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Ofertar benefícios para doação de sangue não é aconselhado; entenda

Ato de doar deve ser voluntário e altruísta; bonificações podem ferir esse princípio

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São Paulo

Nos últimos dias, o Hemorio, que coordena a rede do hemocentro no Rio de Janeiro, divulgou uma parceria com a cantora Ludmilla para incentivar o gesto de doar sangue. Entre os dias 5 e 7 de julho, ingressos para o evento da cantora Numanice serão distribuídos gratuitamente para aqueles que comparecerem aos pontos de doação oficiais do Hemorio.

O órgão divulgou em seu Twitter oficial as regras para a campanha. Uma delas é comunicar que a doação é feita "em nome da campanha Ludmilla Numanice".

Fãs de Ludmilla lotam unidades do Hemorio em campanha que troca doação de sangue por ingresso
Fãs de Ludmilla lotam unidades do Hemorio em campanha que troca doação de sangue por ingresso - Adão/AgNews

A campanha pode gerar dúvidas porque a oferta de benefícios a doadores de sangue é desaconselhada. No entanto, o Hemorio informou à Folha que este não é o caso da ação com a cantora Ludmilla.

Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o benefício de ganhar o ingresso é feito para qualquer pessoa que for a um posto de coleta de sangue, independentemente se o indivíduo doar ou não o sangue. Dessa forma, continua a assessoria, o recebimento do ingresso tem relação com a intenção da pessoa, não necessariamente com a doação em si.

Uma nota técnica de 2019 publicada pelo Ministério da Saúde aborda o tópico de oferecer benefícios para doadores de sangue. O documento aponta que essas ações são desaconselhadas por causa dos "princípios éticos que norteiam a doação de órgãos, tecidos e células humanas e a proteção à saúde dos receptores de sangue".

Isso porque, para a doação de sangue, é necessário seguir parâmetros de saúde a fim de garantir a segurança de quem vai receber. A nota técnica explica que, além de testes clínicos, a pessoa que deseja doar sangue precisa responder a perguntas para evitar potenciais riscos à saúde do receptor da doação. Por isso, se alguém estiver interessado no benefício que pode ganhar com o ato, pode responder de forma incorreta às questões durante a entrevista com os profissionais de saúde.

O documento do ministério também aponta que o ato de oferecer bonificações é contrário ao objetivo de construir uma sociedade que enxergue a doação de sangue de forma voluntária. A pasta aconselha a construção de ações educativas para "desenvolver o altruísmo do doador de sangue, sensibilizando a população para a compreensão de que o ato de doar sangue é essencial para a promoção da saúde da população".

Outro ponto citado no documento é que a própria legislação brasileira proíbe a comercialização de sangue. Na Constituição de 1988, por exemplo, é vetada qualquer venda de bolsas de sangue coletadas. A norma segue os parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT).

A nota finaliza reiterando que a oferta de benefícios não é indicada em contextos de doação de sangue. Isso porque as bonificações são "contrárias ao princípio fundamental da doação de sangue, o altruísmo".

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