Saiba como proteger as crianças contra doenças respiratórias no outono e no inverno

Especialistas alertam para o risco de bronquiolite, causada pelo vírus sincicial

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São Paulo

Os dias mais frios e secos do outono e inverno acendem alerta para o aumento da circulação dos vírus causadores da bronquiolite, gripe, pneumonia e outras doenças respiratórias. Os bebês e as crianças são alvos frágeis.

Destacam-se o VSR (vírus sincicial respiratório), o influenza, parainfluenza, bocavírus humano, vírus metapneumônico, adenovírus e o rinovírus.

Para as crianças, especialistas apontam o VSR, causador da bronquiolite, como um dos mais perigosos.

Na foto, mãe segura o bebê que está internado em enfermaria com bronquiolite causada por vírus sincicial respiratório, no hospital Sabará Infantil, em São Paulo
O vírus sincicial respiratório é um dos principais agentes causadores de hospitalizações por bronquiolite em bebês de até um ano - Rubens Cavallari - 11.dez.22/Folhapress

"Embora para o VSR ainda não tenhamos vacina disponível, levar às crianças para tomar as vacinas contra a gripe e a Covid-19 reduz a chance de problemas respiratórios por esses outros vírus que também são perigosos. Isso diminui a própria exposição das nossas crianças ao sincicial nos hospitais e postos de saúde", ressaltou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

O que é a bronquiolite

A bronquiolite é causada principalmente pelo VSR e acomete com mais frequência os bebês —em especial, os menores de um ano—, além das crianças pequenas, afirma a pediatra Ana Escobar, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP.

"Em vários hospitais, predominam as internações de bebês com bronquiolite [inflamação aguda dos bronquíolos, responsáveis por conduzir o ar dentro dos pulmões]", relata a especialista.

Os principais sintomas são coriza, tosse, febre —pode ser baixa—, falta de ar e chiado ao respirar. "A característica principal é que o bebê cansa para respirar, fica chiando. É como se tivesse uma asma. O vírus inflama os bronquíolos e o ar não passa. Ele fica com a oxigenação muito baixa e maior dificuldade para respirar", explica Escobar.

O período crítico bronquiolite ocorre entre o quinto e sétimo dia, mas pode vir mais cedo. "Crianças com dificuldade respiratória precoce na evolução da doença possuem alto risco de desenvolverem insuficiência respiratória quando alcançarem o pico", conforme explica o infectologista e pediatra Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Paulista de Pediatria e coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Otsuka lembra que as crianças com problema cardíaco, pulmonar pregresso ou que nasceram prematuras, abaixo de 28 semanas, por exemplo, entram no protocolo do Ministério da Saúde para receberem o palivizumabe.

O medicamento, fabricado pela AstraZeneca, impede o desenvolvimento da infecção pelo VSR. "São cinco doses, uma por mês. Elas devem sair da maternidade com a medicação aplicada. Quem puder, é melhor", reforça o infectologista pediátrico.

O palivizumabe é destinado apenas para uso hospitalar. No Brasil, está disponível no SUS e tem cobertura obrigatória pelos planos de saúde.

Como proteger contra as doenças respiratórias

  • Mantenha a carteirinha de vacinação em dia.
  • Aleitamento materno, principalmente antes dos seis meses e até quando for possível.
  • Hidratação e alimentação saudável com frutas, legumes e verduras, para fortalecer o sistema imunológico.
  • Sono: as crianças devem dormir 8 horas por dia e os adolescentes, 9 horas. Para manter o bem-estar, eles precisam dormir um pouco mais. Os adolescentes ficam acordados e nas telas até muito tarde. A privação do sono pode causar infecções, de acordo com Escobar.
  • Ambientes arejados: vale para qualquer lugar, inclusive nas escolas e creches. "Não mandem os filhos doentes para a escola. Na sala de aula, os professores devem ficar atento a sintomas respiratórios, como espirro e tosse, além de febre. O ideal é tirar o aluno da sala e chamar os pais", orienta Escobar.
  • Incentive a higiene das mãos e a respiratória, com a limpeza das vias aéreas. Nos pequenos, cuidado com o compartilhamento dos brinquedos.
  • Evite o contato com a criança enquanto estiver doente. "Um resfriado simples para mim pode ser grave para ela. O senso de coletivo, de higiene, de proteção ambiental a partir do momento que temos alguém doente, e o conceito de proteger as crianças contra a infecção são fundamentais", diz Otsuka.
  • A máscara diminui a chance de ter qualquer doença respiratória. Quem está com sintomas gripais deve usá-la se precisar ter contato com outras pessoas.

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