Descrição de chapéu Coronavírus

Maceió e Macapá são as únicas capitais com UTIs abaixo de 80%; 16 estão próximas do colapso

Em Porto Alegre, taxa chega a 102%, com espaços improvisados em hospitais para atender pacientes graves

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Ribeirão Preto, Rio de Janeiro , Belo Horizonte, Recife, Curitiba , Brasília, Manaus e São Paulo

O agravamento da pandemia do novo coronavírus no país já faz com que apenas duas capitais tenham ocupação de leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) abaixo de 80%. Outras 16 se aproximam do colapso, com mais de 90% de suas vagas em uso.

É o que mostra levantamento feito pela Folha com todos os estados e capitais do país. Só em Maceió e Macapá o cenário não estava tão crítico no início desta semana. No início do mês, eram dez as capitais com mais de 90% de ocupação.

Em outros locais, como Porto Alegre, Porto Velho, Aracaju e Rio Branco, a situação vivida nos hospitais assusta diariamente profissionais de saúde e filas por vagas viraram rotina nas três primeiras cidades.

No Rio Grande do Sul, pela segunda semana seguida o índice de ocupação de UTIs ultrapassa 100%, apesar de muitos hospitais terem aberto espaços improvisados para atender pacientes graves. Em Porto Alegre, a taxa chega a 102%.

Na última sexta-feira (5), a Procuradoria-Geral do Estado entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para fazer com que a União retome o custeio de todos os leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19. De outra ponta, o estado teve um pedido de retomada das aulas presenciais negado pelo STF semana passada.

Em Porto Velho, também não há leito de UTI disponível para pacientes infectados pelo novo coronavírus. A capital de Rondônia tem 184 vagas implantadas. Com isso, pacientes estão aguardando numa fila para acessar uma vaga no hospital.

Aracaju é outra capital que já tem as vagas em UTIs tomadas. Em uma semana, a ocupação de leitos públicos passou de 69% para 99%, restando só uma vaga no hospital estadual do Coração na segunda.

Pacientes já aguardam dias por leitos de terapia intensiva, e a situação também é crítica na rede privada, onde 94% das vagas estão ocupadas. Atividades não essenciais estão proibidas nos finais de semana e entre 22h e 5h, nos dias úteis.

Já Rio Branco chegou a 99% de taxa de ocupação na segunda (8), com apenas um leito de UTI livre.

Apesar do avanço da doença, o governo adiou para sábado (13) o início do cumprimento das medidas restritivas aos finais de semana, quando restaurantes, bares e supermercados estarão proibidos de oferecer atendimento presencial, funcionando só por delivery.

Além da lotação dos leitos, o estado ainda enfrenta aumento nos casos de dengue e enchentes com o transbordamento dos rios, que desalojaram dezenas de famílias.

Em todos os estados do Centro-Oeste a situação também está crítica. Em Goiânia, dos 257 leitos existentes, 98% também estão ocupados, índice que repete a média estadual, mesmo com a implantação de novos leitos.

Em Cuiabá e na região da Baixada, que inclui Várzea Grande, há 258 leitos, incluindo municipais e federais, com ocupação de 95%. Há uma semana, era de 83%.

O hospital municipal São Benedito, em Cuiabá, por exemplo, estava com as 40 vagas exclusivas para Covid-19 ocupadas na última segunda. No estado, a ocupação passou de 87% para 97% em uma semana.

Já em Campo Grande, o índice avançou e já está em 91% e, no Distrito Federal, que enfrenta o auge da crise, 93,2%.

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), decretou toque de recolher das 22h às 5h na segunda (8), até o dia 22. Na terça (9), decretou estado de calamidade pública.

Além de Porto Alegre, as outras duas capitais da região Sul, Curitiba e Florianópolis, apresentam altos índices de ocupação de leitos, 96%.

Nesta terça a central de leitos registrava que 123 pessoas aguardavam por vagas na capital paranaense e na região metropolitana.

A secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, anunciou que sete UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) passarão a fazer a retaguarda de hospitais para internamentos em enfermaria. “O risco de contaminação é muito alto, então estamos clamando para que as pessoas não vão para as UPAs com sintomas leves ou outras doenças.”

No estado, que tem 97% de ocupação, há mais de mil pessoas à espera de vagas.

Além de lidar com a rotina de atendimento, o auxiliar de enfermagem Sidirley Blanck, de Corbélia, cidade de 17 mil habitantes da região oeste do estado, viveu a agonia da espera por UTI para sua prima, Silvia Lauxen, que ficou quatro dias intubada em um espaço improvisado no hospital. Só na segunda-feira ela conseguiu uma vaga em Nova Aurora, a 40 km.

“O nível da pandemia da Covid-19 está dia a dia pior, não esperava que fosse chegar nessa proporção. Os municípios estão fazendo o máximo de ações para que isso diminua, mas, de outro lado, grande parte da população não está entendendo a gravidade dessa doença”, disse.

O cenário é parecido em Santa Catarina, onde 96% dos leitos estão em uso na capital e no restante do estado. Nesta terça, havia apenas sete vagas em UTIs em hospitais de Florianópolis.

No Nordeste, São Luís, Recife e Natal têm 95% de vagas em UTIs ocupadas. Na capital maranhense, há apenas nove leitos livres e, para conter o avanço da doença, foram suspensas as aulas presenciais em escolas e universidades públicas ou privadas e o horário de funcionamento do comércio foi limitado das 9h às 21h.

No Rio Grande do Norte, dos 299 leitos disponíveis na rede estadual, 92% estão ocupados, enquanto na região metropolitana de Natal a ocupação chega a 95%.

“Não vou iludir a população afirmando que basta abrir leitos. É imperativo que a gente adote o isolamento social”, afirmou a governadora Fátima Bezerra (PT) na última sexta.

Em João Pessoa, o índice subiu para 90%, enquanto Fortaleza se manteve em 87%. Salvador tem 85% e Teresina, 84%.

No Sudeste, 82% dos leitos na capital paulista estão ocupados e dois hospitais municipais chegaram a 100% de ocupação na terapia intensiva: Brigadeiro e José Soares Hungria (Pirituba).

No Rio, a ocupação das UTIs públicas era de 93% na segunda, com 16 pacientes aguardando transferência.

Em Minas Gerais, Belo Horizonte voltou a autorizar a abertura apenas de serviços essenciais para evitar que a rede fique lotada (está em 86%).

No Espírito Santo, a região metropolitana de Vitória chegou a 80% na taxa de ocupação de leitos. “É preciso que a gente compreenda que a abertura de leitos não é a solução definitiva. Precisamos interromper a cadeia de transmissão do vírus, enquanto a gente não tiver vacina para todos”, afirmou o governador Renato Casagrande (PSB) durante a entrega de 20 leitos de UTI no fim de semana.

Em Palmas há apenas três leitos de UTI livres para o tratamento de doentes da Covid-19, o que fez a prefeitura suspender o funcionamento das atividades não essenciais, missas e cultos.

Pessoas aguardam informações em frente a prédio de unidade de saúde em Taboão da Serra
Movimentação na UPA de Taboão da Serra, na Grande SP, que sofre com a falta de leitos de UTI - Rubens Cavallari/Folhapress

Após a abertura de 40 leitos, o índice em Belém caiu de 84% para 82%.

“Antes de abrir mais leitos precisamos adequar o atendimento a quem já está no hospital. Faltam respiradores, material de intubação e até máscara N95. Não está faltando oxigênio, mas a alta demanda fez com que os pontos de oxigênio não sejam mais suficientes em alguns hospitais, que precisam transferir os pacientes para outras unidades onde ele possa receber esse suporte”, disse o médico Wilson Machado, diretor de comunicação do sindicato da categoria no Pará.

Em Manaus, que começou a flexibilizar as medidas de restrição ao comércio em 15 de fevereiro, a abertura de novos leitos não evitou o aumento na taxa de ocupação das UTIs entre o dia 1º e a última segunda, quando 90% das vagas estavam ocupadas.

Nas duas capitais com índices abaixo de 80%, porém, o cenário não é de tranquilidade, já que houve avanço em relação à semana anterior na ocupação de leitos.

Em Maceió, passou de 64% para 73%, e em Macapá, de 72% para 75%.

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