Descrição de chapéu Coronavírus Rio de Janeiro

Covid já pode ser considerada endemia, afirma secretário de Saúde do Rio

Daniel Soranz prevê 'cenário de normalidade' caso não surja uma nova variante mais contagiosa

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Rio de Janeiro

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse nesta sexta-feira (11) que a Covid-19 já pode ser considerada uma endemia. Para ele, sem novas variantes do coronavírus, o cenário será de "muito mais normalidade".

"A gente já pode considerar a pandemia de Covid-19 como uma endemia, uma doença que vai estar presente ao longo do tempo", disse Soranz, em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz aplica a primeira dose da vacina contra Covid-19 em crianças, no Rio de Janeiro - Tomaz Silva - 17.jan.2021 / Agência Brasil

A fala do secretário se assemelha à posição do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que passou a tratar como prioridade rebaixar o status da Covid-19 de pandemia (quando há uma situação de emergência sanitária global) para endemia (estágio de convivência com o vírus, com número estável de casos e mortes).

A retirada de um caráter pandêmico restringe as medidas públicas e de excepcionalidade de combate à doença.

Especialistas ouvidos pela Folha há duas semanas discordam da avaliação do secretário e do ministro. Segundo eles, isso não significa que a Covid-19 não vá passar para a fase de endemia, mas só não estamos lá ainda.

"O que define o fim de uma epidemia ou pandemia é uma série de fatores em conjunto, não apenas um indicador específico de óbitos ou casos", explica Maria Amélia Veras, epidemiologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Algumas doenças, como a Aids, após quatro décadas ainda não deixaram o caráter pandêmico, ela lembra. "Uma epidemia continua sendo um problema social muito grande, então ela remete a um apelo emergencial", diz.

Outro fator que impede o anúncio do fim da pandemia é a própria novidade que a Covid representa para o mundo, diz Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP.

"Só podemos falar de endemia quando conhecemos a tendência histórica da doença bem estabelecida, e ainda não temos isso para a Covid", explica.

O Rio de Janeiro foi a primeira capital a abolir a obrigatoriedade do uso de máscaras em qualquer ambiente. O "passaporte vacinal" continua em vigor, mas deve cair caso a adesão à dose de reforço atinja 70% da população.

"A pandemia, agora, já virou uma endemia. Ela se mantém ao longo de um tempo muito grande. Se não aparecer nenhuma nova variante, como aconteceu com a variante ômicron, a gente vai ter um cenário de muito mais normalidade nos próximos dias", disse Soranz, que é pré-candidato a deputado federal e está prestes a se filiar ao PSD.

Após um pico de confirmação de casos provocado pela ômicron, a capital fluminense voltou a ter baixos índices de contaminação e internados. O secretário afirmou que a taxa de positividade nos testes está em 1,4% e que a taxa de transmissão é de 0,31 (o número indica para quantas pessoas um paciente infectado consegue transmitir o novo coronavírus; ou seja, um índice de 0,31 quer dizer que cada 100 contaminados transmitem a doença para outras 31 pessoas).

Para ele, as aglomerações vistas no Carnaval não devem agravar o cenário epidemiológico. O desfile das escolas de samba no feriado de Tiradentes está mantido.

"O Carnaval não foi um problema na data original, mesmo com as aglomerações. E a gente espera que o Carnaval na Sapucaí aconteça normalmente, que as pessoas possam voltar a ser felizes, estar juntas e voltar um pouco o jeito carioca de ser", disse ele.

"Com esse cenário epidemiológico favorável, a gente tem muita segurança de que dá para fazer [o Carnaval], desde que os cariocas continuem a se vacinar e a tomar a dose de reforço", declarou.

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