Informação é a melhor arma para combater a febre maculosa, diz pesquisador

Claudio Maierovitch ressalta ainda necessidade de protocolo para atendimento de casos suspeitos e antibióticos

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São Paulo

Informar a população e os profissionais de saúde é a melhor forma de combater a febre maculosa, diz o médico sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fiocruz e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). A doença matou quatro pessoas nos últimos dias.

Esse também tem sido o discurso da Prefeitura de Campinas, onde ocorreram as mortes. O município do interior paulista anunciou uma série de medidas para ampliar o conhecimento sobre a doença, incluindo a obrigatoriedade de cartazes, faixas ou placas em áreas de risco. "É preciso que as informações sejam qualificadas e claras para que as pessoas entendam", ressalta Maierovitch.

Cartaz alerta para risco de febre maculosa no Parque Taquaral, em Campinas, interior paulista
Cartaz alerta para risco de febre maculosa no Parque Taquaral, em Campinas, interior paulista - Rubens Cavallari/Folhapress

O ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) destaca ainda a necessidade de expandir as orientações acerca de prevenção e sintomas para os municípios próximos, uma vez que o fluxo de pessoas na região é intenso.

Na quarta (14), a Secretaria de Estado da Saúde emitiu um alerta sobre a doença, apontando as regiões de Campinas, Piracicaba, Assis e Sorocaba como aquelas com maior frequência de casos.

Em relação aos profissionais de saúde, Maierovitch afirma que poucos veem casos da doença ao longo da carreira, então não perguntam ao paciente se esteve em áreas de risco nem associam os sintomas —febre alta, dor no corpo e na cabeça, prostração, perda de apetite, náuseas, vômitos e aparecimento de manchas avermelhadas— ao quadro. Eles suspeitam de dengue, por exemplo, e com isso o início do tratamento ideal é postergado.

Para diminuir o problema, a gestão de Campinas anunciou uma capacitação sobre febre maculosa para os profissionais de saúde. Mas não basta treinar. "É importante que não seja apenas comunicação, mas sim que haja um protocolo de conhecimento de todos para a indicação do tratamento em caso de suspeita de febre maculosa, e que os recursos estejam disponíveis, particularmente os antibióticos indicados para a doença", defende o pesquisador.

Quanto aos cuidados com as áreas verdes utilizadas para realização de eventos, ele menciona a necessidade de separações para que pessoas e animais não circulem pelos mesmos lugares. Capinar o terreno e checar se há aglomerados de carrapatos nos arbustos também são medidas de prevenção.

A administração campineira informou que a Fazenda Santa Margarida, onde as vítimas da doença estiveram, só poderá promover novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação e deverá construir caminhos para os frequentadores percorrerem no local. O espaço deverá receber uma visita de técnicos do Departamento de Vigilância em Saúde nos próximos dias.

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