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Alzheimer: Remédios que retardam a progressão são nova esperança?

Edição da newsletter Cuide-se mostra o que ciência diz sobre avanços na doença

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São Paulo

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Recentemente, duas novas drogas diminuíram a progressão do Alzheimer e animaram médicos e pacientes. Apesar de promissoras, as terapias possuem efeitos adversos, não são indicadas para todos e ainda não chegaram no Brasil.

Na edição de hoje, falo dos avanços na busca por tratamento e diagnóstico precoce da doença.

Médico aponta para resultado de exame de paciente com Alzheimer em hospital em Boston, nos EUA
Médico aponta para resultado de exame de paciente com Alzheimer em hospital em Boston, nos EUA - Brian Snyder - 30.mar.23/Reuters

Novas drogas contra o Alzheimer

Nas últimas semanas, tivemos conhecimento de avanços no tratamento de Alzheimer. O primeiro anúncio foi no início de julho, com a aprovação pela FDA (agência americana de drogas e alimentos) da segunda droga para tratamento precoce de Alzheimer, o lecanemab (comercializado pelo nome Leqembi), da farmacêutica Biogen. O lecanemab reduziu em até 27% a progressão de Alzheimer.

No dia 17 deste mês, a Eli Lilly anunciou resultados surpreendentes de seu estudo clínico global com a droga donanemabe, que ajudou a retardar o declínio cognitivo em cerca de metade (47%) dos pacientes com sintomas iniciais de Alzheimer. Ele também auxiliou a reduzir a evolução de perda cognitiva em até 60% naqueles que já tinham algum declínio cognitivo.

Apesar de animadores, os dois anúncios devem ser olhados com cautela. Ainda são medicamentos caros, carecem de aprovação em muitos países e são mais indicados para pacientes nas fases iniciais da doença com diagnóstico por imagem. Explico melhor abaixo.

A nova droga que 'interrompe' evolução do Alzheimer - Getty Images

Vamos começar com o lecanemab. Os estudos apontaram uma redução de 27% na progressão da doença em participantes de 50 a 90 anos que receberam injeções quinzenais da droga.

Sim, mas…Existem ainda vários pontos que devem ser avaliados antes do uso do medicamento. Um deles é que foram verificados alguns efeitos adversos graves, como edemas (inchaço) e hemorragias cerebrais nos pacientes no estudo.

Outro ponto, segundo me explicou a professora de geriatria da USP, Claudia Suemoto, é que o lecanemab é indicado para pacientes em fase inicial, com verificação de acúmulo de placas de beta amilóide por exame de PET-amiloide, algo que não é acessível (e nem indicado) para todos.

Já o donanemabe, da Eli Lilly, conseguiu remover esse acúmulo das placas de beta amilóide independentemente do estágio da doença, diminuindo assim a perda cognitiva.

Só que, apesar dos dois medicamentos terem se mostrado eficazes na remoção do acúmulo de amilóide no cérebro, os benefícios para a qualidade de vida do paciente —isto é, o quanto isso significa de fato uma evolução do quadro— ainda são desconhecidos.

Por isso, apesar de promissoras, as terapias não são consideradas uma bala de prata. É como me disse o neurologista do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein, Ivan Okamoto: "não é a última esperança ou a solução definitiva".

O médico reforça que a expectativa gerada por essas novas terapias pode causar uma piora no estado emocional de pacientes que ainda não têm acesso a elas. E não custa lembrar que elas ainda não têm previsão de uso no Brasil.

Diagnóstico de Alzheimer não é o fim

Nos últimos anos, novos exames de imagem e de sangue têm aj udado a identificar sinais do Alzheimer precoce antes mesmo do surgimento de sintomas.

Vale a pena? Há um debate entre os especialistas sobre o quão válido é ter um diagnóstico precoce de Alzheimer, muito antes mesmo do aparecimento dos sintomas.

  • Um quarto (25%) dos pacientes com lesões cerebrais associadas ao Alzheimer ou demência morreram sem nenhum sintoma;

  • Além disso, a ansiedade gerada pelo diagnóstico precoce pode ser ainda mais prejudicial.

"Às vezes pode levar 20 a 30 anos para surgirem os sinais", afirma a professora Suemoto, da USP, que coordena o Banco de Cérebros da universidade.

Um exemplo recente é o do cantor Tony Bennett, que faleceu no último dia 21, aos 96 anos. Ele recebeu o diagnóstico de Alzheimer em 2016, mas o anúncio só veio a público em 2021.

Ativo, ele continuou cantando e fez sua última apresentação naquele ano com a cantora Lady Gaga. A sua sobrevida foi de aproximadamente sete anos, e a causa da morte ainda não foi esclarecida.


CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e bem-estar

  • Pesquisa identifica genes associados a Covid longa. As sequelas podem ter um componente genético, de acordo com uma pesquisa finlandesa publicada no início de julho. O estudo observou uma associação entre o gene Foxp4, também ligado ao maior risco de agravamento da Covid na fase aguda, e o aparecimento de sequelas após três meses da infecção inicial.

  • Oito hábitos que vão prolongar sua vida em anos. São eles: ser ativo fisicamente, não ter vício em opióides, não fumar, controlar o estresse, ter uma dieta equilibrada, não beber em excesso, ter uma boa higiene do sono e boas relações sociais. Segundo um estudo apresentado no encontro anual de nutrição americano (Nutrition), esses hábitos podem prolongar a sua vida em 21 anos, no caso das mulheres, e em até 24 anos, no caso dos homens.

  • Má nutrição na gestação aumenta a incidência de diabetes. Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia da Áustria viu que a falta de uma alimentação adequada durante a gestação eleva a incidência de diabetes na vida adulta.

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