
"Optar por métodos de depilação mais suaves, como lâminas afiadas, creme depilatório ou laser pode reduzir o potencial de irritação nos folículos. Contudo, a escolha do método deve ser personalizada, levando em consideração a sensibilidade da pele, histórico de foliculite e preferências individuais", recomenda Coelho.
A esfoliação pode ser sua amiga e inimiga na hora de evitar a foliculite. Caso sua pele tenha tendência ao ressecamento, esse procedimento pode danificar a barreira cutânea. Se feita com cautela e indicação, a esfoliação pode ser semanal ou quinzenal, segundo os médicos.
Outros cuidados essenciais para prevenir foliculites corporais, como no glúteo e nas pernas, é evitar roupas apertadas e de tecido sintético, bem como reduzir o tempo sentado, pois isso pode causar oclusão mecânica dos folículos, levando à inflamação.
Por fim, a recomendação dos especialistas é procurar um dermatologista caso a foliculite seja recorrente, para a realização de tratamentos específicos —que podem incluir antibióticos para casos infecciosos e o uso de cremes queratolíticos, como uréia e ácido salicílico, para condições associadas ao fechamento do folículo.
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