Decisão de agência dos EUA amplia acesso a novo tratamento contra Alzheimer

Medicamento se mostrou seguro e eficaz para pacientes com doença, segundo FDA

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São Paulo

A FDA (agência que regulamenta e fiscaliza alimentos e remédios nos EUA) concedeu nesta quinta-feira (6) autorização total para o uso da droga lecanemab, comercializada como Leqembi, para tratamento do Alzheimer.

Em janeiro deste ano, a agência já havia liberado a utilização do medicamento, voltado à redução do declínio cognitivo em pacientes que não atingiram um estágio avançado da doença. Na ocasião, foi destacado que droga também traz riscos de inchaço e sangramento no cérebro.

A análise de estudos adicionais permitiu, nesta quinta, a ampliação do acesso ao remédio nos Estados Unidos.

Administrado por via intravenosa, o Leqembi foi desenvolvido pela farmacêutica japonesa Eisai em conjunto com a americana Biogen. Seu preço foi fixado em US$ 26,5 mil (R$ 130 mil) ao ano por paciente.

Médico aponta parae resultado de exame de paciente com Alzheimer em hospital em Boston, nos EUA
Médico aponta para resultado de exame de paciente com Alzheimer em hospital em Boston, nos EUA - Brian Snyder - 30.mar.23/Reuters

O sistema de cobertura de saúde federal Medicare, destinado a pessoas com mais de 65 anos, só cobria o custo do medicamento se ele fosse administrado em testes clínicos, o que limitava o acesso.

Com a autorização total da FDA, ele passará a ser amplamente coberto, ressaltou Chiquita Brooks-LaSure, diretora da agência que administra o Medicare.

"Essa é uma grande notícia para milhões de pessoas em todo o país que vivem com essa doença debilitante e suas famílias", comemorou ela.

Pacientes ainda terão de arcar com 20% do custo do remédio, segundo o comunicado da FDA.

Teresa Buracchio, diretora interina do Escritório de Neurociência no Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, afirmou que o fármaco é o primeiro mostrar benefício clínico contra o Alzheimer. Um estudo, acrescentou ela, confirmou a eficácia e segurança do tratamento.

A pesquisa em questão contou com 1.795 pacientes com Alzheimer em estágio inicial. Eles foram divididos de forma aleatória em dois grupos.

Um vez a cada duas semana, os integrantes de um grupo receberam o medicamento real, e os de outro tomaram placebo (sem efeito) —eles desconheciam qual dos dois itens consumiam.

De forma geral, o Leqembi apresentou efeito positivo para reduzir a evolução da doença, de acordo com a FDA. O resultado da pesquisa foi validado por um comitê consultivo no mês passado.

"As pessoas com a doença merecem ter a oportunidade de discutir e decidir, com seu médico e sua família, se o tratamento é adequado para elas", disse a presidente da associação de pacientes Alzheimer Association, Joanne Pike.

O rótulo do Leqembi indica que seu uso se restringe a pacientes nos estágios inicial e leve da doença de Alzheimer. Também instrui médicos a não tratá-los sem fazer testes para confirmar se eles têm uma das características principais da doença: o acúmulo da proteína amiloide, alvo do remédio.

Estima-se que cerca de 1,5 milhão dos 6 milhões de pessoas com Alzheimer nos Estados Unidos estejam nas fases iniciais da doença, com diagnóstico de comprometimento cognitivo leve ou em estágio inicial.

Outro tratamento contra a doença desenvolvido pela Esai e Biogen, o Aduhelm, foi o primeiro a ser aprovado pela FDA sob um processo acelerado. Entretanto, essa decisão foi criticada por especialistas, devido à falta de provas sobre a sua eficácia.

O grupo farmacêutico americano Eli Lilly também desenvolve um tratamento contra o Alzheimer que atua nas placas amiloides que mostrou redução do declínio cognitivo.

Com AFP

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