As mais de 100 mil mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil e a forma como elas ocorrem —sem velório e sem que os familiares possam se despedir —é o tema do Ao Vivo em Casa, série de lives da Folha de S.Paulo (com transmissão ao vivo), a partir das 17h desta quarta-feira (12).
Com mediação do jornalista Emilio Sant'Anna, os entrevistados serão o artista plástico Edson Pavoni, criador da plataforma Inumeráveis que reúne perfis de vítimas; a jornalista Camila Appel, autora do blogue Morte Sem Tabu, da Folha, e redatora do programa "Conversa com Bial", da Globo; e o DJ e produtor de eventos Adipe Miguel Neto, 39, que passou pela dor dessa separação ao perder o pai Adipe Miguel Júnior, 69, em abril deste ano, vítima da Covid-19.
No sábado (8), o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil vítimas causadas pela pandemia do novo coronavírus. Nesta última terça (11), já eram quase 102 mil. O número pode ser maior, pois há indícios de subnotificação.
Apenas 5% dos 5.570 municípios brasileiros, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), têm mais habitantes do que essa multidão de mortos que o coronavírus formou. E só 92 delas ainda não tinham, até esta sexta (7), nenhum caso registrado de Covid.
Os dados de número de casos e mortes são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as secretarias estaduais de Saúde. O balanço é fechado diariamente às 20h.
O Brasil possui uma taxa de cerca de 48 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 49,7 e 70,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
A plataforma criada por Edson Pavoni é um contraponto aos dados, ao propor a humanização dos números de mortos. O projeto reúne os perfis de vítimas com informações enviadas por familiares e conta com uma equipe de voluntários que fazem a edição dos textos.
A jornalista Camila Appel é formada em administração de Empresas pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e mestre em Antropologia e Desenvolvimento pela London School of Economics (LSE). Autora de peças teatrais e do livro juvenil “Do Avesso” , ela se dedica ao estudo da morte e seus aspectos sociais.
Adipe Miguel Neto, 39, perdeu o pai Adipe Miguel Júnior, 69, em abril deste ano, vítima da Covid-19.
Adipe Junior, o pai, era engenheiro e editor de textos religiosos. Ele deixou mulher, dois filhos e neto.
Ele morreu após três dias na UTI, no dia 6 de abril. “Esses três dias dele sozinho me perseguiram por muitos dias. Será que ele se sentiu amado, acolhido, ele viu o filme da vida dele passar? Você fica sem saber nada disso”, afirma Adipe Neto.
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