A transferência de um paciente para São Paulo por falta de vagas de UTI para Covid-19 acende um alerta para o quadro de lotação de leitos no interior de São Paulo. Em algumas cidades, já não há leitos para tratar os casos mais graves do novo coronavírus.
O autônomo Rodrigo Macena, 32, de Sumaré, na região de Campinas, foi levado na madrugada desta quinta-feira (18) para a capital paulista depois de sua mulher ter procurado o Ministério Público Estadual para intervir por uma vaga de UTI. Até esta sexta-feira (19), os seis leitos de UTI em Sumaré destinados a casos graves de coronavírus estavam ocupados.
Ele havia apresentado complicações da doença no último final de semana e foi internado na UPA da cidade na segunda (15), após apresentar comprometimento do pulmão. O quadro piorou e ele foi intubado.
“Eles falam que ele é novo, que tem chance de sair desse quadro, mas ele precisava ir para uma UTI, onde existe a estrutura e os recursos necessários", disse a mulher, Daniele Furtado Serra, 28. "Eles têm que pensar que ali tem um pai de família, temos dois filhos, um de 7 anos e um bebê de 6 meses, que chamam por ele.”
O quadro de lotação não ocorre somente em Sumaré. As vizinhas Mogi Mirim, Valinhos e Vinhedo estavam com todas as vagas de UTI para a Covid-19 lotadas na quarta. Em Campinas, referência para aquela região, a taxa de ocupação dos leitos era de 85,55%, incluindo as redes particular e pública.
O Hospital Adib Jatene, em Sorocaba (SP), voltou a registrar 100% de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para Covid. A unidade já tinha atingido a capacidade total no início de janeiro, junto com outros dois hospitais públicos da cidade.
No total, o município possui 107 leitos de UTI para Covid-19 na rede pública. Na quarta, 86 estavam ocupados, o que representa uma taxa de 80,4%.
No oeste paulista, Presidente Prudente apresenta uma taxa de 91,3% de ocupação de leitos –a região entrou para a fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo, nesta sexta. O município pretende endurecer as ações de fiscalização de locais com aglomerações. O lockdown não deve ser colocado em prática no momento, mas não foi descartado pela prefeitura.
Em dezembro, como a Folha publicou, o interior de São Paulo já registrava casos de fila de espera por vagas e ações na Justiça pela abertura de vagas de UTI.
No início de dezembro, a Justiça havia acatado limitar obrigando o estado a abrir mais dez leitos de UTI em Presidente Prudente, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
Em Ribeirão Preto, há 154 pessoas na UTI pela gravidade do quadro de Covid-19, uma taxa de ocupação de 76,81%.
Na região de Ribeirão, Araraquara tem fila de espera por pacientes à espera de internação. A cidade, com 100% dos leitos ocupados na última semana e que também está na fase vermelha, entrou em lockdown como medida extrema para conter o avanço dos casos de coronavírus.
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