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Casos de síndrome respiratória em adultos crescem pela 1ª vez em quatro semanas, diz Fiocruz

Aumento anterior tinha sido verificado somente em crianças; casos refletem todas as internações por vírus respiratórios, não só Covid

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São Paulo

Casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) em adultos subiram pela primeira vez em adultos em quatro semanas, segundo informou o boletim Infogripe desta quinta-feira (5). Os dados analisados pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz são baseados em registros até o último sábado (30).

As internações por Srag tiveram aumento na tendência de longo prazo (seis semanas) em 14 estados: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Goiás apresentou tendência de crescimento apenas no curto prazo (três semanas).

Os demais estados apresentam sinal de estabilidade ou tendência de queda.

O aumento de notificações foi verificado também em 11 capitais, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Belém (PA), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Vitória (ES).

Paciente em UTI de hospital de Porto Alegre, em janeiro deste ano - Diego Vera/Reuters

Outras três capitais apresentam sinal de crescimento no curto prazo: Goiânia (GO), Macapá (AP) e Palmas (TO).

Anteriormente, o sinal de aumento só havia sido verificado em crianças, nas faixas etárias de 0 a 4 anos e de 5 a 11 anos. Nas crianças e adolescentes de 12 a 17 anos, os últimos meses apresentavam estabilidade.

Agora, as crianças de 5 a 11 e de 12 a 17 anos possuem tendência de queda de novas notificações de Srag, e as de 0 a 4 anos estabilidade.

Segundo os dados do novo boletim, o crescimento em diversas dessas localidades sugere que não está mais relacionado aos novos casos de doença respiratória em crianças, como havia sido em fevereiro e março, indicando um aumento de internações em adultos já no mês de abril.

A Fiocruz coleta informações de notificações de Srag do sistema Sivep-Gripe, do Ministério da Saúde. Um ou mais dos seguintes sintomas são utilizados para classificar as notificações por Srag, que pode, ainda, ser causada por diversos fatores, incluindo vírus respiratórios: tosse, dor de garganta, falta de ar ou dificuldade respiratória.

Ainda, a confirmação laboratorial dos casos de Srag é utilizada para determinar qual o vírus ou agente etiológico causador da síndrome. Pela primeira vez em quatro semanas, os casos com diagnóstico positivo para Sars-CoV-2 interromperam a tendência de queda e passaram a subir, representando 36,6% das amostras.

O vírus sincicial respiratório (VSR) continua representando o principal causador de Srag nos últimos meses (42,9%) no país. Tal crescimento é devido, principalmente, ao aumento de casos de doenças respiratórias em crianças desde fevereiro.

Em todo o ano de 2022, até o momento, foram notificados 125.712 casos de Srag, sendo 66.836 (53,2%) com resultado positivo para algum vírus. Dentre os casos positivos acumulados até agora, 84,1% foram por Sars-CoV-2, 6,2% por VSR, 5,3% de influenza A e 0,1% de influenza B.

Foram confirmados, até a última quarta (4), 30.499.177 casos de Covid e 663.816 mortes no país, segundo dados coletados pelas secretarias estaduais de saúde pelo consórcio de veículos de imprensa.

A análise das Srags é feita constantemente, por semana epidemiológica. Como são boletins semanais, e não diários, foi possível verificar a tendência de aumento a longo prazo, mesmo se a curto prazo a situação pareça de maior estabilidade na maioria dos estados.

Na última sexta (29), o boletim anterior divulgado pela instituição apontava para uma queda nas médias móveis de mortes e casos em relação às duas semanas anteriores. Porém, como a avaliação da Fiocruz é feita com dados semanais, os atrasos devido aos dois feriados seguidos no mês de abril podem ter causado o represamento de novas notificações de Srag.

Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, explica que a análise dos dados de Srag mostram que o final do mês de abril teve, de fato, uma mudança no cenário epidemiológico. "Enquanto desde fevereiro a gente tinha um aumento muito expressivo de Srag nas crianças e na população adulta vinha em queda, no final do mês de abril vemos uma inversão, com Srag nas crianças caindo, uma possível saturação já que se esgotou o crescimento desde o início das aulas, e a população adulta passa a apresentar uma tendência de aumento nos novos casos semanais", disse.

Para ele, a tendência de alta de Srag pode ser verificada ao olhar com uma lupa mais específica da faixa etária dos internados em estados, que, por ora, ainda não apresentam sinal de aumento. "Por exemplo, na situação de São Paulo vê-se isso claramente. Enquanto no estado em geral está estável [a situação de Srag] porque as internações por crianças vêm diminuindo, ao olhar somente a população adulta voltou a crescer. Então é importante ficar atento nas próximas semanas para essa tendência", afirmou.

Apesar do possível repique de Covid, especialistas ainda dizem ser muito cedo saber se teremos uma nova onda. De qualquer forma, Gomes afirma que o aumento de Srag associado à Covid pode ser verificado no aumento de casos leves.

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