Aumento de mortes por Covid-19 na periferia de SP preocupa autoridades de saúde

Doença chegou a favelas e a núcleos habitacionais, onde isolamento é mais difícil

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São Paulo

O número de mortes por Covid-19 está aumentando nas periferias da capital paulista —regiões onde é observada menor adesão da população em relação ao isolamento social.

Segundo levantamento feito pela Secretaria municipal da Saúde entre os dias 11 de março e 30 de abril, no total, a capital paulista chegou a 1.683 óbitos decorrentes da Covid-19. Se incluídos casos onde há suspeita da doença, por causa do quadro clínico, mas em que o resultado dos testes esteja pendente, o número salta para 3.472.

Os dados oficiais do governo federal e do estado de São Paulo costumam contar apenas os casos confirmados, mas a alta taxa de letalidade da doença na capital, em 8,4% (contra 4,9% no Brasil) indicam que haveria ainda um percentual alto de casos não notificados.

Considerando o total que inclui casos confirmados e suspeitos que culminaram em morte, que é como a Prefeitura tem tratado seus dados, em 20 distritos há mais de 50 óbitos. Entre eles estão Brasilândia (zona norte), com 103; Capela do Socorro (zona sul), com 65 óbitos, Sapopemba (72) e Cidade Tiradentes (zona leste), 62.

No mapa abaixo, a cor mais clara em cada um dos círculos sobre cada distrito representa os casos ainda suspeitos. Já a cor mais escura mostra os casos já confirmados.

Mapa de mortes por Covid-19 em  SP
Mapa de mortes por Covid-19 em SP - Prefeitura de São Paulo

Pelo levantamento feito pela Secretaria da Saúde, as mortes avançam principalmente por regiões onde há favelas, cortiços e núcleos habitacionais. Os locais estão representados por manchas pretas nos mapas.

Mapa de mortes por Covid-19 em  SP
Mapa de mortes por Covid-19 em SP - Prefeitura de SP

"Semanalmente o número de mortos, tanto confirmados quanto suspeitos, vocês veem que começa na zona central da cidade, mas vai aumentando muito na periferia, Brasilândia, Grajaú, Sapopemba, Cidade Tiradentes, mostrando o quanto isso está se disseminando na periferia e isso se concentra nas áreas que temos favela na cidade de São Paulo", disse o prefeito Bruno Covas, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (5).

"A quarentena evitou uma explosão no número de mortes. Se não fosse a quarentena, o número de mortes seria dez vezes maior", afirmou.

Em números

8,4%
é a taxa de letalidade atual da Covid-19 na cidade de São Paulo

4,9%
é a taxa de letalidade atual da Covid-19 no Brasil

20 distritos
da cidade de São Paulo registram mais de 50 óbitos

103 mortes
foram registradas na Brasilândia, na zona norte da cidade

Moradores de Ermelino Matarazzo pedem reabertura de hospital

Os moradores de Ermelino Matarazzo (zona leste) protocolaram nesta segunda-feira um ofício à Secretaria Municipal de Saúde, com cópia para o Ministério Público do Estado de São Paulo, solicitando a reabertura do Hospital e Maternidade Menino Jesus.

O hospital que atende a região —Dr. Alípio Correia Neto, conhecido como Hospital de Ermelino, está perto do colapso e em alguns dias já chegou a 100% dos leitos das UTIs ocupados com pacientes de Covid-19.

O Hospital Menino Jesus foi adquirido pelo município em 2014 por R$ 2,5 milhões, na gestão de Fernando Haddad (PT), para ser transformado em Hospital Dia, da rede Hora Certa.

O bairro de Ermelino Matarazzo tem cerca de 200 mil moradores.

Na Lapa (zona oeste), o antigo Hospital Sorocabana, fechado desde 2011, tem cinco andares ociosos. Outros dois abrigam hoje uma AMA, um Hospital Dia e um Centro Especializado de Reabilitação.

Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo não comentou o assunto.

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