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Covid-19: novos dados indicam que ômicron é menos grave, mas alerta permanece

Evidências iniciais sugerem que menos pessoas infectadas estão precisando ser hospitalizadas na comparação com outras variantes

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James Gallagher
BBC News Brasil

A onda de infecções pela variante ômicron do coronavírus parece ser mais branda, segundo estudos recentes e preliminares publicados no Reino Unido e na África do Sul.

As evidências iniciais sugerem que menos pessoas infectadas estão precisando ser hospitalizadas na comparação com outras variantes. As estimativas variam de 30% a 70% de redução na necessidade de hospitalização.

Imagem em close mostra rosto de uma profissional de saúde de máscara
Estudos preliminares indicam que a ômicron leva a menos hospitalizações que outras variantes - Getty Images

Ainda assim, resta a preocupação de que um grande número de infecções acabe sobrecarregando os hospitais.

No Reino Unido, mais de 100 mil casos da Covid-19 foram registrados em um único dia, pela primeira vez.

Um estudo preliminar da Universidade de Edimburgo, na Escócia, vem acompanhando justamente o número de pessoas infectadas que acabam precisando do hospital. Segundo os pesquisadores, se a ômicron se comportasse da mesma forma que a variante delta, seria esperado que 47 pessoas já tivessem sido hospitalizadas na Escócia, mas até agora, há apenas 15 pacientes nessa situação. Esses resultados foram publicados na quarta-feira (22) e ainda não passaram pela chamada revisão dos pares.

Imagem mostra paciente deitado em leito de UTI
Pesquisa da Escócia apontou que há poucos registros de idosos e pessoas com condições de risco infectadas com a ômicron - Getty Images

No entanto, o estudo sugeriu que o desenrolar da doença entre os poucos pacientes que foram hospitalizados com a ômicron foi o mesmo do que entre os pacientes infectados por outras variantes.

"De forma convincente, nossos dados conjuntamente sugerem uma constatação positiva de gravidade reduzida na ômicron, na comparação com outras variantes", afirmou Cheryl Cohen, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, na África do Sul.

População mais protegida

Acredita-se que a redução na gravidade seja resultado da combinação de características fundamentais da ômicron e de altos níveis de imunidade na população, devido à vacinação e a infecções anteriores.

Uma análise da ômicron publicada pela universidade Imperial College London na quarta sugere que as mutações nesta variante a tornaram mais branda do que a delta.

Os autores da análise afirmaram que as chances de uma pessoa infectada precisar de atendimento de emergência são 11% menores com a ômicron do que com a delta, em casos de pessoas sem imunidade prévia.

Mas no Reino Unido, esse dado acaba se aplicando a relativamente poucas pessoas devido aos altos níveis de vacinação e de infecção anterior no país.

Considerando o grupo bem maior de pessoas com algum grau de imunidade, a propensão a precisar de atendimento emergencial é de 25% a 30% menor com a ômicron; e a propensão à hospitalização por mais de um dia é reduzida em 40% com esta variante.

Um dos autores da análise, o professor Neil Ferguson, afirmou que esta "é claramente uma boa notícia, até certo ponto."

Ele alertou que estas reduções não foram suficientes "para mudar drasticamente" a velocidade com que a ômicron está se espalhando e que "há o potencial de ainda haver um número de hospitalizações que poderia colocar o sistema de saúde em uma posição difícil".

Peter Openshaw, também do Imperial College, mas não envolvido no estudo, afirmou que todas essas publicações preliminares recentes não podem ser interpretadas como se a ômicron tivesse transformado a Covid-19 em "um resfriado comum".

"Isto seria um interpretação equivocada", diz Openshaw.

Alguns estudos em laboratório sugeriram possíveis razões para a ômicron ser mais suave.

A Universidade de Hong Kong demonstrou que a variante é eficiente em infectar as vias respiratórias, mas não tanto para entrar nos tecidos profundos dos pulmões, o que causaria mais danos.

A Universidade de Cambridge também descobriu que a variante não é tão boa em fundir células pulmonares, o que acontece nos pulmões de pessoas que ficam gravemente doentes.

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