Descrição de chapéu Coronavírus

Cidades e estados fazem uso proativo de oxímetros contra novo coronavírus

Meta é monitorar pacientes, sobretudo idosos, para que Covid-19 seja tratada antes de afetar severamente pulmões

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São Paulo

Cerca de 20% da população de Campinas e de Curitiba vem sendo monitorada em uma campanha para identificar precocemente a falta de oxigênio que a infecção pelo novo coronavírus muitas vezes provoca, levando os doentes a precisarem de tratamento intensivo ou à morte.

Várias outras cidades, como Porto Alegre e Sorocaba, também preparam-se para adotar o programa, assim como todo o Paraná, que servirá de piloto para espalhar a campanha a outros estados.

Promovido pelo Instituto Estáter e pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o Projeto Alert(ar) pretende disseminar a oximetria proativa nessa fase da epidemia, sobretudo entre os idosos.

O oxímetro de pulso é um aparelho que mede a saturação (quantidade) de oxigênio transportado no sangue
O oxímetro de pulso é um aparelho que mede a saturação (quantidade) de oxigênio transportado no sangue - Marco Verch/Flickr

A campanha surgiu da constatação de que as chances de recuperação são muito maiores quando os doentes são tratados antes de terem os pulmões severamente comprometidos pela Covid-19 —daí a necessidade de medir frequentemente, com oxímetros, a taxa de oxigênio no sangue.

Apesar de não sentirem dificuldade para respirar, muitos infectados apresentam queda perigosa no nível de oxigenação. No jargão médico, a chamada hipóxia silenciosa pode tornar irreversível, e em pouco tempo, o quadro pulmonar.

Em Campinas, no interior de São Paulo, toda a região de Ouro Verde, com cerca de 230 mil habitantes, foi incluída no programa, com o engajamento dos agentes comunitários do município e a disponibilização de centenas de novos oxímetros.

Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Cármino Antonio de Souza, a partir da verificação dos resultados da iniciativa, a ideia será ampliar seu alcance para todo o município.

Além das parcerias com secretarias de saúde municipais e estaduais, a campanha tem o engajamento da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que representa médicos que atuam em 47,7 mil equipes de atenção básica no Brasil.

De acordo com Marco Tulio Ribeiro, vice-presidente da SBMFC, o objetivo é dar capilaridade à distribuição dos oxímetros e estimular outros médicos voltados à atenção básica das redes municipais e estaduais a usar os aparelhos.

Segundo Percio de Souza, presidente do Instituto Estáter, outra frente do projeto será a parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) para enraizar a campanha pelos estados.

"Há indícios de que a hipóxia silenciosa seja responsável por grande parte da mortalidade. A campanha visa apoiar os municípios a implementar a oximetria proativa nos idosos das comunidades vulneráveis”, diz Souza.

O Conass e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) receberam do Todos pela Saúde, iniciativa do Itaú Unibanco no combate ao coronavírus, 110 mil oxímetros que estão terminando de ser entregues em cerca de 60 mil pontos do país.

Segundo Eugênio Vilaça, do Todos pela Saúde, a entrega de parte dos equipamentos, que custaram R$ 11,4 milhões, foi feita com estrutura logística do próprio Itaú Unibanco. "O objetivo é dotar todas as equipes de atenção primária com os oxímetros", diz Vilaça.

O Paraná vem sendo o primeiro a adotar a oximetria proativa em grande escala e na elaboração, com a Sociedade Brasileira de Infectologia, de um protocolo para o monitoramento e encaminhamento de pacientes.

O diretor-geral da Secretaria de Saúde do Paraná, Nestor Werner Junior, afirma que a ideia é disseminar o protocolo e o uso dos oxímetros pelos municípios.

Dados monitorados pelo projeto revelam que cerca de 40% dos doentes vitimados pela Covid-19 morrem em casa ou nas primeiras 24 horas de internação —e que outros 40% chegam direto às UTIs, sem que tenham passado por outro tipo de atendimento.

Já entre os pacientes atendidos em enfermarias (com oxigênio, corticoides e anticoagulantes), apenas 20% acabam precisando de UTI. Na maioria das vezes, não necessitam de ventilação mecânica; só de oxigênio de alto fluxo —e ficam internados por um tempo menor.

Geralmente, a falta de oxigenação no sangue começa por volta do sétimo dia. Daí a necessidade de monitorar casos suspeitos com os oxímetros e encaminhá-los a unidades de saúde sempre que a taxa de oxigenação cair abaixo de 95%.

"Além de salvar vidas, a iniciativa pode diminuir o impacto nas UTIs, uma vez que muitos dos pacientes tratados precocemente podem se recuperar nas enfermarias”, diz Souza, do Instituto Estáter.

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