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Estudo na USP vai testar Prep injetável para prevenção do HIV

Pesquisadores procuram voluntários para compor amostra da pesquisa; veja como participar

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São Paulo

Uma pesquisa internacional e com participação da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) vai testar uma nova forma de Prep (profilaxia pré-exposição) injetável para prevenção do HIV. A expectativa é que, com métodos diversos de proteção, seja mais fácil abarcar um maior número de pessoas que utilizam alguma forma de prevenção.

O Brasil já conta com o modelo de Prep em comprimido fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde. O dispositivo envolve tomar todo dia uma cápsula formada pelos antirretrovirais tenofovir e entricitabina, medicamentos eficazes contra o HIV.

Pílula do Truvada, usado no tratamento profilático contra o HIV - Dado Galdieri/The New York Times

Então, se alguém for exposto ao vírus, ele não conseguirá se replicar no organismo da pessoa. "A ideia é não deixar o vírus se multiplicar, porque, assim, o sistema imunológico consegue eliminá-lo", afirma Rico Vasconcelos, médico infectologista, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP e coordenador da pesquisa na universidade.

Estudos já demonstraram a eficácia do método. Um deles concluiu que a Prep reduziu em 95% a incidência do HIV em participantes com níveis sanguíneos detectáveis, ou seja, com adesão constante à prevenção.

No entanto, a necessidade de tomar diariamente o comprimido pode ser um impedimento para alguns usuários. "O desempenho da Prep em vida real não é igual em todos os grupos por causa da baixa adesão que algumas pessoas têm", diz Vasconcelos.

Veja o perfil dos participantes buscados pelos pesquisadores

  • Maiores de 18 anos

  • Vulneráveis ao HIV (com vida sexual ativa, por exemplo)

  • Pessoas que não usam Prep e desejam usar

  • Homens gays ou bi, pessoas não binárias ou trans

Por isso, o desenvolvimento de novas profilaxias preveníveis são importantes a fim de aumentar o leque de opções para a prevenção combinada, conceito de ter uma ampla gama de formas para evitar a infecção por HIV.

"Os melhores métodos de prevenção para cada um são aqueles que as pessoas escolhem e que a pessoa é capaz de utilizar de forma correta e constante", afirma.

Um caminho possível de melhorar a adesão à Prep são as versões injetáveis de antirretrovirais, já que demandam aplicações com maior espaço de tempo. O caso da pesquisa com participação da USP é baseado no antirretroviral lenacapavir, com uma injeção subcutânea a cada seis meses.

Veja três formas de obter mais informações sobre a pesquisa e se cadastrar como voluntário

Para o tratamento, o lenacapavir injetável já apresentou resultados positivos, entretanto não há evidências sobre os efeitos para prevenção do vírus —esse é o objetivo principal da nova pesquisa.

O estudo clínico é de fase 3, última etapa na pesquisa de novos fármacos. No momento, os pesquisadores estão no estágio de recrutamento de participantes. Ao todo, espera-se atingir um total de 3.000 voluntários.

HIV no Brasil

Vasconcelos explica que o Brasil, em comparação com outros países da América Latina, conta com um sistema mais estruturado de prevenção e tratamento do HIV. Mesmo assim, desafios ainda existem, como na desigualdade racial de acesso aos serviços de saúde.

"Entre mulheres e homens brancos, a gente tem uma taxa de detecção de novos casos e de óbito por Aids que cai a partir do tempo, isso não se repete entre negros. Isso mostra que temos uma desigualdade de acesso à saúde no Brasil com esse fator determinante racial", explica o pesquisador.

Além disso, a grande maioria dos usuários da Prep em comprimido são homens gays, brancos e com ensino superior. "É bom eles estarem tomando, mas isso também aponta a desigualdade social no acesso à saúde", completa.

O pesquisador também tem receios sobre a previsão de cortes de R$ 407 milhões para prevenção, controle e tratamento de HIV/AIDS e outras infecções. "Como é que vai ser o desempenho de um programa sucateado e sem dinheiro? Será que ainda seremos um país exemplo na América Latina? Tudo indica que não", conclui.

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