Hospitais de SP veem aumento de internações de crianças com doenças respiratórias

61 de 79 unidades privadas na capital e no interior registraram mais casos, segundo levantamento

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São Paulo

Especialistas afirmam que o outono e o inverno são as piores estações para quem é suscetível e convive com doenças respiratórias. Com os pequenos não é diferente.

Pesquisa do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) mostrou que 77% dos hospitais privados paulistas apontaram aumento de internação de crianças com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) nos últimos 15 dias.

O levantamento, realizado de 12 a 22 de junho, contemplou 79 hospitais privados —26 da capital e 53 do interior— e não considera os casos relacionados à Covid-19.

Movimento no Hospital Infantil Cândido Fontoura, na zona leste da capital paulista
Movimento no Hospital Infantil Cândido Fontoura, na zona leste da capital paulista - Rubens Cavallari - 06.jan.2022/Folhapress

Em relação às internações em leito de enfermaria, 75% dos hospitais apontaram crescimento de 21% a 39% nos últimos 15 dias; 89% disseram que o tempo médio de hospitalização é de cinco a dez dias.

Nos leitos de UTI, 82% dos hospitais relataram aumento abaixo de 20%, com tempo médio de internação de cinco a dez dias para 92% das unidades.

"A impressão que se tem é que as crianças ficam mais tempo doentes e mais severamente acometidas. A média de internação por doenças respiratórias era de 3, 4 ou 5 dias. Agora é maior", afirma Cid Pinheiro, coordenador da pediatria do Hospital São Luiz do Morumbi. Lá, de janeiro a maio deste ano, houve um aumento de 250% no número de atendimentos no pronto-socorro, com pelo menos dois terços dos casos ligados a doenças respiratórias.

No São Luiz, prevalece o VSR (vírus sincicial respiratório), principal causador da bronquiolite em crianças.

No Sabará Hospital Infantil, infecção aguda das vias aéreas superiores, bronquite, bronquiolite e nasofaringite foram os diagnósticos respiratórios mais frequentes nos 20 primeiros dias de maio e junho.

Em relação às internações, a bronquiolite foi a causa mais frequente, respondendo por 9,17% do total de pacientes nas primeiras semanas de junho. Em seguida vêm pneumonia (8,04%), bronquite (5,78%) e asma (2,26%).

Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, gerente médico e infectologista do Sabará, afirma que, além do VSR, outros vírus se revezam, como parainfluenza, metapneumovírus, rinovírus e adenovírus. "Há uns dois meses estamos com a circulação alta do influenza", diz.

O último boletim InfoGripe da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também apontou um volume expressivo de internações por SRAG, com destaque para o VSR.

"Os estados do centro-sul mantiveram semana a semana um aumento das internações desse público e agora apresentam sinais de reversão da tendência. São Paulo está nesse conjunto e começa a diminuir os casos. No Norte e Nordeste, ainda há um aumento de novos casos semanais, com prevalência do VSR", ressalta o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

14,5 mil casos em menores de 10 anos

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, de janeiro a junho deste ano, foram notificados 14.539 casos de SRAG —exceto Covid-19—, em crianças menores de dez anos. Desses, 688 ocorreram até o dia 22 de junho. Em todo o mês de junho do ano passado, houve 2.831 confirmações de SRAG nessa faixa etária.

De 1º a 20 de maio, dos 4.652 atendimentos feitos pelo Hospital Infantil Cândido Fontoura, na Mooca, zona leste, 2.225 (48%) referiram-se a problemas respiratórios. No mesmo período de junho, o hospital atendeu 3.991 pacientes, sendo 1.807 (45%) com queixas respiratórias.

Quanto às hospitalizações, 95 crianças foram internadas na unidade nos primeiros 20 dias de maio e 79, de 1º a 20 de junho. Em maio, a taxa de ocupação de leitos por problemas respiratórios foi de 94% na enfermaria e de 86% na UTI. Neste mês, chegou a 95% na enfermaria e a 64,5% na UTI.

O Hospital Infantil Darcy Vargas, no Morumbi, zona oeste, também registrou expressiva procura por atendimento por infecções respiratórias. Lá, o pronto-socorro tem índices de 90% de processos infecciosos associados a doenças já existentes —50% de origem respiratória.

Capital tem 11,1 casos de SRAG por dia

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, a ocupação de leitos municipais de UTIs pediátricas por doenças respiratórias, nesta quinta-feira (22), estava em 41%. A ocupação é dinâmica e pode variar ao longo do dia.

Dados da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) mostram que, entre 1º e 20 de maio, houve 376 notificações de SRAG em crianças de até 11 anos em todos os hospitais da capital, uma média de 18,8 casos por dia. Nos primeiros 20 dias deste mês, ocorreram 222 notificações —cerca de 11,1 casos por dia.

Como proteger as crianças

O tempo frio, a queda na umidade e o aumento dos índices de poluição favorecem processos inflamatórios no sistema respiratório e deixam o organismo mais suscetível às infecções virais e bactérias. Além disso, há questões como a sazonalidade natural dos vírus, em alta de março a agosto.

A primeira proteção é a vacina, segundo o infectologista do Sabará. "Existem vacinas contra o coronavírus, influenza e outros microrganismos comuns no inverno, como o pneumococo, bactéria que causa pneumonia. São doenças que têm risco maior de aparecerem durante o período mais frio do ano, em especial no Sul e Sudeste", orienta. As vacinas estão disponíveis na rede pública.

Outras dicas importantes:

  • Não expor crianças pequenas ou com condições de risco a aglomerações; bebês menores de seis meses são os mais suscetíveis à gravidade das infecções respiratórias
  • Adotar o isolamento social em caso de sintomas respiratórios
  • Manter os ambientes ventilados
  • Praticar atividade física ao ar livre
  • Higienizar as mãos
  • Seguir os protocolos de tosse e espirro, cobrindo nariz e boca
  • Usar máscara facial
  • Reforçar a hidratação
  • Manter a casa sem poeira
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