Descrição de chapéu Saúde Pública

OMS aponta vírus da chikungunya e da dengue como de 'preocupação global'

Entidade divulgou lista de patógenos que podem gerar emergência de saúde

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São Paulo

A OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgou, na semana passada, uma lista com famílias de patógenos que podem ser motivo de preocupação global. Foram mencionados como altos os riscos para o vírus causador da chikungunya, da dengue e da varíola dos macacos.

A lista cresceu em relação às versões anteriores do documento, de 2017 e 2018. Permaneceram os patógenos causadores da Ebola, Zika, febre de Lassa, vírus Nipah e os da família Coronaviridae, do coronavírus.

Os vírus que causam chikungunya, dengue, varíola dos macacos, varíola e diferentes influenza, como os das gripes, foram incluídos, assim como bactérias como a Klebsiella pneumoniae, superbactéria que causa pneumonia.

Passageiros com máscaras no terminal de ônibus da estação Santana do metrô - Rubens Cavallari - 26.11.2022 /Folhapress

O documento envolveu mais de 200 cientistas de mais de 50 países, que avaliaram as evidências relacionadas a 28 famílias virais e um grupo central de bactérias, abrangendo 1.652 patógenos. O relatório foi apresentado durante a Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024, evento organizado pelo Ministério da Saúde, Fiocruz e Cepi (Coalizão para Promoção de Inovações em prol da Preparação para Epidemias).

As três evidências consideradas para avaliar o potencial de um patógeno causar uma emergência nacional ou uma pandemia são os padrões de transmissão, a virulência e a disponibilidade de ferramentas médicas para lidar com a doença.

Os especialistas afirmam que a lista de "patógenos prioritários" ajudará organizações a decidir onde concentrar seus esforços no desenvolvimento de tratamentos, vacinas e diagnósticos.

O documento defende um quadro científico para melhorar a preparação para futuros surtos, emergências de saúde pública de interesse internacional e pandemias.

O médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), afirma que a presença do vírus da chikungunya na lista aponta que a maior aposta que o país pode fazer no momento contra o patógeno é a vacina.

"Algumas estratégias para enfrentá-lo são promissoras, de forma análoga ao que acontece com a dengue, mas os resultados concretos até agora são muito pequenos."

Em dezembro de 2023, o Instituto Butantan enviou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido de registro para uso da vacina contra a chikungunya no Brasil. O imunizante foi desenvolvido pelo órgão em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva.

"Até que isso aconteça, precisamos investir mais em comunicação, acesso aos serviços de saúde, capacitação dos profissionais e disponibilidade de testes para diagnóstico. É frequente o diagnóstico equivocado entre dengue, Zika e chikungunya", diz.

O Brasil enfrentou, este ano, sua maior epidemia de dengue da história, com mais de 5 mil mortes confirmadas.

O vírus da varíola dos macacos, também incluído este ano, causou um surto global em 2022 e continua a se espalhar em zonas do continente africano. Este mês, o comitê de emergência da OMS se reuniu para avaliar se é necessário declarar o nível de alerta mais alto para a epidemia de varíola dos macacos, diante da possibilidade de uma nova propagação internacional dentro e fora da África.

Uganda registrou os seus dois primeiros casos da doenla na semana passada, no distrito de Kasese, na fronteira ocidental, nas cidades de Mpondwe e Bwera.

Quênia e Burundi anunciaram um e três casos, respectivamente, no mês passado. A República Democrática do Congo notificou 11 mil casos em 20 de julho, incluindo 450 mortes. Ruanda e Costa do Marfim também relataram casos de varíola dos macacos nos últimos dias.

A lista da OMS inclui ainda o "patógeno X", aquele que pode causar uma nova pandemia, mas que não é conhecido pela comunidade científica até agora.

Por isso, o documento destaca a importância de aumentar investigações em muitas regiões do mundo, particularmente locais com escassez de recursos e elevada biodiversidade, que ainda são pouco monitorados e estudados. A pesquisa afirma ainda que a mudança climática pode alterar os padrões de transmissão.

Lista completa de patógenos de risco da OMS

  • Mammarenavirus lassaense

    Febre de Lassa

  • Vibrio cholerae serogroup 0139

    Cólera

  • Yersinia Pestis

    Peste pulmonar, peste septicêmica ou peste bubônica

  • Shigella dysenteriae serotype 1

    Shigelose

  • Salmonella enterica non typhoidal serovars

    Salmonelose não tifoide

  • Klebsiella pneumoniae

    Pneumonia

  • Subgênero Merbecovirus

    Coronavírus, causa Síndrome respiratória do Oriente Médio

  • Subgênero Sarbecovirus

    Coronavírus, causa Síndrome Respiratória Aguda Grave

  • Orthoebolavirus zairense

    Ebola

  • Orthomarburgvirus marburgense

    Doença de Marburg

  • Orthoebolavirus sudanense

    Ebola pelo vírus Sudão

  • Orthoflavivirus zikaense

    Zika

  • Orthoflavivirus denguei

    Dengue

  • Orthoflavivirus flavi

    Febre amarela

  • Orthohantavirus sinnombreense

    Febre hemorrágica das Américas

  • Orthohantavirus hantanense

    Febre hemorrágica

  • Orthonairovirus haemorrhagiae

    Febre hemorrágica da Crimean-Congo

  • Alphainfluenzavirus influenzae H1, H2, H3, H5, H6, H7, H10

    Gripes

  • Henipavirus nipahense

    Vírus Nipah

  • Bandavirus dabieense

    Febre Grave com Síndrome de Trombocitopenia (SFTS)

  • Orthopoxvirus variola

    Varíola

  • Orthopoxvirus monkeypox

    Varíola dos macacos

  • Alphavirus chikungunya

    Chikungunya

  • Alphavirus venezuelan

    Encefalite Equina Venezuelana

  • Patógeno X

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