PS de hospital que atende 670 mil pessoas na zona sul de SP fecha ao público em geral

Por causa de reforma, unidade municipal no Campo Limpo só recebe quem chega de ambulância; UPA vizinha é alternativa

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São Paulo

O fechamento repentino nesta quinta-feira (22) do pronto-socorro do Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, para o atendimento da população em geral surpreendeu pacientes e integrantes do conselho gestor de saúde da instituição.

Agora, só quem chega em ambulâncias é atendido no hospital público —uma corrente foi colocada na entrada, que é abaixada por um segurança quando se aproxima o veículo de socorro. Os demais pacientes são encaminhados para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) ao lado.

A Secretaria Municipal da Saúde afirma que mudanças ocorrem por causa de reformas que começaram a ser feitas na emergência na última terça (20).

Ambulância entra no Hospital Municipal do Campo Limpo; desde quinta (21), uma corrente impede a entrada de veículos comuns com pacientes - Zanone Fraissat - 18.mar.21/Folhapress

"Serão executadas obras de melhorias para proporcionar mais conforto no atendimento e acolhimento. Todos os pacientes que estavam no PS foram realocados para outros setores dentro da própria unidade", diz a pasta, em nota.

O conselheiro Anderson Dimas Pereira Lopes afirma que o conselho gestor do hospital só foi informado sobre a mudança algumas horas antes de ela acontecer, em uma reunião às 15h de quarta-feira (21), convocada dois dias antes por email.

A pasta da saúde confirma a reunião e diz que debateu as reformas e apresentou cronograma de obras. "Todos os integrantes do conselho foram convocados a participar do encontro", afirma trecho de nota da secretaria.

Lopes reclama que o conselho gestor não teve a oportunidade de opinar sobre a mudança. "Essa medida autoritária, unilateral, é um desrespeito, pois o conselho é deliberativo", diz.

O Hospital do Campo Limpo atende cerca de 670 mil pessoas da zona sul e é referência para casos de traumas provocados, entre outros, por acidentes de trânsito, domésticos e de trabalho.

"Até a última quarta-feira, a emergência sempre atendeu quem chegasse lá", afirma Lopes. "Era só entrar com o carro que vinha uma enfermeira fazer o pré-atendimento e o paciente já era colocado em uma maca ou cadeira de rodas."

Segundo Lopes, na quinta-feira, primeiro dia de mudança, o tempo de espera por atendimento na UPA, da qual ele também faz parte do conselho gestor, passou de três para até seis horas.

Apesar de o conselheiro dizer que até quarta-feira qualquer pessoa era atendida na emergência, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que o hospital é uma unidade referenciada para o acolhimento de pacientes encaminhados pela Crue (Central de Regulação de Urgência e Emergência), pelas UPAs, pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar (PM).

A UPA Campo Limpo é a porta de entrada para os atendimentos de demandas espontâneas, de acordo com a secretaria. "Na UPA é feito o acolhimento inicial e, se necessário, ocorre a transferência para o hospital de referência. Todos que procuram a unidade são atendidos", diz a pasta.

O conselheiro Anderson Lopes afirma que por causa da regulação um paciente pode ser transferido para outro hospital público, e não para o pronto-socorro na mesma calçada.

Sobre as obras, que não tiveram orçamento revelado e serão feitas com recursos do hospital, a prefeitura diz que ocorrerão de forma escalonada para que não haja interrupção no atendimento. A previsão é que a reforma seja concluída no primeiro semestre de 2023.

A prefeitura não informou se vai manter a corrente na porta do hospital quando as reformas terminarem.

O conselho gestor promete realizar protestos na porta do hospital a partir do dia 3 de outubro, após o primeiro turno das eleições.

Protestos na porta do hospital não são uma novidade. Em janeiro do ano passado, houve uma manifestação organizada pelo Sindsep-SP (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) por causa de cortes de funcionários no local. As demissões chegaram, inclusive ao pronto-socorro.

Ressonância

E outro problema apontado no Hospital Municipal do Campo Limpo é que aparelho de ressonância magnética, que atende cerca de 1,3 milhão de pessoas da zona sul, está quebrado há mais de dez dias —foram duas quebras em um mês, segundo o conselho gestor.

A secretaria diz que está sendo feita uma avaliação se a máquina terá conserto ou se será necessária a troca por um novo equipamento. "Momentaneamente os exames de ressonância têm sido realizados nos hospitais municipais Josanias Castanha Braga [Parelheiros], Gilson de Cássia Marques de Carvalho [Santa Catarina] e Professor Alípio Corrêa Netto, além de unidades estaduais", afirma a pasta.

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