Descrição de chapéu câncer Cracolândia

Hospital da Mulher é inaugurado com segurança reforçada e vagas para novos profissionais

Unidade na região central de São Paulo vai receber pacientes do Hospital Pérola Byington

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São Paulo

O Hospital da Mulher abre oficialmente suas portas nesta quarta-feira (14) com a missão de receber as pacientes do Hospital Pérola Byington e de se estabelecer como maior centro de saúde especializado no atendimento à mulher da América Latina.

A unidade com mais de 50 mil m² foi construída na avenida Rio Branco, na região da cracolândia, e o primeiro desafio será garantir a segurança de funcionários e pacientes.

Neste ano, usuários de drogas deixaram as vias mais próximas ao hospital, um investimento de R$ 245 milhões. Porém, bastou a reportagem tirar o celular do bolso para receber o conselho de que ali não seria um bom lugar para deixar o aparelho à mostra.

"Não teríamos outra área com essa metragem próxima à região do centro e a terminais de ônibus, inclusive para facilitar o acesso", afirma o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Fachada do Hospital da Mulher, localizado na avenida Rio Branco, nos Campos Elíseos, em São Paulo
Hospital da Mulher, na avenida Rio Branco, em Campos Elíseos, região central paulistana - Stefhanie Piovezan/Folhapress

Ao mesmo tempo, acrescenta ele, o local atende as estratégias de reurbanização da região central traçadas pelos governos estadual e municipal –nos últimos meses, foram realizadas diversas operações policiais na região, com dispersão dos usuários de drogas.

Para lidar com a situação, a Inova Saúde afirma que contará com um quadro de vigilantes internos e externos, bombeiros e seguranças para o apoio dos pacientes. A empresa diz que possui nove postos de segurança 24 horas e um sistema de monitoramento com câmeras com sensores de calor que ajudam a prever movimentações suspeitas e no reconhecimento facial.

"As imagens são enviadas em tempo real ao Centro de Controle de Operações do Hospital, onde todos os processos e imagens são monitorados e, se necessário, é feito imediatamente um aviso para a Guarda Civil Metropolitana e para a Polícia Militar", diz a empresa.

A Inova administrará o Hospital da Mulher com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil de São Paulo). A primeira organização cuidará da chamada bata cinza –setor administrativo, segurança e limpeza, por exemplo –e a segunda, da bata branca –a parte que envolve os profissionais de saúde.

O modelo de PPP (parceria público-privada), defende Gorinchteyn, permite agilizar serviços, atendimentos e a manutenção dos equipamentos. Também facilita as contratações necessárias para o aumento de consultas, exames e procedimentos.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, os atuais 867 servidores do Hospital Pérola Byington serão mantidos, mas, quando estiver em plena operação, o novo hospital necessitará de 1.200 colaboradores entre médicos, enfermeiros e técnicos. A contratação dos novos funcionários ocorrerá gradativamente pelo Seconci, e os interessados podem enviar seus currículos para o email selecaoperola@seconci-sp.org.br.

A Inova também estima quase 500 vagas para profissionais como secretárias e telefonistas, entre profissionais já contratados e a serem selecionados. As contratações devem ser encerradas em outubro, e os interessados podem enviar os currículos para o email recrutamento@inovasaudesa.com.br.

"Atualmente, são 128 leitos, enquanto o Hospital da Mulher terá 172. Passaremos a ter um espaço muito maior, com 92 leitos cirúrgicos, 10 leitos de hospital dia, 10 leitos de UTI, 60 leitos clínicos. Também ampliaremos em 66% os serviços voltados ao tratamento de câncer, com equipamentos de última geração", afirma o secretário.

A nova unidade contará com tomografia com sedação, ressonância magnética e oferecerá sessões de radioterapia, algo não disponível no Pérola. O Hospital da Mulher também ampliará o atendimento a pacientes que necessitam do serviço de fertilização, seja para preservação de óvulos antes de tratamentos oncológicos, seja para pacientes não oncológicas.

Quando estiver em pleno funcionamento, o que deve ocorrer em 2023, estima-se que o hospital realizará 19,8 mil sessões de radioterapia, 21 mil de quimioterapia e 23,7 mil de hormonoterapia. São previstos por ano 12,8 mil internações e 107 mil atendimentos ambulatoriais.

Entrada de emergência do Hospital da Mulher
Placas do prédio já não fazem menção à filantropa Pérola Byington - Stefhanie Piovezan/Folhapress

Mudança de nome

Outro desafio será reforçar a marca Hospital da Mulher. A proposta original era manter na nova unidade o nome Hospital Pérola Byington, mas a Cruzada Pró-Infância proibiu a utilização.

"Não posso passar o nome de uma OS (organização social) para outra OS. Se fosse o governo do estado que continuasse lá e não uma PPP, com certeza permitiríamos o nome pela excelência do trabalho e porque seria patrimônio público. O governo estadual fez um trabalho excelente aqui, só não autorizamos porque iria para um processo privado", explica Rosa Maria Marinho Acerba, superintendente-geral da Cruzada Pró-Infância.

A entidade foi fundada por Pérola Byington e por Maria Antonieta de Castro e é dona do hospital na Bela Vista, alugado por R$ 380 mil mensais para o governo estadual. "Como perderemos esse aluguel, uma das nossas metas é reabrir o hospital e poderemos utilizar o nome", conta Acerba.

Ela comenta que há planos de saúde interessados no prédio e que, se não for possível alugar para um deles, a própria Cruzada retomará a prestação de serviços de saúde que já exerceu no passado.

"Administrávamos o hospital até 1989 e depois nos especializamos em creches. Não gostaríamos de reassumir porque é muito trabalhoso e já temos 33 creches, mas nada nos impede de retomar. Queremos manter o legado. Não vamos transformar em um prédio de escritórios ou vender para a construção de casas", afirma.

Nos próximos meses, a entidade realizará obras no edifício, como a construção de uma escada de emergência, e seu conselho analisará as diferentes opções.

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