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Filtro solar protege contra câncer de pele e não causa deficiência de vitamina D

Diferente do que dizem notícias falsas na internet, protetores não causam carcinoma; leia edição da newsletter Cuide-se

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São Paulo

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A pele é o maior órgão do corpo, e por isso é fundamental protegê-la dos efeitos ambientais, como a exposição solar. Nesta edição, falo sobre a importância do uso de protetor solar como prevenção para o câncer de pele.

A imagem mostra uma pessoa aplicando protetor solar no braço esquerdo. A pessoa está usando uma camiseta preta e um relógio de pulso marrom. Na mão direita, segura um frasco de protetor solar com tampa azul
Estudos comprovam que o protetor solar é eficaz em prevenir câncer de pele - Rawpixel.com/Adobe Stock

Use filtro solar

Quem viveu no início dos anos 2000 deve se lembrar da campanha com a voz de Pedro Bial por cima de imagens de pessoas dizendo mensagens motivacionais, como "use filtro solar". A peça publicitária foi inspirada em uma campanha da também jornalista americana Mary Schmich, publicada em 1997 no Chicago Tribune.

Embora parecesse simples, a mensagem causou uma mudança significativa no comportamento das pessoas. Atualmente, porém, vídeos propagam informações falsas sobre filtro solar –que seu uso levaria ao aumento de casos de câncer ou a uma deficiência de vitamina D, por exemplo.

De acordo com a dermatologista Aparecida Moraes, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e professora na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o protetor solar funciona porque tem substâncias químicas ou físicas que fazem a absorção ou a reflexão da luz.

  • "Mais precisamente, da radiação ultravioleta, que pode causar dano nas células da pele. [Os filtros] são substâncias conhecidas e seguras e, ao contrário do que se diz, não causam câncer de pele, e sim protegem dos efeitos nocivos da radiação", diz.

Uma revisão sistemática que analisou mais de 532 publicações sobre o efeito da substância na prevenção de câncer de pele –mas só incluiu sete estudos na análise final– de 1993 a 2017 apontou que o uso do protetor esteve associado a uma redução em melanomas, carcinomas (tumores de pele não melanoma) e lesões cutâneas pré-cancerígenas.

  • A diferença entre melanoma e carcinoma está na origem das células cancerígenas: enquanto o primeiro tem origem a partir dos melanócitos (células produtoras de melanina), o carcinoma é formado em células da pele basais.

Outro artigo, publicado na revista Photodermatology, Photoimmunology & Photomedicine em 2011, concluiu que o uso de filtro solar preveniu carcinomas, não apresentou nenhum efeito na deficiência de produção de vitamina D e não esteve associado a efeitos adversos à saúde humana.

Incidência

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de pele do tipo não melanoma é o mais incidente (31,3% do total). Segundo as estimativas para o triênio 2023-2025, devem ser registrados 704 mil novos casos por ano de câncer no Brasil, sendo 220 mil de pele.

Um estudo retrospectivo feito no estado de São Paulo aponta que a incidência de novos casos de melanoma maligno caiu de 3,2%, em 1999, para 2,1% em 2003 e depois 1,9% em 2004, um ano após a campanha de Bial. Casos de tumores do tipo carcinoma espinocelular (um tipo com grande risco de metástase) foram de 23,6%, em 2003, para 21,4% em 2004.

  • O estudo foi realizado pelos pesquisadores Angela Cristina Silva, José Tadeu Tommaselli da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente e Marcelo de Paula Corrêa, da Universidade Federal de Itajubá.

A queda não é atribuída à campanha publicitária, é claro. Os autores concluem que a "exposição solar regrada, a não utilização de fontes artificiais de raios ultravioleta (como câmaras de bronzeamento) e o uso de fatores de fotoproteção secundários como roupas, chapéus, óculos escuros e protetores solares tendem a diminuir o risco potencial do desenvolvimento de câncer de pele".

Prevenção

Os filtros solares trazem dois tipos de proteção: a física, que tem como objetivo refletir os raios ultravioletas, e a química, formada por substâncias que absorvem os raios que penetram nas células. A maioria dos protetores de uso tópico (cremes) são filtros químicos, enquanto filtros em pó são físicos.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), os protetores solares ideais devem ter fator de proteção no mínimo 30 e proteger contra os raios UVA e UVB.

Além disso, para garantir uma boa proteção, eles devem ser aplicados com uma camada espessa e bem espalhada por todo o corpo de 20 a 30 minutos antes da exposição ao sol, e devem ser reaplicados a cada duas horas. Áreas de atenção são orelhas, nariz, testa e pescoço.

Já o Ministério da Saúde reforça que o câncer de pele é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, mas a média da idade vem diminuindo com o passar dos anos, tendo em vista que pessoas jovens têm se exposto constantemente aos raios solares.

O diagnóstico só pode ser confirmado por um especialista, mas alguns sinais que podem acender o alerta para buscar atendimento médico são: manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho ou cor; e feridas que não cicatrizam.

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