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Programa reduz 33% das infecções em UTIs

Dados são de 119 hospitais do país; quase mil vidas foram salvas em 18 meses

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São Paulo

​Um projeto dos cinco hospitais filantrópicos que integram o Proadi-SUS em conjunto com o Ministério da Saúde reduziu em 33,4% o número de infecções gerais em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). Nos 18 meses do programa Saúde em Nossas Mãos, que vai até 2020, mais de 2.800 infecções foram evitadas e 978 vidas foram salvas

O programa foi oficializado em maio de 2017 e de lá para cá milhares de funcionários e colaboradores de outros 119 hospitais em 25 estados receberam treinamentos e participaram do projeto. A meta inicial era reduzir as infecções em 30%. Já a meta final, cujo resultados devem ser apresentados em outubro de 2020, é de redução de 50%.

Entre os representantes dos hospitais filantrópicos é consenso que há dificuldade de disseminar a importância de práticas e hábitos simples que podem evitar infecções nas UTIs. O projeto criou, como previsto na sua metodologia, consensos e padrões para facilitar o treinamento de médicos, enfermeiros e demais colaboradores dos hospitais atendidos. 

Em evento auditório do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, médicos discutem resultados positivos do primeiro um ano e meio do projeto Saúde em Nossas Mãos
Em evento auditório do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, médicos discutem resultados positivos do primeiro um ano e meio do projeto Saúde em Nossas Mãos - Hospital Israelita Albert Einstein - Márcio Viveiro

O PNSP (Programa Nacional de Segurança do Paciente) teve um papel fundamental para que o projeto fosse criado. Segundo Henrique Neves, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira do Hospital Albert Einstein, quando o programa foi criado, em 2013, a necessidade de enviar ao ministério, periodicamente, dados sobre eventos adversos (como as infecções) movimentou os hospitais filantrópicos para que houvesse a redução das taxas de infecção. 

Com alguns casos de sucesso internos, o que os hospitais da rede Proadi notaram é que ao integrar melhor as equipes com a chefia era possível mitigar os casos de infecções. 

Juntos, os hospitais filantrópicos propuseram ao Ministério da Saúde a criação de um programa nacional com foco no combate aos três principais tipos de infecção em UTIs: IPCSL (infecção primária da corrente sanguínea associada a cateter venoso central), PAV (pneumonia associada à ventilação mecânica) e ITU-AC (infecção do trato urinário associada a cateter vesical). 

Queda percentual das Infecções combatidas pelo Saúde em Nossas Mãos

Medidas simples podem diminuir os riscos e salvar vidas

  1. IPCSL

    A infecção primária da corrente sanguínea associada a cateter venoso central teve queda de 41,5%

  2. PAV

    A pneumonia associada à ventilação mecânica teve queda de 27,8%

  3. ITU-AC

    A infecção do trato urinário associada a cateter vesical teve queda de 47,7%

No primeiro ano e meio do Saúde em Nossas Mãos, foram economizados R$ 149 milhões em recursos do SUS que seriam destinados a exames e remédios para infecção. 

Além disso, a queda no número de infecções impacta, também, a disposição de leitos do SUS. Segundo disse Francisco de Assis Figueiredo, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, ao dar alta para um paciente que não teve infecção, aumenta-se a rotatividade dos leitos para que outras pessoas possam ser atendidas. 

Bernardete Weber, superintendente do Hcor (Hospital do Coração) concorda. Ela explica que hoje, com surtos como o do sarampo, há uma pressão maior por mais leitos emergenciais disponíveis. “Há pressão da porta de entrada [dos hospitais] pedindo mais leitos, especialmente agora com esses surtos que imputam maior necessidade. Na medida em que evitamos uma infecção temos um leito a mais disponível na UTI”. 

Para Figueiredo, o grande desafio da saúde no Brasil é mudar o que chamou de “cultura da não disseminação do conhecimento”. A sugestão dele para corrigir o problema é que os hospitais que participaram do projeto repassem o aprendizado para hospitais próximos.

O clínico geral Sidiner Mesquita Vaz, da Casa de Caridade de Carangola, em Minas Gerais, se emocionou ao falar sobre a importância do projeto para o corpo de funcionários dos hospitais que, como ele, receberam o treinamento do Saúde em Nossas Mãos. “A partir do momento que eu abri as minhas mãos e peguei os instrumentos como me foi ensinado, eu consegui me instrumentalizar e perceber que tinha uma equipe multidisciplinar na minha frente o tempo todo. Que bom que vocês conseguiram me resgatar e resgatar o meu amor pelo meu trabalho, obrigado.” 
 

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