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Local, comunitária ou sustentada? Como pode ser classificada a transmissão da delta em São Paulo

Primeiro caso foi detectado nesta semana com homem de 45 anos que negou ter viajado

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São Paulo

A chegada da variante delta do vírus da Covid-19 na cidade de São Paulo trouxe também a dúvida sobre como classificar sua transmissão na capital paulista.

O primeiro diagnosticado com a variante indiana foi um homem de 45 anos que está sendo monitorado pelas equipes de saúde. Ao menos 30 outras pessoas que tiveram contato próximo com ele estão sendo observadas.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o paciente disse que trabalha em casa e negou ter viajado ou ter tido contato com pessoas que tivessem viajado, o que indica a possibilidade de transmissão comunitária. Isso porque não foi possível reconstruir os vínculos que ele manteve e que levaram à sua infecção.

Se fosse possível rastrear os elos entre todas as pessoas infectadas pela nova variante do vírus na capital e encontrar aquela responsável pela infecção, trataria-se, então, de uma transmissão local.

Já uma trasmissão sustentada ocorre quando não é mais possível estabelecer o vínculo entre as infecções e as medidas de controle da disseminação do vírus não são suficientes.

Veja abaixo algumas informações sobre os diferentes tipos de transmissão.

O que é uma transmissão local?

Quando é possível rastrear e identificar todos os vínculos de infecção pelo vírus ou pela variante, a transmissão é chamada de local. Isso significa que as autoridades de saúde conseguem localizar todas as pessoas que estão infectadas, além de saber a origem da primeira infecção.

“A transmissão local ocorre quando você tem [conhecimento sobre] o vínculo epidemiológico”, explica o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas.

Se uma pessoa viajar e na sua volta infectar apenas sua família, essa é uma transmissão local. Se o vírus circular por outros lugares mas, ainda assim, for possível estabelecer o elo entre o viajante e os outros infectados fora do círculo familiar, a transmissão permanece sendo local.

“Então a transmissão local é quando você tem um caso local ou vários casos locais, mas todos eles com vínculo epidemiológico”, explica Suleiman.

O que é uma transmissão comunitária?

Quando não é mais possível estabelecer o elo entre as infecções ou saber a origem dela, a transmissão se tornou comunitária. Este é normalmente o passo seguinte à transmissão local.

Em São Paulo, será possível dizer que a transmissão da variante delta se tornou comunitária no momento em que diferentes pessoas que não possuem contato umas com as outras forem diagnosticadas com a variante.

“Quando eu tenho [a delta], uma pessoa que não teve nenhum contato comigo também tem, e uma outra pessoa em um outro lugar também tem, isso caracteriza uma transmissão comunitária”, exemplifica o infectologista.

“Transmissão comunitária é quando isso ocorre e não há vínculo epidemiológico.”

O que é uma transmissão sustentada?

Já a transmissão sustentada é um período que pode ser concomitante à comunitária. Uma vez que não seja mais possível estabelecer o vínculo entre as infecções e as medidas de controle da disseminação do vírus não forem suficientes, a transmissão chega a esse ponto.

“Quando estratégias de bloqueio não farmacológico ou vacinais não surtem efeitos, ou quando variantes escapam desse processo de imunização, ou quando a população não adere às medidas, então aí ela passa a ser sustentada. Até que você introduza as medidas de contenção, ela vai ser sustentada”, afirma Suleiman.

Se as medidas de restrição são estabelecidas e fazem efeito, como o isolamento ou distanciamento social e a vacinação, por exemplo, a transmissão sustentada desaparece, pois a disseminação do vírus cai.

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