Qual o risco de a gripe aviária 'transbordar' e virar uma epidemia

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São Paulo

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Pelo menos 58 milhões de aves nos Estados Unidos morreram com o H5N1, mais de 3.500 leões-marinhos foram sacrificados na América do Sul e outras 6.500 aves selvagens tiveram o vírus detectado no organismo.

Estamos falando da gripe aviária, uma doença que tem como principal hospedeiro as aves, tanto de criação quanto selvagens, provocada pelo vírus influenza.

A passagem para humanos ainda não parece ter ocorrido de maneira generalizada, embora dois casos reportados no Camboja geraram alerta para a possibilidade de spillover.

O que é o spillover (ou transbordamento): o fenômeno de passagem de doenças zoonóticas, como infecções virais ou bacterianas, de outras espécies de animais para humanos.

  • Ele ocorre quando um patógeno consegue driblar as barreiras biológicas e infectar células de outros grupos animais;

  • Condições sociais (como contato próximo a animais infectados) e ambientais (como a degradação de habitats naturais) aumentam os riscos de transbordamento.

O transbordamento no passado provocou algumas das maiores epidemias conhecidas da história humana, e muitas das zoonoses (nome dado às doenças de origem animal) agora fazem parte do rol de doenças infecciosas de importância médica, como HIV/Aids, ebola e a própria Covid-19.

Agentes sanitártios recolhem animal morto com o vírus H5N1 na praia de San Pedro, no sul do Peru
Agentes sanitártios recolhem animal morto com o vírus H5N1 na praia de San Pedro, no sul do Peru - Xinhua/Mariana Bazo

Até o momento, uma menina de 11 anos que morreu e um membro próximo de sua família foram os únicos relatos da nova cepa de H5N1 em humanos.

As autoridades de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), porém, não descartam a possibilidade de uma nova epidemia. Alguns pontos ainda carecem de investigação:

  • O H5N1 não parece ser transmitido de animais de criação diretamente para humanos, sendo necessário um hospedeiro intermediário;

  • Os casos reportados em humanos apresentavam uma mutação do vírus presente nas aves;

  • Além da transmissão aérea, a gripe aviária pode ser transmitida pelo manuseio de animais mortos; por isso, é importante ter cuidado ao mexer em carcaças ou animais abatidos.

Especialistas chamam a atenção para o fato que a próxima epidemia, qualquer que seja ela, deve ocorrer de uma zoonose e, muito provavelmente, de um vírus. Estima-se que mais de três quartos de todos os vírus no mundo podem ter a possibilidade de spillover, embora os cientistas conheçam menos de 0,001% deles.

Em todo caso, três grandes produtoras de vacinas, a GSK, a Moderna e a CSL Seqirus, já estão produzindo doses do imunizante capaz de proteger humanos contra a gripe aviária.

ciência para viver melhor

  • A imunização de gestantes com a vacina DTPa (difteria, tétano e pertussis acelular) reduziu a ocorrência de casos de pertussis (também conhecida como coqueluche) de maneira significativa em bebês de até dois meses, segundo uma pesquisa com mais de 47 mil casos da doença analisados de 2000 a 2019 nos EUA. A incidência anual de coqueluche em bebês de até um ano era de 165 casos por cem mil crianças antes da vacinação; com o imunizante, houve queda para menos de 15 casos a cada cem mil crianças.
  • Um estudo publicado na revista The Lancet por cientistas do Reino Unido apontou que ter uma infecção respiratória na infância traz um risco duas vezes maior nos adultos de morrer por doenças respiratórias após os 73 anos. De acordo com a pesquisa, crianças que tiveram bronquite ou pneumonia nos dois primeiros anos de vida tiveram um risco 93% maior de morte prematura por problemas respiratórios em comparação às que não apresentaram a condição.
  • Em uma publicação no periódico científico New England Journal of Medicine, pesquisadores da Rede Global de Vírus elencaram propostas para erradicar a poliomielite no mundo. De acordo com os autores, os recentes casos notificados em Nova York e o poliovírus encontrado no sistema de esgoto de Londres trazem um alerta para novos surtos da doença. Eles sugerem que a vacina inativada contra o vírus, usada atualmente como esquema de reforço após a vacinação oral (atenuada), substitua a vacina da gotinha (oral) para garantir alta cobertura vacinal e imunidade coletiva na próxima década.
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