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Pazuello evita imprensa em passagem por Manaus

Ministro da Saúde é investigado por conduta na situação da falta de oxigênio na capital do Amazonas

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Manaus

No centro de uma investigação sobre sua atuação frente a crise da falta de oxigênio em Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, evitou responder perguntas dos repórteres durante a viagem a Manaus, onde ficou entre o último sábado (23) e esta sexta (29).

A agenda oficial do ministro informou a participação dele nas inaugurações do hospital Nilton Lins, na última terça (26), e da enfermaria de campanha montada no hospital Delphina Aziz, na quarta (27).

No primeiro compromisso Pazuello fez um pronunciamento para um grupo de jornalistas, mas não respondeu a perguntas dos repórteres. Ao final de sua fala, pediu licença e, alegando ter um compromisso, saiu antes mesmo do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), terminar seu pronunciamento e antes que a entrevista coletiva começasse.

Na quarta, o ministro sequer participou de evento com a imprensa que constava da agenda oficial. A assessoria do ministério chegou a divulgar a transmissão em suas redes sociais.

Momentos antes, Pazuello visitou uma unidade de saúde momentos antes, como mostram as fotografias divulgadas pela Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas e pelo próprio ministério, onde Pazuello aparece ao lado de Lima, andando por entre os leitos e conversando com pacientes.

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, participa da entrega de enfermaria de campanha em Manaus - Caio de Biasi/ Ministério da Saúde

O repórter fotográfico Edmar Barros flagrou o momento em que o ministro, segundo ele, na tentativa de evitar os repórteres, entrou pelo almoxarifado da unidade.

“Nunca imaginei ver um general do Exército fugindo da imprensa! O atual ministro da Saúde deixou toda a imprensa esperando por mais de duas horas num auditório, deixou o governador falando sozinho e entrou pelo almoxarifado! Mas não escapou da 'fotinha', a gente sempre dá um jeito, ministro”, escreveu o fotógrafo em suas redes sociais.

A exposição de Pazuello nesta segunda viagem a Manaus em 2021 é bem diferente da atitude dele na primeira vinda à capital, antes do colapso da rede de saúde por falta de oxigênio, quando o ministro participou das transmissões ao vivo diárias e respondeu a perguntas da imprensa.

A assessoria do ministro justificou a ausência dele nas entrevistas coletivas dos últimos dois dias alegando que ele tinha outros compromissos.

As informações sobre a atuação de Pazuello em Manaus foram divulgadas pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, que destacou um jornalista local para acompanhar o ministro e informar diariamente sobre as ações dele.

Na última segunda (25), em reunião no Comitê de Crise, que reúne prefeitura e estado, Pazuello voltou a cobrar o reforço do atendimento na atenção básica como estratégia para desafogar os hospitais de referência.

Na última viagem a Manaus, dias antes de o sistema de saúde da capital amazonense entrar em colapso por falta de oxigênio, Pazuello corroborou com os técnicos do ministério, que recomendaram à prefeitura de Manaus a distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada para Covid-19 a pacientes com sintomas leves, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

O ministro quer que as 80 UBSs de Manaus sejam direcionadas a “atendimento, diagnóstico, tratamento e orientação” ao paciente com Covid-19.

“A determinação é empoderar a atenção básica. Precisamos que isso seja parte do pensamento de cada um dos integrantes desse comitê”, disse Pazuello.

Ainda em Manaus, Pazuello anunciou a criação do comando conjunto da Amazônia, com a ampliação do comitê de crise para Covid-19 e a inclusão de outros nove ministérios e ações em outros estados que registram aumento de casos.

O ministro disse ainda que uma das estratégias para controlar a crise no Amazonas é manter as transferências de pacientes para outros estados. Até hoje, cerca de 320 foram transferidos e a meta do ministro é passar de 1.500.

Na terça (26), durante pronunciamento na inauguração do hospital Nilton Lins, Pazuello foi discreto e descartou uma intervenção do Ministério da Saúde no Amazonas.

“Nossa posição é de apoio. Não foi usurpado nenhum poder do estado ou dos municípios. Nosso trabalho é em consonância com o deles”, disse o ministro.

A programação dele nesta sexta incluía a recepção a 108 médicos contratados pelo Ministério da Saúde para atuarem nas UBSs de Manaus, em evento fechado, sem acesso de jornalistas.

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