Descrição de chapéu Coronavírus

Brasil já tem transmissão sustentada do novo coronavírus, diz Uip

Governo contratou mil novos leitos de UTI e pede que maiores de 50 anos evitem aglomerações

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São Paulo

O Brasil já tem transmissão sustentada do novo coronavírus, disse nesta quinta-feira (12) o coordenador do comitê de covid-19 no estado, o infectologista David Uip. A transmissão sustentada significa que o contágio pode ocorrer mesmo entre pessoas que não viajaram e não tiveram contato com pessoas que viajaram.

"Eu conheço um casal em que os dois estão positivos, não são de São Paulo e não tem contato com ninguém com coronavírus. Estamos começando a comunicação sustentada no Brasil", disse.

A gestão João Doria (PSDB) anunciou que contratou mil novos leitos destinados a possíveis internações relacionadas ao novo coronavírus. As autoridades também pediram para que pessoas com mais de 50 anos evitem aglomerações.

O estado atualmente é o que tem mais casos da doença: 46, dos quais 44 estão na capital.

Segundo Uip, a confirmação de casos passa a ser clínica, ou seja, pela presença de sintomas e exames de imagem.

"O número de casos aumentou muito. Mas me preocupa a vigilância de casos autóctones [com transmissão local] —não está claro como ela está sendo feita. Os casos relatados geralmente têm origem ou contato com alguém do exterior e estão na rede privada de saúde. Quando essa transmissão for local e essa população for atendida na rede publica, aí podemos falar que a epidemia está com vida própria, e que vai seguir o caminho esperado", afirma Maurício Nogueira, virologista e professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

Os exames laboratoriais, com kits de teste, serão destinados apenas aos casos de internação graves, pesquisa e na rede sentinela dos municípios do estado. Para tanto, o governo adquiriu 20 mil desses kits.

Questionado sobre a possível sobrecarga do SUS, Uip disse que, se todas as pessoas com febre e tosse dependerem dos pronto-socorros, o sistema de saúde não aguentará. Para ele, a dificuldade de atender pacientes nos espaços destinados a cada caso é um dos problemas do SUS.

"Sou um defensor do SUS, mas, se formos aos prontos socorros hoje, 81% dos pacientes que estão lá deveriam estar em outros lugares [como as UBS]. Se todo mundo entender que tosse e febre é caso de pronto-socorro, não há sistema de saúde que aguente", afirma.

Além disso, o governo estadual também passa a adotar a recomendação de que pessoas com mais de 50 anos, que são o grupo de risco para a doença, evitem aglomerações de todo tipo, incluindo ônibus e metrô.

Uip aponta que um dos cenários possíveis é de que 80% das infecções em pessoas com mais de 50 anos não serão sintomáticas, recomendando-se repouso e isolamento para evitar transmissão. Os 20% restantes devem ser casos sintomáticos.

"A doença não é mórbida e não necessita de internação abaixo de 55 anos. Acima de 50 anos, calcula-se 80% de pacientes assintomáticos, 20% com sintomas e uma parte destes 20% deverá ser internada, dentre os quais uma parte precisará ser internada em UTI", diz.

Apesar disso, o governador João Doria (PSDB) reiterou que não há necessidade de pânico.

Nesta sexta-feira (13), os membros do comitê para o covid-19 do estado de São Paulo se reunirão com o ministro da Saúde, ocasião em que Doria diz que pedirá ao governo federal mais recursos para lidar com a pandemia.

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